quarta-feira, 23 de março de 2011

Sócrates...E depois do adeus

São 18h33.
Às 20h00, Sócrates irá anunciar o Game Over do Governo.
Agora todas as apostas são aceites.
Ficaremos ou não piores com os senhores que se seguem?
O FMI vai ou não rebentar o país de vez?
Será que se vê uma luz ao fundo do túnel, ou é mesmo o comboio que vem na nossa direcção?
Mas, mais importante ainda, onde é a festa?

domingo, 20 de março de 2011

Ainda o tema manifestações...

Eu bem queria evitar este tema. A minha querida Maria diz-me sempre que eu sou para lá de dramático e que abordo sempre temas que me obrigam a ser sério. Ela tem razão. Isto já teve leitores...
Mas o post não é sobre as manifestações. É sobre o que li sobre elas. Os ferrenhos defensores de coisa nenhuma. A liberdade de expressão tem o seu lado bom, sem dúvida, mas é aqui que se nota o negativo da coisa.
O Governo atropelou-nos a todos. Estamos no fundo de um buraco negro. Qualquer que seja a nossa profissão, a nossa idade, a nossa cor política (ou falta dela), todos estamos no mesmo sítio. Se a manifestação da Geração à Rasca tinha sentido? Tinha. Por um motivo. Não havia partidos a tirar vantagem do povo.
Muitos criticam esta manifestação como sem sentido, sem propósito. Outros massacram o conceito de Geração à Rasca. Que são todos uns mimados que querem mama do Governo e do país. Eu estive lá e concordo, viu-se muito boa gente a caminhar pela Avenida que provavelmente nunca teve dificuldades na vida. Mas também vi famílias que apresentavam razões válidas de descontentamento. Vi reformados que se queixavam das reformas. Vi profissionais de várias áreas que cada vez mais sentem dificuldades em arranjar emprego condigno. E não me venham com a história dos cursos que não servem para nada. Se esses são burros, o problema é deles. Eu tirei um curso de ensino que só me deu emprego (precário, ainda hoje) cinco anos depois.
O maior protesto tem de ser contra a indiferença de um povo. A Avenida estava cheia. As pessoas gritavam "Basta!". O Governo tapou os ouvidos. Muito do nosso povo também. Infelizmente, não taparam a boca. Continuam a achar que o protesto é inútil.
Já tenho uns quantos anos de manifestações. Estive em várias estudantis, estive em várias de professores, estive em várias nacionais. E em todas há gente burra, que não sabe porque reclama. Que grita palavras de ordem sem sentido. Que faz número para estatísticas. Esta não foi diferente.
Eu estava lá. Não estava no Campo Pequeno. Que se lixe a Fenprof e o Bigodes. Esses não me dizem nada. Apenas quero o futuro pelo qual lutei toda a minha vida. E esse futuro passa por um emprego fixo que me permita concretizar os sonhos que cada vez mais adio.
Por isso, a todos os que reclamam contra uma pseudo Geração à Rasca, lembrem-se disto: esta geração somos todos nós. Novos ou velhos, com curso ou sem curso, empregados ou desempregados, todos estamos no mesmo barco. Aquele que está a ir ao fundo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Flying circus...

Eia,  as teias de aranha que andam por aqui...tenho de demitir a Consuela.
Pois, Portugal continua sempre no seu melhor. Isto é controvérsias de treta sobre a Eurovisão, um dejá-vu constante de notícias sobre o aumento dos preços, decretos que são revogados, moções de censura ao governo...podia continuar, mas seria inútil.
Todos nós conhecemos o estado do país. Todos nós sabemos quais as frases certas para dizer acerca disto. Eu já escrevi sobre isto há uns tempos. Os que falam demais e não agem, esta gloriosa carreira desportiva em Portugal, continuam a fazer o que sabem fazer melhor: dizer mal de tudo.
Eu sou professor. Eu sou português. Sinceramente, não me orgulho de nenhum. A nacionalidade é uma consequência do nascimento, a profissão de estupidez pessoal. Como é que me posso orgulhar de uma profissão que é constantemente rebaixada pela opinião pública, pelo governo, pelo país? E como é que me posso orgulhar de ser português, quando vejo pessoas mais preocupadas com a Eurovisão do que a visão do estado do país?
Minutos depois de ter sido revogado um decreto-lei que me iria deixar no desemprego e a muitos colegas, a ministra fantoche veio dizer que ainda vai fazer o que quer de qualquer maneira. E os comentários nos sites de notícias davam razão à senhora, que os chupistas dos professores têm de aprender a trabalhar.
Sim, temos de aprender a trabalhar. Concordo. Trabalhar apenas as horas que temos atribuídas no horário em vez de trazer trabalho para casa. Fazer apenas aquilo que está atribuído no horário, em vez de passar noites sem dormir a inventar maneiras de ensinar coisas simples a uma turma de miúdos que não quer saber de nada. Não gastar dinheiro em materiais que acabam por não servir de nada, porque os meninos querem é jogos de Playstation e Morangos com Açúcar.
E se me perguntarem o que é que eu faço todos os dias para mudar o estado do país? Já que gosto tanto de resmungar que o povo não faz nada, o que é que eu faço? Meus amigos, eu ensino. Ensino um geração que se está borrifando para tudo, mas que é o futuro deste país. E pode ser que algum deles me ouça. E pode ser que seja esse que faça a diferença.