Os leitores do costume já sabem que sou professor. Dou aulas de Inglês ao 1.º ciclo. As famosas aulas de enriquecimento. O que eu ainda não consegui perceber é quem é que enriquece com isto. Eu não sou de certeza.
Sou mal pago, passo os recibos verdes, sem contrato que me ampare o rabo, e devo ser o único professor a odiar os períodos de férias (ver o meu já parco salário a ser reduzido para metade). Mas, tenho de ensinar as crianças com um sorriso nos lábios.
Só vou descrever o dia de hoje. Dei 3 aulas.
Na primeira entrei na sala e um aluno estava deitado debaixo de uma mesa. Acabei a aula a gritar porque três deles achavam que estavam no café, e outro esmurrava um colega.
Na segunda, um dos alunos resolveu deitar-se no chão e quando o chamei à razão (mais à sanidade) riu-se na minha cara e virou-se para trás. Enquanto eu o convencia que a sua atitude não era a mais correcta, o resto da turma ria (bem alto) ou falava entre si.
Terceira e última (onde a minha paciência já estava esgotada). Um dos alunos resolve bater a uma colega. Chamei-lhe à atenção e ele riu-se. Outro aluno resolveu ameaçar uma colega. Novamente, tive de intervir. Uma das alunas chateia-se com o aluno número 1 e salta para cima dele (três vezes durante a aula) a esmurrá-lo. O outro aluno começou a chorar e a afirmar que não voltava às minhas aulas, porque eu o repreendia sem razão.
Passei não sei quantos recados hoje. Na segunda vou ver apenas assinaturas e o famoso “Tomei conhecimento”. Os miúdos chegam a casa e dizem que eu é que sou maluco e os pais acreditam.
Não posso por alunos na rua, não lhe posso espetar uma chapada (e venham de lá os idealistas a dizer que não se pode bater nas criancinhas, que eu já me estou a defecar), mandar recados para casa é o mesmo que nada, e a minha disciplina nem sequer conta para avaliação. Como é que alguém espera que eu dê uma aula a turmas de 25 alunos em que 5 estão realmente interessados na aula e os restantes pensam que estão no café (e pior ainda, sabem que eu não lhes posso fazer nada)?
Acabei a aula número três a escrever recados. Um dos alunos enquanto esperava pelo respectivo recado disse para uma colega: “Eu quero chumbar este ano. Gosto desta escola.”
Sou mal pago, passo os recibos verdes, sem contrato que me ampare o rabo, e devo ser o único professor a odiar os períodos de férias (ver o meu já parco salário a ser reduzido para metade). Mas, tenho de ensinar as crianças com um sorriso nos lábios.
Só vou descrever o dia de hoje. Dei 3 aulas.
Na primeira entrei na sala e um aluno estava deitado debaixo de uma mesa. Acabei a aula a gritar porque três deles achavam que estavam no café, e outro esmurrava um colega.
Na segunda, um dos alunos resolveu deitar-se no chão e quando o chamei à razão (mais à sanidade) riu-se na minha cara e virou-se para trás. Enquanto eu o convencia que a sua atitude não era a mais correcta, o resto da turma ria (bem alto) ou falava entre si.
Terceira e última (onde a minha paciência já estava esgotada). Um dos alunos resolve bater a uma colega. Chamei-lhe à atenção e ele riu-se. Outro aluno resolveu ameaçar uma colega. Novamente, tive de intervir. Uma das alunas chateia-se com o aluno número 1 e salta para cima dele (três vezes durante a aula) a esmurrá-lo. O outro aluno começou a chorar e a afirmar que não voltava às minhas aulas, porque eu o repreendia sem razão.
Passei não sei quantos recados hoje. Na segunda vou ver apenas assinaturas e o famoso “Tomei conhecimento”. Os miúdos chegam a casa e dizem que eu é que sou maluco e os pais acreditam.
Não posso por alunos na rua, não lhe posso espetar uma chapada (e venham de lá os idealistas a dizer que não se pode bater nas criancinhas, que eu já me estou a defecar), mandar recados para casa é o mesmo que nada, e a minha disciplina nem sequer conta para avaliação. Como é que alguém espera que eu dê uma aula a turmas de 25 alunos em que 5 estão realmente interessados na aula e os restantes pensam que estão no café (e pior ainda, sabem que eu não lhes posso fazer nada)?
Acabei a aula número três a escrever recados. Um dos alunos enquanto esperava pelo respectivo recado disse para uma colega: “Eu quero chumbar este ano. Gosto desta escola.”
Que futuro vamos nós ter?
12 comentários:
Pois a vida deve-se tornar complicada e aborrecida, mas não deixo de achar piada ao puto que disse isso, foi engraçado, os jovens não têm a presença dos pais hoje em dia, de vez em quando deveriam levar uns tabefes para aprender, eu levei e ainda ando por cá, possívelmente deveria agradecer aos meus pais pelas vezes que me castigaram pois hoje entendo o porquê.
Esk, my man, you must love it!
Se não é por amor que se escolhe a via do ensino, então só resta alegar falta de sanidade mental.
Quando mudei de curso lá na ESEP muita gente disse que eu era maluco e que estava a deitar fora 3 anos da minha vida.
Eu digo bem-aventurados 3 anos. Antes 3 do que o resto da vida.
Esk, tu e os outros que enfrentam essa luta diária são os verdadeiros heróis modernos.
Que cenário de terror, caro Eskisito! Dir-se ia saído do Sementes de Violência! Pensa-se imediatamente que a escola fica num bairro degradado e os alunos são de famílias em condições dramáticas, mas provavelmente o bairro até é normalíssimo e os alunos são de classe média, não é?
Cresci num tempo em que respeitávamos os professores. Eu era levada dos diabos, não parava quieta, uma tagarela incurável nas aulas, apesar de óptima aluna. Lembro-me da informação trimestral das cadernetas da Alliance Française. Invariavelmente rezava qualquer coisa como "Excellent élève. Trop bavarde." No trimestre seguinte lá vinha um "Excellent élève. Attention au bavardage!"
Ainda assim, nunca nos teria passado pela cabeça, a mim ou aos meus amigos, ser malcriados com os professores. É certo que frequentei o melhor liceu do país...
Não podes pôr um aluno fora de uma aula? Mas isso é um disparate! Se te serve de algum consolo, julgo que sempre houve alunos desinteressados, julgo que sempre haverá. Mas também há os outros. Eu tenho para com uma professora de Inglês do 7.º ano (actual 11.º) uma dívida de gratidão eterna. Espreita o meu post de 16 de Outubro passado na Gota. Fiquei inacreditavelmente feliz por a ter reencontrado há pouco tempo, e por ela se lembrar de mim trinta anos e milhares de alunos depois. Pude finalmente agradecer à minha querida Dr.ª Teresa Monteiro.
Os laços que nos ficaram nesse tempo são tão fortes que criei até um blog para o nosso grupo do Liceu (quando se trata do meu liceu, uso sempre maiúscula), dá uma vista de olhos, talvez te anime um pouco: http://tagideseadamastores.blogspot.com.
Recomendo-te especialmente os posts de 26 de Outubro e de 25 de Novembro. Haverá sempre alunos capazes de apreciar os seus professores, tenho a certeza.
Bom dia eskisito! Cá estou eu, dorido na cabeça e ferido de sono no corpo, a mandar uma laracha!
Tens que começar a ir vestido de gótico prás aulas! Aquelas botas de vinil fazem maravilhas! E as correntes também!
Mas sabes qual é a minha sorte? É não ser professor de Inglês do 1º ciclo! Com a "pedagogia" que eu tenho na cabeça, virava os putos do avesso à chapada se eles me faltassem directamente ao respeito!
Se o fiz com gajos mais velhos (maiores de idade e eu menor) quando andava na escola, porque não fazê-lo a menores de idade? Nada que um estalo não resolva,,,
Aqui o menino foi educado pelas regras da primária da professora da cana e da régua dos 5 olhinhos e por pais que, se a coisa tivesse mesmo preta, não se ensaiavam demais a espetar-me um digno correctivo (mas sem abusar) e não é por isso que eu hoje sou maluco! Isso é por causa de certas e determinadas loiras da minha vida! Mas também são outros quinhentos paus!
E pronto! Laracha contada! Beijinhos à Maria! Um grande abraço
Eu hoje já ando assim, se apanhar um filha da puta dum pedagogo daqueles que dizem que temos de negociar tudo com a criancinha porque assim é que é "arrebento-lhe" a boca toda mais o caralho que o foda. E é isso! Bem, vou ali à casa de banho que tenho o esfíncter a latejar. Fui.
Se hoje é assim, quando o meu neto for para a escola como será?
Sabes que não és o primeiro prof.que dá aulas a meninos do 1º ciclo que me diz que eles sabem que não lhe podem fazer nada? Ouvi isso há uns dias da boca duma prof. de desporto (é assim que se diz agora não é?)que eu conheço desde pequena. Ela contou-me situações que vive com os alunos dela (algarvios) que é de bradar aos céus...meu deus quando chegarem ao 9º ano o que farão?
Na minha opinião o problema vem de casa e do tipo de educação que os pais lhe dão. Muitos deles também foram crianças "educados" sem regras e que por sua vez não conseguem impôr limites!
O erro vem detrás...passou-se duma repressão enorme para a liberdade total.Ora sempre ouvi dizer que nem 8 nem 80...
vês????
com o meu,já sao 7 comments!
o que é que tu queres mais ao fim de 2 meses de blog???????!!!!!
OLHA AO MEU NIGUÉM LIGA PÍVIA!
nunca hei-de ser famosa...
snifffffffffff
Cara Vera...eu não consigo aceder ao teu profile...logo não consigo aceder ao teu blog...talvez essa seja a razão de teres poucos comments.
caneco!!!
eu começava sériamente a pensar em trabalhar com animais... são mais domesticáveis e sabem quem trata deles!!!
vejo pelo meu filho... quando o vou buscar à escola!!! parece q entrei num sanatório de loucos!!!
Parece?
gostei deste ultimo comment. Au point.
Caro esk... essa é a realidade pela qual passas dando apenas blocos de 45 min. de aula. Imagina o desgreçado(a) do(a) professor(a) que tem que aturar isso 5 horas seguidas... Não penses que é melhor!
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