
Antes de estarem já a afiar a forquilha e a chamarem-me facho, ouçam o que tenho para dizer, porque nunca vou abordar sequer o tema do regime a não ser como razão para o meu pensamento.
Hoje, qualquer aluno da escola secundária preocupa-se com o seu cabelo, as suas namoradas, a música da moda, a bebida da moda, a festa da moda, a roupa da moda…enfim, o seu cérebro está estagnado naquilo que se torna as suas maiores ambições: ser aceite. Já nem sequer se têm de preocupar com as notas para entrar na universidade, porque, como sabemos, hoje me dia entra-se para qualquer curso com uma média de treta.
Antes do 25 de Abril, as preocupações eram bem diferentes. Apesar de existir uma procura de afirmação (provavelmente bem mais real que a de hoje), os jovens estavam mais preocupados em fugir a uma realidade bem mais cruel do que o penteado ridículo ou a roupa sem estilo: fugiam da guerra. Imaginem o que isso não faria à nossa cabeça. Temos de ser homens antes de o ser. Temos a responsabilidade de não morrer numa guerra que nada tem a ver connosco.
Ouvi entrevistas de homens com 17 anos. Sim, homens. Porque eu hoje nem consigo ouvir homens da minha idade a ter aquele género de pose, altivez e respeito. Falavam como homens, vestiam-se como homens, agiam como homens. E aos 18 anos sonhavam entrar para a universidade. Não para fugirem ao jugo paternal, mas para fugirem ao jugo de um ditador.
Por isso, e apesar de ter noção da barbaridade que vou dizer, tenho pena que as coisas tenham mudado tanto. Não queria Salazares nem ditaduras. Queria que os jovens de hoje soubessem que há 34 anos atrás eles eram homens. E hoje são idiotas.
PS: Sem nada a ver com o tema, mas continuando a abordagem a temas polémicos, só ontem vi com atenção as imagens da manifestação. Sim, é vergonhoso querer falar para uma câmara sem se ter nada de jeito para dizer. Como diria o meu avô, aquelas mais valiam ter ficado em casa a coser meias.