segunda-feira, 4 de junho de 2007

Revolução

Uma das definições da palavra revolução no Dicionário da Porto Editora é: insurreição destinada a modificar a política ou as instituições de um Estado. Existem revoluções famosas, outras nem por isso. Hoje, fazem 18 anos que em Tiananmen (Paz Celestial) o mundo viu a falta de democracia que se vivia (e vive) na China. Nós tivemos os cravos e a liberdade de pensar.
Modificar a política ou as instituições de um Estado. Faz-me pensar. Viver num país onde tudo corre mal, onde uns lutam para sobreviver e outros enchem os bolsos com o trabalho dos anteriores. Onde os impostos sobem, as taxas de juro sobem, o desemprego sobe, os salários não sobem, as carreiras estão congeladas, a Ota é boa, a margem sul é um deserto, o Tribunal de contas diz que desapareceram milhões para o bolso do estado, pessoas são dispensadas por expressarem a sua opinião…podia continuar horas…palavras que nada de novo trazem.
A culpa? O estado. O ensino. A vida. O dinheiro. A Europa. O povo. O povo, sem dúvida. O povo que aceita todos os dias este velório sem reclamar. O povo que nada fez quando nos roubaram direitos essenciais a um país dito democrático. O povo…que reclama, mas nada faz para mudar o rumo das coisas.
E quando o velório der lugar ao enterro? Será que aí percebem que a sua inércia motivou cada pá de areia que enterra o país?
Revolução. Modificar a política ou as instituições de um Estado. Antes que os cravos murchem de vez.

24 comentários:

Teresa disse...

Os cravos murcharam há muito, aliás foram só uma bela ilusão.

Nada pode pagar a liberdade de expressão que o 25 de Abril trouxe, mas quanto disparate se tem feito e continuará a fazer-se!

Somos um país estranho. Basta reler Eça de Queiroz para ver como nada mudou. às vezes nem sei bem por que raio tenho tanto orgulho em ser portuguesa.

Um beijo.

maria cunha disse...

eu venho de uma família que sempre me ensinou a dar valor à liberdade... de opção, de expressão... mas que me ensinou também que a minha liberdade acaba onde a dos outros começa...
em Portugal falta esta noção de respeito... por isso enquanto uns se vão matando a trabalhar outros sentam-se à sombra da bananeira a arrecadar...
e para uma sociedade destas não há fórmula de revolução que resista... a cultura do Chico Esperto que perdura...

obrigada novamente por me pores a pensar...

beijo

Eskisito disse...

Teresa:
Quando uso o exemplo dos cravos é simplesmente para falar de um povo que teve uma coragem que agora lhe falta.
E, tens razão...Eça é que a sabia toda...ainda hoje é igual.
Beijos

Maria Cunha:
O chicoespertismo tuga é sem dúvida um dos seus grandes males. Reclamar, mas sem dar a cara. Por isso as greves falham...
E muito obrigado pelo elogio final...maior que qualquer prémio!
Beijos

Diabba disse...

Estamos num país estranho, com um povo estranho que por razões que desconheço, deixou de reagir!

Fazem o que a televisão manda fazer!

Assim sendo, só tens que convencer um canal de televisão a incitar à Revolução! Repara no caso da Maddie, criança inglesa, que levou grande parte dos peregrinos de Fátima a empunharem cartazes com a foto da criança.

O povo não pensa, pensa que pensa mas, só pensa o que a televisão lhe disser para pensar!

beijo enxofrado

Eskisito disse...

Diabba
Tens razão...é um povo de consumo fácil, que faz o que lhes dizem...ainda mais gravoso é o exemplo dos Morangos com Açúcar...os miúdos pensam mesmo que a vida é assim...e muito mais tarde, percebem que não, mas é tarde demais.
Beijos

Teresa disse...

Um pequeno reparo:
Todos os povos são de sonsumo fácil, não é muito difícil dirigi-los. Pena é que não apareça ninguém a dirigi-los em boa direcção.

Eskisito disse...

Teresa:
Essa é que é essa. Precisamos de um líder que parta das nossas fileiras, para que saiba em que direcção o barco deve rumar.
Beijos

caditonuno disse...

se deres liberdade e espaço a ti próprio, és dono de pleo menos uma parte do teu mundo.

hmocc disse...

O mais interessante da revolução dos cravos foi a intervenção de Henry Kissinger. Ao que parece, sem a "benção" dos americanos não teria havido nem cravos nem papoilas para ninguém.

Qual revolução, qual carapuça. Pão e Circo, meus amigos, Pão e Circo.

Eskisito disse...

caditonuno:
o problema é que o meu mundo não é auto-suficiente. Por isso, a parte que interessa é a parte que necessita de mudar.
Um abraço

hmocc:
Nem mais...resultou em Roma...porque não aqui? Mas, deste-me uma ideia...pedir ao Bush...hummmm...
Um abraço

Nuno da Alice disse...

Dá pra juntar um belo de um coirato a esse pão que vocês tão prái a falar?
Obrigado.
Só assim um coiratinho, sem cabelo claro, assim pequenino, pequenino hummm ca bom chlép!

Eskisito disse...

nuno da alice:
AHHHH! O belo do coirato com pêlo. Isso sim, o verdadeiro petisco.
Ok, fica pão, o coirato e circo.
Um abraço

Dina disse...

Engraçado, no regresso a casa vim a ouvir o programa da RR entre as 0he as 2h. Todos os dias tem um tema e hoje falava-se deste país, do que somos, do que fazemos ou não...enfim os temas abordados pelos ouvintes foram exactamente estes que tu aqui abordaste.
Ouvi pais descontentes por numa simples folha A4 se tomar uma decisão que vai condicionar o futuro escolar dos seus filhos sem sequer terem (governo) ouvido a autarquia e os pais,ouvi gente queixar-se da saúde e do mau funcionamento de coisas tão simples como emitir um cartão de utente...
Como dizia Fernando Pessoa..."somos um pais de provincianos"!!
Hoje isto está "azedo" e não me posso alongar muito porque sem correr o risco de fazer o que a maior parte de nós faz nestes casos..."descarregar" no primeiro que nos aparece pela frente mas sempre na pessoa e no sítio errado.
Beijinhos!

Cruxe disse...

E tanta falta que fazia uma revoluçãozita. Nem que seja para mostrar aos políticos que o seu "poleiro" não está tão seguro assim e que o povo (quando quer) é mesmo quem mais ordena.

Eskisito disse...

Dina:
Chateia-me saber que andas de mau humor...ainda por cima, estes temas que abordo não te devem animar muito.
Mas, se quiseres descarregar, estás à vontade...o meu canto serve para isso mesmo.
Beijos

Eskisito disse...

Cruxe:
Não que eu esteja a incentivar a revolução. Incentivo sim isso mesmo que disseste: o povo mostrar que ainda está atento, vivo e que é um povo que merece mudar.
Um abraço

hmocc disse...

Esk,

Dantes era a ideologia e o dinheiro que os movia hoje é apenas o dinheiro. E aí não há pitroil nem diamonds como em Angola.

Mas o Zé Povinho gosta é da novelinha e do futebol. E eu não os censuro, afinal, quando a vida é um treta, também é preciso um escape.

E uma revolução (ou uma reforma) dá muito trabalho e chatice. Mais vale estar quieto e aguentar este purgatório até ao fim.

Graça disse...

Viva ao comunismo

Rita disse...

Pois é, isto só lá vai mesmo é com uma revolução, porque as eleições como estamos fartos de ver e rever são sempre a mesma coisa, muda a cor mas os galos no poleiro fazem sempre o mesmo. Precisamos de alguém com pulso e que tome medidas drásticas (e impopulares claro!).
Sem isso não saímos da "cepa torta".
Jokas

Eskisito disse...

hmocc:
Daí eu querer apanhar o barco que sai deste porto. Porque não quero ficar à espera do fim.
Um abraço

benfiquista:
Não associo os cravos e o povo ao comunismo. Associo os cravos a um povo que falou alto e a uma voz. Indiferentemente da cor política.
Um abraço

Eskisito disse...

rita:
Um dos nós, do povo comum...ninguém nascido em berço de ouro como foram todos os anteriores. Alguém que sofra como nós, que saiba o que faz falta.
Talvez aí se veja uma diferença.
Beijos

hmocc disse...

O problema está em que se surgir alguém com pulso firme, passa logo a ser "ditador" e "fascista" para a maioria.

Mas como a maioria até elegeu o Salazar como o "Maior" de todos, tenho a sensação que no fundo, no fundo, o que os "tugas" querem mesmo é quem mande neles e lhes diga o que fazer e o que pensar, por isso de fazer e pensar pela própria cabeça dá uma grande "trabalhêra"...

Mariah disse...

Como diz o Eskisito, a solução passa por nós.
Precisamos acreditar que temos a capacidade de alterar esta realidade. O cravo é o símbolo da mudança de atitude, da renovação de valores sociais. E que é a sociedade senão um punhado de "eus"? é claro que se torna mais fácil apontar para fora de nós, mas temos de assumir que as mudanças passam por sacudirmos velhos conceitos entranhados, aparentemente seguros e imutáveis.
Os grandes passos na evolução social aconteceram sempre por insatisfação e revolta face ao sistema vigente.. se calhar, precisamos deste panorama para nos obrigarmos a mudar... deixar que uma lufada de ar fresco varre todo o lixo escondido.
Digo eu ...sei lá.
Beijitos!

Eskisito disse...

hmocc:
Acho que o problema é mesmo esse. Pensar dá trabalho...por isso é que se aceita cegamente tudo o que a classe política nos diz (impõe)
Um abraço

Mariah:
Teríamos muito lixo para varrer. Mas, depende mesmo de nós. Os "eus" que se têm de afirmar como tal.
Um abraço