quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Segundo o meu prisma

A nossa vida desde que nascemos está delineada. Não o sabemos mas, no berço, já estamos com o nosso fado escrito e apenas se espera pela música certa.
O fado é escrito em linhas simples. Uma casa, um carro, um emprego bem ou mal sucedido, os filhos, uma família feliz ou infeliz. As contas que se acumulam ao longo dos meses. Os olhares para trás, para todos os “ses” que ficaram por experimentar.
A música vamos nós compondo ao longo do nosso crescimento. Enquanto somos novos não lhe ligamos muito, deixamos que ela se vá compondo: o primeiro beijo, a primeira desilusão, o primeiro grande amigo, o primeiro copo.
Ao crescer vamos começando a dar atenção aos acordes. Opinamos sobre a veracidade de uma simples nota. Negamos a existência de ruído.
Na meia-idade ouvimos a música quase completa. Pode ser um fado triste, que conte todos os acidentes e desilusões do caminho, ou um fado alegre, que nos diga como tudo se foi alinhando.
Por vezes uma nota muda tudo, e o que era um fado feliz passa a um fado triste, ou um fado triste a ainda mais triste.
No nosso leito de morte o fado está completo. Tudo o que pudemos ou nos deixaram compor está lá. Todas as notas, todas as rimas. Uma vida completa numa música, triste ou feliz, nossa.
Eu acredito que ao morrer, a minha grande pergunta a Deus será: “E quem não gosta de fado?”

17 comentários:

elvira carvalho disse...

O nosso fado é gostar de fado? E de outras musiquinhas também. Eu acredito que o nosso fado é em parte escrito e musicado segundo a nossa vontade.
Um abraço

Mulher do Mar disse...

Eu fiz log in de propósito só para deixar comentário aqui, é coisa rara! Mas era impossível não o fazer, o teu texto tá simplesmente demais.

sa disse...

ò triste fado o meu.,, dizemnos todos

Nuno da Alice disse...

Tudo isto é triste tudo isto é fado.
Muito bom texto sim senhor.
Abraço.

elvira carvalho disse...

Como amanhã o fado é diferente... bom fim de semana.

Azul disse...

EsKisito, meu lindo.
Quem te lê, sabe que tu és um grandessíssimo ...escritor !
Mas, tenho que convir, que, de todos os textos que escreveste aqui, neste blog catita, este fica-pelo menos até á data, como o melhor de todos eles.

O MELHOR DE TODOS OS MELHORES.

FANSTÁTICO, tão bom que me apetece copiá-lo e pô-lo lá no meu.

(Estás lamechas, hoje.
Que se passa?
Espero que esteja tudo bem.)

Bjufas gandes

Dina disse...

Quem não gosta de fado...pode gostar de salsa por exemplo que sempre é mais animado, ou de fandango (aqui no Ribatejo tinha que dar este ex.)ou de música rock ou house...
Cada um que toque a que mais gostar é a resposta que te vai dar, só escolheste o fado porque quiseste, tinhas livre arbítrio para escolher a música que mais te agradasse e tocá-la como te desse mais jeito em cada momento.
Ah mas já agora e embora tu agora digas que não...ainda vais acabar por gostar de fado!vai uma apostinha?

Alda Serras disse...

Gostei da tua analogia, embora não concorde com ela. O nosso fado (coisa tão fatalista!), o nosso destino não está delineado à nascença. É uma música (para continuar a metáfora)que vamos compondo ao longo da vida, uns melhor, outros pior, com algumas notas em falso e passagens harmoniosas q.b. A melodia final depende das escolhas do maestro (nós!

Ovelha Negra ♫ disse...

Podemos mudar o fado para um tango de vez em quando?
Assim para nao enjoar... O tango é mais desgraça sentimental, fala dos que já nao acreditam no amor...
Bem, ok. Fico com o fado. Sempre cheira a casa!

Beijos 鑾

Professorinha disse...

De certeza que quando morremos o nosso fado está completo?... Nunca deixamos nada para fazer??...

Fica bem

V. disse...

Eskisito, acreditas mesmo que o fado está escrito e aguarda a música certa?

Se o que escreves aqui estiver certo eu ando sempre a rasgar pautas na tentativa (então vã) e mudar o fado que me foi destinado.

Esta que aqui pões é uma hipótese tão boa comooutra qualquer, mas... e se for assim? Devemos então resignar-nos ao nosso fado ou teremos o poder de o mudar?

Eu quero continuar a acreditar que o posso mudar, senão... enfim.

Beijos

Diabba disse...

Quem não gosta de fado, talvez goste de pintura!

O fado é fatalista, eu acredito que o destino somos nós que o fazemos.

Imagino que quando nascemos nos é dada uma enorme tela para pintar e, podemos preenchê-la com cores alegres e felizes ou pintá-la toda de preto, mas somos nós que escolhemos as cores para a pintura!

E tu? ouves o fado ou pintas?

beijos d'enxofre

maria cunha disse...

hehe eskisito a minha pergunta seria um bocadinho diferente... se acreditasse que existe a quem a fazer :)


beijo

Eskisito disse...

A todos os que comentaram lanço-vos um desafio. Peguem nesta ideia do fado e do destino, ou nas sugestões que vocês próprios lançaram e escrevam algo semelhante, mas ajustado à vossa vida, nos vosso blogs. Mostrem-me o porquê de tudo o que me disseram.
Em relação aos que apenas passaram por cá para dizer que eu escrevo bem, duas palavras: EU SEI! Ah, e obrigado.
Beijos e Abraços

V. disse...

Hum... desafio aceite. Não hoje, mas aceite :)

R disse...

Estás feito num verdadeiro filósofo-fadista. Muito bom.

Rita disse...

Pois, quem não gosta de fado, é feliz, vive ao saber de músicas vivas, alegres e uma triste assim muito de vez em quando que é para dar o ar de sua graça. Hoje um samba, amanhã hip hop, depois quem sabe o CD das Músicas da Carochinha. É assim, uma vida completa e diversificada...
Jokas