segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Fascistas…quem?

Define o dicionário da Porto Editora que o fascismo "é um sistema instituído por Mussolini (1883-1945), em Itália, caracterizado pela defesa de um nacionalismo exacerbado e pelo exercício de um poder centralizado e ditatorial baseado na repressão de qualquer forma de oposição". Depreende-se então que um fascista seja alguém que segue ou concorda com este sistema político.
Quando no dia 25 de Abril se acabou com um regime fascista em Portugal gritou-se liberdade. E perseguiram-se os fascistas que tanto prejudicaram essa mesma liberdade. Em 1974.
No corrente ano do senhor de 2007 ainda se perseguem fascistas. Afinal a liberdade de Abril não é assim tão ampla como quis parecer nessa altura. Perseguem-se aqueles que acreditam que em pleno regime fascista viveram melhor. Será que afinal eles não têm direito a pensar assim? Será que afinal não é um direito o livre pensamento, mesmo que esse seja contra o sistema actual?
Sei que estão a pensar: “E então os skins e essa trampa toda que andam por aí com as suásticas e tal?” Reparem que a liberdade deixa de ser respeitada quando se infringem regras e leis. E esses senhores têm uma tendência impressionante para as infringir.
Eu estou a falar da simples auxiliar de uma das escolas onde eu lecciono que me disse que os alunos tinham partido uma janela, que ia pedir a reforma antecipada, que já não estava para aquilo. Vociferando a plenos pulmões para quem a quisesse ouvir. Mas, a certa altura do seu discurso de emancipação, baixa o tom de voz ao mínimo aceitável e diz-me entre dentes: “o que faz falta é um Salazar”. Podemos gritar impropérios, mas não podemos mencionar o nome do Salazar? Podemos dizer que tudo está mal, mas não podemos apontar o dedo a um Governo que inspira terror? Podemos dizer que vivemos em Liberdade, mas baixamos o tom de voz a falar do que realmente acreditamos?
Que raio de liberdade é esta?

15 comentários:

Hélder disse...

Podemos e devemos criticar, censurar e activamente demonstrar que não concordamos com esta ou aquela política do Governo... ou, se não concordarmos com quase nada, pressionar junto do Presidente da República a dissolução da Assembleia.

Mas sou uma das pessoas que odeia ouvir "faz falta um Salazar". Não vivi esse tempo, mas acho que um período em que a analfabetização e a pobreza grassavam, que obrigou milhares de pessoas a lutar numa guerra em que a maioria não acreditava e que limitava a liberdade de expressão só pode ser apontado como uma altura melhor devido ao saudosismo e irresponsabilidade, de pessoas que querem entregar tudo a alguém que decida por eles, como se de um Deus bíblico se tratasse.

Não acho que devam ter medo de dizer o que pensam, pois eu também não me coíbo de o fazer. Já dizia o outro, "as opiniões..."

Cruxe disse...

A liberdade é uma coisa boa e a qual eu prezo muito. Mas o problema do 25 de Abril foi ter dado às pessoas uma mão cheia de liberdade e elas logo quiseram o braço.

Acho que o que faz falta não é um Salazar, mas sim as pessoas saberem até onde vai a liberdade de cada um.

Logan disse...

O que faz falta é os Skins matarem os pretos todos que esses merdas assaltaram-me na passada sexta-feira, essa escumalhada! e a seguir marchavam os brazucas, os ucras e principalmente os asiáticos que é o que há mais por aí!!!

Eu cá sou mt ruinzinho nesse aspecto, gosto de me dar bem com toda a gente mas quando me lixam nunca mais cá venham.

Tenho dito Fodass!!

Eskisito disse...

htsousa:
Por acaso concordo contigo na questão do Salazar. Acho que fizeram dele um Deus de uma altura em que se tinha mesmo de rezar. Mas, acho mesmo irónico que o nome dele seja pronunciado de surdina. Como se ainda houvesse um regime.
Um abraço

Cruxe:
Um braço e uma perna. Infelizmente não a soubemos controlar. Agora estamos a sofrer as consequências.
Um abraço

Logan:
Não te vou criticar, apesar de achar que estás a ser um pouco generalista. O mal do mundo não são as cores e as raças, são mesmo os que dentro dessas cores e raças fazem o mal geral. Acredito que sabes que existe muito bom branco que seja pior que todos esses que mencionas.
Um abraço

Logan disse...

Épáh eu sei sim e acredita que quem me conheçe sabe bem que digo isto da boca pra fora mas eu se não me passar umas vezes rebento! Ainda pra mais a coisa ainda a quente....enfim, sei bem que em todas as raças há pessoas boas e más, mas em quem é que eu vou descarregar a raiva que estou a sentir?? em mim?? que ia muito bem na minha vidinha?? quer dizer anda uma pessoa a trabalhar pra esses gandins que só sabem é fazer mal virem ropubar...blá blá blá...ok já to de volta ao mesmo.

Mas acredito que faz falta medidas mais extremas para por mão nesta selva, hoje em dia mata-se, rouba-se, viola-se e ninguém paga por isso porque se vai dentro sai passados uns dias/semanas/meses/whatever...e por exemplo vai uma pessoa atrasada para o trabalho e por acaso até vai com um pouco mais de velocidade e é apanhado por uma brigada da GNR e tem logo de arrotar a bela da nota! E mais, ainda fica mais atrasado, depois chega ao local de trabalho é despedido, depois, volta pra casa apanha a mulher na cama com outro gajo, passa-se da cabeça deci por termo á vida vai para um bar com um fraco de veneno e quando o vai para beber aparece um gandulo que lhe saca o frasco da mão e bebe aquilo armado em rufia!!!! ok isto é uma anedota mas podia acontecer...hoje em dia já nada me admira....

E com isto já deu pra ver que tnh uns parafusos a dar pro largos por isso o mlhr é "calarme" e ir aperta-los

1 Abraço

elvira carvalho disse...

Bom Eskisito, não sei se vou entrar em conflito mas o que eu penso é o seguinte. Nós, e quando digo nós refiro-me á minha geração, não á vossa, preocupámo-nos muito com a conquista da liberdade e não soubemos acautelar os efeitos que essa mesma liberdade traria á geração seguinte, com uma educação de base, aos nossos filhos. Que cresceram pensando que tudo lhes era consentido e sem respeito pelos direitos dos outros. Mas a culpa é nossa. Quisemos que eles tivessem a liberdade que nós não tinhamos, esquecemos que o mundo está em constante mudança, que cada dia há uma apelação diferente, não impusemos limites, não demos disciplina. Fizemos dos nossos filhos e netos uns monstrinhos de egoismo e má educação.
Mas por favor ninguém me diga que precisamos d'outro Salazar. Há dias ia-me passando quando o meu filhote que tem 27 anos me disse isso. É demasiada inconsciência.
Quando eu tinha 14 anos era uma revoltada com a vida de miséria que tinha. Não sabia nada de revoluções. Mas sabia que quem governava o país era esse senhor.
Escrevi uma carta para ele em que denunciava toda a revolta que me ia no peito. Pouco tempo depois a polícia veio buscar o meu pai preso.
O pobre coitado nem conhecimento tinha do que eu tinha feito e matava-se a trabalhar de manhã á noite. Nunca me vou perdoar por isso.
Valeu ao meu pai que o patrão gostava mt dele, e moveu todas as influências que tinha para o libertar.
Quantas vezes tive que amordaçar as palavras...
Um abraço e uma boa semana

SBFR disse...

é a liberdade que muitas vezes nos permitimos a nós próprios... Por acharmos que é a liberdade que a sociedade nos permite... mas não é a sociedade o conjunto de todos nós? Salazar é referido em surdina simplesmente como na época dele outros eram referidos em surdina... porque a maior parte das pessoas não assume o que pensa... tem medo de ser ostracizado por uma sociedade que é, de facto, ostracizante (esta palavra existe? num sei mas é bonita)... Não estou a dizer que concordo ou deixo de concordar com a senhora em questão. Assumo que não concordo com os cromito armados em nazis que para aí andam... Acima de tudo porque simplesmete não creio que a maioria deles tenha reais convicções fascistas, são apenas parvos. Quero apenas dizer que independemente da opinião, cada um deveria sentir-se em liberdade de a assumir... Cada um deveria ser aquilo que realmente é, não o que os outros esperam que seja, ou que pensa que os outros esperam...
Beijinhos

Nuno da Alice disse...

Esta é a liberdade que permite que meia dúzia de filhos da puta roubem o que é fruto do suor de muitos e tudo passe impune. Esta é a liberdade que permite que essa meia dúzia de filhos da puta nos continue a descascar o osso até ao tutano (segredando ao ouvido que a culpa é nossa enquanto nos espetam mais um bocado dele).
Obrigado Sócrates!

Azul disse...

Concordo quando dizes que não entendes o que se passa quando as pessoas denotam medo, receio ou lá o que fôr ao manifestarem abertamente a sua opinião quanto a esse ou outros assuntos.
No entanto, e embora entendessemos todos que não era esse exactamnete o assunto que querias abordar, acho abominável que alguém no presente ano do senhor de 2007 ( esta foi fantástica!) ainda haja alguém que queira um Salazar...hás-de perguntar a essa senhora porquê...

Rita S disse...

Andas mesmo a Leste (nesto caso até fica aqui bem a evocação do Leste, ou talvez não), então não andas a seguir a Saga do Harry Potter? Não sabes que Salazar é pseudónimo de Voldemort,
"Aquele Cujo Nome Não Deve Ser Pronunciado"? Andas mesmo desfasado da realidade, só Harry é que diz o nome dele sem medos. Ainda não viste concerteza o último episódio "Harry Potter e o Movimento Fascista".
Jokas

Klatuu o embuçado disse...

Ó professor deixa-te de tretas... assume logo uma posição! Em política devemos ser claros.

P. S. Ao menos o Mussolini não era paneleiro como o Hitler e o Salazar.

Maria do Consultório disse...

Tu vê lá se és claro, que aqui o embuçado picou-lhe a mosca. Só eu é que me dei conta do paradoxo?

beijo

Eskisito disse...

Logan:
Compreendo. Eu, depois do meu primeiro assalto, nunca mais consegui falar dos ciganos sem me passar. Mas, admito que sou intransigente. Tal como te disse, não sou mesmo a pessoa certa para te julgar.
Um abraço

Elvira:
Eu acho que o pessoal vê Salazar apenas como um ícone. É indiferente o que pensemos sobre um regime onde não se podia dizer nada sob pena de morte. Agora as penas são outras, mas ainda existe um lápis azul.
Beijos

Bellatrix:
O problema é saber mesmo quem somos. Vivemos sempre sobre a alçada de um regime. Primeiro foi o Estado Novo e agora é uma espécie de Ditadura disfarçada.
Beijos

Eskisito disse...

Nuno da Alice:
Como eu concordo contigo. E temos mesmo de agradecer. Somos bem educados.
Um abraço

Azul:
A senhora em causa trabalha numa escola desde sempre. E dantes crianças de 6 anos não lhe chamavam _uta e outras coisas que tal. Por isso, acredito que haja uma saudade nesse aspecto.
Beijos

Rita S:
Adorei o nome do próximo volume. Mas acho que o Slazar não tinha tanta pinta como mau da fita.
Beijos e bem-vinda.

Eskisito disse...

Klatuu:
Ouve lá, mas que raio de comentário é esse? Eu estou apenas a falar de um caso que se passa num Portugal onde se vive em Democracia. Não quero ser político, jovem.
Um abraço

Para sempre a minha donzela:
Ou neste caso o meu cavaleiro de armadura reluzente. E sim, é um bocadinho irónico.
Beijos queridos