quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma carreira de futuro

Um dos muitos blogs que versam a temática educação dizia o seguinte num destes dias:

"Em reunião do Ministério com Directores de Agrupamentos daqui do centro, o Ministério anunciou que está a preparar as seguintes medidas:
- Todos os cargos passam para a componente não-lectiva, incluindo cargo de Director de Turma. Ou seja, 22 horas efectivas para todos os professores.
- Acabam as reduções de horário por antiguidade, mesmo para os professores que já as têm. Não sei se será legal, a ver vamos.
- Fim de Area de Projecto e de Estudo Acompanhado (isto já se sabia).
- Todos os professores que a partir de Setembro mudavam de escalão ficam congelados de imediato.
O fim das AEC’s vem já a seguir, até porque, com os cortes orçamentais, há vários municípios que estão a devolver as responsabilidades ao Ministério. Aqui na zona, parece que Cantanhede está na calha e a Anadia também.
É fácil de imaginar as consequências que isto terá a nível de horários.
Alarmismo? Nada disso. São informações de fonte sindical segura."

É a última frase que me faz duvidar de tudo isto. Fonte sindical segura? Quando é que aconteceu esse milagre?
A sério, isto já é complicado. Ser contratado é quase como ser o D.Quixote contra os moinhos de vento que são estes sucessivos ministérios da educação. Não há vagas, já há vagas, vão deixar de haver vagas outra vez, agora há quadros, depois não há quadros, agora não há vagas, agora há vagas...
A fonte sindical segura quer números nas greves. E, depois de ter sido acordado que os senhores e senhoras de idade da educação não iriam sofrer as represálias dos horários, aparece agora a contra-informação a uma semana da greve geral de todas as greves gerais.
Ouvi hoje uma das anciãs da escola a dizer o seguinte: "Eu não faço greves porque os mais novos, para os quais as greves são criadas, nunca as fazem". Facto. Eu nunca fiz greve. Os € que me saem do bolso doem no fim do mês. Estive muito tempo à espera para trabalhar. E agora quero aproveitar o ano em que há vagas. O que não é verdade é que as greves são criadas para nós. São criadas para todos os professores.
Os sindicatos esqueceram-se durante muito tempo dos contratados até terem percebido a força dos números. E agora contam connosco para ser o escudo humano numa guerra há muito perdida.
A culpa disto tudo não é nossa que temos uns anos disto. É de todos aqueles que têm quarenta anos disto e só agora se aperceberam que lhes tiraram o tapete debaixo dos pés. Porque foram eles que abriram as portas a estes governos e a estas medidas.
Mas isto sou eu a divagar. Uma última mensagem para o Governo: querem acabar de vez com a qualidade de ensino neste país? Querem tornar o português no povo mais burro de toda a Europa? Digo-vos eu, meus amigos, que falta muito pouco.