Há cerca de nove anos atrás estava eu a ver um concerto dos Silence 4, em Vila Viçosa, convencido por um amigo meu para lá ir, visto que não havia nada de jeito para fazer em Portalegre. Não porque não gostasse da banda. Gostava. Mas, com o boom dos mesmos, este era já o quarto concerto no mesmo ano.
Éramos 4 a ver o concerto (eu, o convida, outro convidado e um nativo). À nossa frente estavam 4 raparigas. Ora, contas bem feitas e parvoíce masculina à mistura, lá nos começámos a meter com elas. Claro que não deu em nada.
Nunca chegámos a ver os Silence 4 juntos, a não ser naquele dia. Mas, naquele dia, eu era um idiota que a estava a incomodar e ela era uma das miúdas que estavam à minha frente. Só chegámos a essa conclusão três anos depois de nos namorarmos.
No Sábado, fomos ver o resistente David Fonseca. Eu e a minha miúda depois. Mudámos, casámos e vivemos uma nova vida. E, ao que parece, também o David Fonseca.
Quem ainda se lembra do David Fonseca ao vivo com os Silence 4, lembra-se de uma múmia em palco. Pouco ou nada falava com o público, não se mexia e mostrava alguma emoção. Canta brilhantemente, o que o salvou de um destino de esquecimento.
Mas, este David que vimos no Sábado é um David diferente, mudado. Louco, entusiasta, fala com o público, incentiva-o, puxa-o ao seu mundo. David é um espectáculo e o espectáculo é David.
Conheço algumas músicas dele…as suficientes para ainda ter cantado uns refrões. Mas, os covers feitos por ele são do mais fabuloso possível. Desde o My Sharona até Roy Orbinson, passando obviamente pelos Silence 4, o homem canta de tudo. O auge da noite foi a introdução da música “The 80’s”. David começa contando as suas amarguras enquanto adolescente que odeia discotecas e a música que lá se ouve, embarca num medley de música de discoteca dos anos oitenta e noventa (MC Hammer, Technotonic, Ace of Base e alguns mais obscuros), chegando finalmente à música em si, momento em que todos em palco e no público enlouquecem.

Uma grande música que desconhecia por completo, foi a surpreendente “Adeus, não afastes os teus olhos dos meus”.
Acabei a noite a comentar com a minha miúda (hehehe, sabe tão bem dizer isto) que uma música como “Come into my heart” seria um sucesso nos E.U.A.
David teve azar, nasceu Português. Mas, é genial.