segunda-feira, 16 de abril de 2007

A tumba de Jesus…

Ontem à noite, pela primeira vez, abdiquei de ver os Srs. Fedorentos para ver o documentário do James Cameron na SIC sobre o suposto túmulo de Jesus.
Sobre o mesmo não me vou alargar. Acho que para se poder evidenciar uma certeza deve-se colocar mais que uma hipótese. Coisa que não é feita. Afirma-se do início ao fim que este é certamente o túmulo perdido de Jesus. Ponto final.
O problema do documentário são as conclusões que se retiram. Se aquilo realmente é o túmulo de Jesus e da sua família, que consequência trará isso ao Cristianismo como o conhecemos? Se Jesus realmente era casado com Maria Madalena, da qual terá tido um filho, onde é que isso se enquadra na versão bíblica da Madalena prostituta e do Jesus virgem?
Eu não sou católico, cristão, ateu, mórmon, ou seja o que for. Tenho a fé em mim. Na minha pessoa e na minha decisão. Mas, este tema interessou-me.
A minha mulher é católica. Não pratica activamente (segundo os cânones da sua religião) as práticas do catolicismo. E, desde o início da nossa relação, fomos chegando a uma conclusão: o problema de qualquer religião são os homens.
E, no caso do túmulo, o problema são novamente os homens. Depois do documentário, houve um debate (para o qual já não tive paciência) com um padre especialista no assunto e uma arqueóloga. Começou logo com a questão da fé. Até que ponto é que isto irá destruir a fé em Cristo?
Não vai. Nos dias de hoje, Jesus é uma esperança. É crer numa pessoa boa e justa, que deu a sua vida para passar a sua mensagem de amor. Se ele era casado com Maria Madalena, isso afectará de alguma forma a sua justiça? Se ele teve um filho, isso dirá menos sobre a sua mensagem?
A Igreja vê com maus olhos este documentário porque este lhe chama mentirosa. Mentiram sobre a vida de Jesus, mentiram sobre Maria Madalena, mentiram sobre a fé cristã. E, agora, pode-se dizer que Jesus era como qualquer um de nós. O Filho de Deus casou-se, teve filhos (aliás, essa teoria já tinha sido adiantada por numerosos livros, entre os quais o famoso Código da Vinci), e isso torna-o mais próximo de nós. Porque não?
Será que ao demonstrar que Jesus era homem, não se torna isso uma maneira de demonstrar que qualquer um de nós pode ser justo e bom?
Quanto à questão da ressurreição, acho que até o mais burro dos homens alegaria que estamos a falar de espíritos e não de corpos.
A Igreja perde. Sempre achei que a fé dos homens não está entre quatro paredes ou na imagem de um homem. Está no sentimento com que cada um de nós enfrenta o dia-a-dia. E agora sim, Jesus está entre nós.


Para mais informações sobre o documentário “O túmulo perdido de Jesus” consultar:
http://www.jesusfamilytomb.com/

4 comentários:

Anonymous disse...

sr eskisito permita-me resalvar 2 pontos que considero importantes

1 - deveria ter visto os gatos fedorentos , foi sem duvida um dos melhores programas dos gatos ( socrates a ajudar )

2- os 5 min que assisti do referido documentario deram para concluir que de documentario tinha muito pouco , ja que tudo me pareceu encenado. aquando da descoberta do tal livro de jonas ( livro esse que supostamente deveria ter 2000 anos ) aquela malta ( arquelogos ??? ) trata a referida descoberta como se fosse o jornal de domingo , sem qualquer cuidado no manuseamento e leitura do mesmo. cabe na cabeça de alguem que um verdadeiro arqueologo trate assim uma descoberta com 2000 anos !!! pura tanga ao belo estilo de hollywood.

Eskisito disse...

Caro/a Anónimo/a:

Sim, daí eu também dar pouco ênfase ao documentário em si, e mais às questões levantadas. Mas, concordo inteiramente consigo em relação ao Hollywoodismo do mesmo. Tanto que se consultar o site que refiro no fim do post, verá que aparece a palavra "buy" umas quantas vezes. Se procuram a verdade, não a vendem: oferecem-na.
Obrigado pelo seu interesse e volte sempre.

eskisitorules

Filipe Pratas disse...

Apesar de também não ser católico, esta é uma questão que também chama a minha atenção. Concordo perfeitamente com o primeiro comentário pois tudo desde o primeiro minuto parecia um documentário da personagem do Herman, David Vaintenbórough, que apenas papagueia o que o teleponto lhe diz.

Dina disse...

Neste caso o importante são as questões que estão a ser levantadas em relação a Jesus e à possibilidade de ter tido uma família. É perfeitamente natural. O celibato dos padres por exemplo só é imposto muitos séculos depois de Cristo, logo nessa época era normal que Jesus fosse casado e tivesse tido descendentes. Acho que neste ponto a Igreja católica, única que ainda impôe o celibato aos seus ministros, está a defender uma causa perdida. Era preferível assentar as suas ideias na família e dar a possibilidade aos padres de se casarem.
Por ex no Código Da vinci o tema é uma vez mais a relação de Jesus e Maria Madalena e os seus descendentes. Acho que este documentário quis aproveitar o facto deste tema estar "na moda" e não trouxe nada de novo. Dificilmente este assunto conhecerá um desfecho que possa ser considerado "credível" enquanto a Igreja Católica não mudar de posição face a este tema.
Acho que este comentário está de acordo com o tema...confuso mas vou deixar assim mesmo porque se tentar melhorar ainda acaba por ter o efeito contrário.(há dias assim em que as ideias saem todas baralhadas)