domingo, 18 de outubro de 2009

E tal e coiso...

Estou com uma falta de tempo impressionante para passar por aqui. Claro que a justificação se prende com duzentas viagens por dia para ir para a escola, aturar putos mais parvos que uma casa, voltar para casa e tentar fazer alguma coisa quando chego. Com aqueles 2% de tempo que me sobram por dia, acabo por nunca ter tempo para passar por aqui e dizer algo.
Por isso, hoje que é um Domingo tão solarengo, passei por aqui só para falar numa coisa que me passou ontem pela cabeça. Estava eu no belo do zapping de 4 canais, quando vi que a RTP1 estava a dar um maravilhoso programa. Dança Comigo. Não um Dança Comigo normal, mas no gelo. E o pensamento que me passou pela cabeça foi: o que se segue? Dança Comigo em Carvão em Brasa? Dança Comigo em Pregos Cheios de Sífilis e outras Doenças do Género?
E penso eu que não tenho tempo. Os criadores da RTP também devem andar na mesma...

domingo, 27 de setembro de 2009

Coisas que me apoquentam

O meu carro morreu três dias antes de ter sido colocado. Por isso, enquanto ainda não tenho casa em Lisboa, faço o caminho de ida e volta através de não sei quantos meios de transporte todos os santos dias. A princípio, tudo isto me cansava e achava que não iria aguentar o ritmo. Logo me lembrava dos meus tempos de carregar peixe ou carne congelada. E penso na sorte que tenho.
Quero viver por ali. Mas vou fazer tudo para escolher uma casa com calma e pensar em toda a logísitca da coisa com o máximo de ponderação. Porque uma casa não se muda assim de um dia para o outro. Pior, como é que eu transporto os peixes sem os matar? Coisas parvas que me passam pela cabeça...
Para além disso, tenho que comprar um carro. Com calma também, que eu não nado em dinheiro e tenho de comprar usado. E toda a gente sabe que nem tudo o que luz é ouro. E que grão a grão enche a galinha o papo. E que mais vale um pássaro na mão que dois a voar. O que é que isto tem a ver com o carro? Tudo.
Mais notícias se seguirão...se o Sócrates assim o permitir.

sábado, 19 de setembro de 2009

LX

Após lágrimas, revolta e coisas que tais, acabei por ser recompensado. Talvez não como queria. Mas é uma recompensa.
Tal como expliquei no último post, chegámos à fase em que os professores se candidatavam às escolas como se de um emprego se tratasse. Apareceram-me 7 horários na mesma escola. Pensei: Última hipótese. Conseguir ficar colocado e na mesma escola que a Maria. It's a long shot, mas que se lixe. Tentei.
Consegui. Ficámos os dois na Zona Norte de Lisboa, na mesma escola, no mesmo grupo, na mesma vida. A 100 e tal km de casa, a apanhar não sei quantos autocarros e comboios por dia, totalmente estourados e à procura de casa na zona, a pensar em mudanças e outras confusões.
Estou feliz. Mais um ano colocado. Apesar de tudo estou colocado. Apesar de tudo estou onde quero, numa escola a ensinar. Apesar de tudo...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Concursos, Colocações, Ofertas de Escola e Bolsa de Recrutamento

Este post serve para que os não professores tenham uma pequena (e será sempre pequena) ideia do sofrimento e exaustão mental a que este Ministério expõe os professores desde o final do ano lectivo passado.
Já passámos por duas fases diferentes de concurso. Na primeira fase entraram aqueles professores que fazem parte dos quadros e pouco mais. Na segunda entraram os restos dos quadros e alguns (poucos) contratados.
Claro que tudo isto aconteceu sem datas e sem qualquer conhecimento de número de vagas. Desde o ínicio de Agosto que andamos nisto. E agora, para facilitar mais o suicídio, chegou uma nova forma de concurso: a Bolsa de Recrutamento. Aliás, mentira. Segundo o Valter Lemos, esse iluminado da Educação, no dia 31 de Agosto eram colocados 5500 professores em Bolsa de Recrutamento. Pois...tal não aconteceu. Ah, e que a Bolsa começava a receber horários de escolas no dia 1 de Setembro. Pois...tal não aconteceu.
Soube através de um fórum de professores que, afinal, a Bolsa começava a dia 7. Pois...aconteceu...a partir das 16h. O que invalidou o primeiro dia. Ah, e que os primeiros resultados saíam hoje (dia 9). Pois...tal não aconteceu. Para além disso, deixou de haver listas para que possamos acompanhar a nossa evolução (ou saber se existem colocações com factor C). Conveniente. Ou seja, enquanto a Bolsa durar, pelo que eu sei, todos os candidatos na Bolsa atrás de mim podem ficar colocados e eu ficar em casa a dar em maluco. Assim decidiu o Ministério, que achou ser melhor escurecer o processo em vez de o deixar às claras.
Para além disso, temos as Ofertas de Escola. Encarem isto como uma candidatura a um emprego. Mandam uma proposta com o vosso currículo (neste caso com médias e graduações) e nunca chegam a saber quem entrou, se estava atrás de vós nos concursos. Nada. Novamente, um processo escurecido pelo Ministério, pois no ano passado, em todas as ofertas de escola mandavam um mail a dizer que não tínhamos sido seleccionados e quem tinha sido. Para além disso, são as Escolas que escolhem os critérios a serem pedidos na escolha de professores. Por exemplo, já vi uma escola que tinha um critério giro: ser Bombeiro Voluntário na localidade em questão. Ora, ser Bombeiro, como todos sabem, é essencial para ser professor. Ou isso, ou alguém queira colocar um primo numa escola. Uma de duas.
Agora que já vos fiz um resumo (e garanto que isto é a versão resumida dos concursos) imaginem o que me irrita ver os paizinhos a concordarem com a Ministra, afirmando que a culpa do estado do ensino é dos professores, que são bem pagos demais e não fazem nada. Imaginem o que me irrita o silêncio dos sindicatos nesta altura, em que só os contratados lutam, e esses não têm poder para os eleger, nem para lhes dar tacho. Imaginem o que me irrita o silêncio dos meios de comunicação social, que se preocupam com a cor das cuecas do Ronaldo, mas não se preocupam com uma situação que afecta 50000 portugueses.
Agora, imaginem o que é viverem agarrados a um telefone há mais de 9 dias à espera de um contacto de uma escola. Imaginem o que é esperar um mail com uma colocação. Imaginem o que é não saber onde vão parar, se vão parar, quando vão parar. Imaginem o que é terem de deixar a vossa família num sítio e terem de atravessar meio país para ganhar dinheiro, aturando pais e crianças que já desistiram da escola.
Imaginem o que é viverem assim. E talvez percebam que quando saímos à rua é por algum motivo. Porque estamos fartos de viver assim.
Agora vou ver o meu mail e olhar para o telemóvel até me deixar dormir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vantagens??? Pois sim...


Então não gosto?? Adoro.

sábado, 5 de setembro de 2009

A selecção e a minha esposa

Ora, ver um jogo da selecção Brasilei... desculpem, da selecção Portuguesa (se é que ainda lhe podemos chamar isso...está bem que se tivermos um bando de velhos cegos e pernetas escolhidos a dedo podemos chamar-lhe uma selecção...mas adiante) com a minha querida esposa é de facto tão bom como ver um dramalhão do caneco. Ela chora, ela ri, ela insulta toda a gente, ela não percebe qual das equipas é Portugal e passa 10 minutos do jogo a insultar os portugueses...
- Querida, Portugal está a jogar de branco...
- Afinal, eles não jogam de encarnado?!
- Não querida, branco...
Mas o grande momento do jogo foi quando ela usou as palavras "coitadinho" e "Ronaldo" na mesma frase. Considerando que ela passa metade da vida a insultar o puto, achei uma tremenda piada a esse pequeno comentário.
O pior é que ela é extremamente racista nos comentários. O que torna a questão difícil tratando-se dos dinamarqueses. Acho que o pior que se pode dizer deles é que escrevem contos infantis. E ela hoje até esteve bastante fraquinha nos insultos.
Claro que faltam uns minutos e Portugal está a perder. E vaticino que isto é para manter. Por isso, meu caro Queiroz, já foste!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

F$#%-SE!

A minha querida Maria passa a vida a dizer-me para não escrever posts cheios de sentimento. Que o pessoal não tem paciência para ler e que não querem saber do meu sofrimento. Desta vez vou ignorar o seu conselho. Porque estou realmente chateado com o facto de não ter sido colocado. Nem eu, nem ela. Irrita-em que existam não sei quantos professores de segunda por aí a ocuparem horários e que eu não arranje nada. Não sou o Super-Professor, mas sou bem melhor que muitos que conheci.
Por isso, este é um post triste. É um post em que derrapo para o lado lamechas e isso tudo. Porque hoje foi um dia de merda na minha vida. E desde que sou professor (sete anos) é um dia que se repete muitas vezes.

domingo, 23 de agosto de 2009

Coisas que me moem o miolo...

Depois de uma série de eventos na minha vida, dou comigo sentado num sofá a pensar em várias coisas que me perturbam a cuca. Porque é que eu tenho uma vida económica que nem me deixa ir ao Avante beber uns canecos e estar com amigos? Porque é que a televisão portuguesa é tão, mas tão ruim que me faz querer pegar fogo ao meu televisor? Porque é que a porra das colocações nunca mais saem?
Quanto ao dinheiro, já começo a ficar habituado a isso. Quanto à T.V. ... sem comentários. Quanto às colocações...
Imaginem o que é nunca saber o dia de amanhã. Nunca saber com o que podem contar. Se fico com uma escola, se tenho de arranjar outro emprego. Se for colocado, pensar no onde e em todos os comos que isso arrasta. Se tenho de mudar de casa, se tenho de adaptar toda a minha vida...
Sinceramente, é a espera que me dá cabo da cabeça...o resultado é apenas a consequência. Esperar é cruel. Este ano nem sequer deram uma data. Ou seja, estamos todos a roer as unhas em casa a esperar...e a esperar...e a esperar... ah, e a desejar uma diarreia daquelas boas ao pessoal do Ministério. Afinal, somos professores, mas humanos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O medo, o horror, a tragédia

Ora, eu até nem tenho nada contra as terceiras e quartas idades. Excepto quando falamos das terceiras e quartas idades aqui na santa terrinha onde Judas nem passou, tal era a insignificância deste buraco. Existem momentos na vida de um homem em que apetece fazer algo como pegar numa arma e desatar aos tiros indiscriminadamente. Ontem tive um desses momentos.
Eu sofro de uma pequena doença de pele. Nada de mais, coisa pouca. Uma das curas para isso é a água do mar. Como não há mar aqui na terrinha, tenta-se a hipótese dois: o cloro das piscinas. E isso a terrinha tem.
Ontem ia eu a a Maria para o meu momento diário de cura quando notámos uma anormal concentração de automóveis junto às instalações da pisicina. Pensámos que se trataria de qualquer evento nas piscinas interiores, visto que a média de frequentadores à hora que vamos se limita a 10 pessoas (muitas vezes apenas nós).
Qual não é o nosso espanto quanto olhamos para a piscina exterior e a mesma está cheia? Mas, o horror era que estava cheia de velhinhas adoráveis, daquelas que parecem as nossas queridas avozinhas, TODAS DE FATO DE BANHO OU BIKINI!!!! Sim, leram bem, BIKINI!!!
Ao que parece, era a aula de Hidroginástica. Gratuita. E bastou que uma velhinha soubesse para que aquilo virasse o chá das cinco (piada à incontinência e ao facto de estarem dentro da piscina).
Saí blasfemando todas aquelas senhoras e o senhor que teve a ideia peregrina das aulas de ginástica dentro de água. E, está claro, acordei várias vezes ao longo da noite a gritar: BIKINI!!!

sábado, 8 de agosto de 2009

Façam o favor de ser felizes

É certo que montes de pessoal morre. Todos os dias. Muitos deles famosos, outros nem por isso. Quase nenhuma dessas mortes me toca. Hoje foi um dia de excepção.
O grande Raul Solnado já não está entre nós. A partir de hoje faz rir anjos e outros que tais. E, ao saber a notícia, senti-me triste. Com razão para tal. Se aprendi o que era humor foi com ele. Muito antes de saber o que era Python ou qualquer outra das minha influências de humor, ouvi Solnado em vinil a descrever uma guerra sem sentido como todas as outras guerras sem sentido. Ouvia ladrões de carteiras de escola e avôs que eram surdos que nem uma porta. Ria-me de piadas que nem sequer percebia porque Solnado fazia rir.
Poucos artistas conseguiram ou conseguirão o que Solnado fez pelo humor em Portugal. Foi ele que começou o Stand Up ainda o Nogueira e o Nilton andavam de fraldas. Foi ele que criou os tempos cómicos mais perfeitos da história. Foram dele as melhores personagens de humor criadas em Português.
Por vezes esquecemos os grandes. A ti, que me ensinaste o que é rir, desejo-te que nunca sejas esquecido.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Actimel

Marco Paulo. Basta dizer estas duas palavras para o post estar completo. O problema é que eu tenho de estragar tudo.
Ora, lembro-me eu que o senhor disse, aquando do seu cancro (ou câncaro, consoante os seus fãs) que foi Fátima (não a de Felgueiras, mas a Nossa Senhora) que o curou. Claro que a minha sogra é fã do mesmo (e o meu sogro diz que ele tem um desvio sexual, o que dá brigas engraçadas) e acha que foi mesmo a dita. Eu acho que foi mais ali para os lados da Diabba que veio a cura do mesmo.
De qualquer das formas, agora o senhor vem para a televisão dizer que é do Actimel. Portanto já começa a ser difícil escolher quem tem a culpa de ele se ter safado. E isto para já nem sequer falar do aparelho auditivo que eu nunca hei-de usar, visto que se ouve em permanência as canções do senhor.
Para além disso, estou a ver o Verão Total em Elvas. Para quem não sabe, o Verão Total é um daqueles programitas de verão itinerantes, que passam de terrinha em terrinha. Por isso, continuo à espera que o Marco Paulo lá apareça a cantar. Porque isso sim, completaria o meu dia. Aliás, a minha vida.

domingo, 19 de julho de 2009

Medo

Estava eu nu sentado no sofá (é uma longa história que não me apetece estar a explicar aqui, mas garanto-vos que não é habitual) e o José Rodrigues dos Santos, com voz marota e ar dengoso, diz a seguinte frase: "A si, em especial, uma boa noite."
Estou em choque...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Amorrr não é...Parte 1

Em resposta a uma certa bloguista que por acaso mora comigo (mas um acaso muito grande), tenho aqui umas certas coisinhas que gostava de divulgar.
Quando me apaixonei pela primeira vez por ela (sim, porque uma pessoa apaixona-se quase todos os dias), achei que ela era a pessoa mais querida do mundo. Sim, eu sei. Eu sou estúpido que nem uma porta.
Passados uns meses, começaram a sair as garras. Mas eu vivia no amor e deixei andar. Hoje é ela que usa as calças cá em casa. Sem comentários.
Pois é, se queres conhecer a tua mulher, olha para a tua sogra. E eu sei de antemão que estou tramado. Porque ela hoje já consegue ser pior que a dita cuja.
Hoje chateou-se comigo porque eu demoro muito tempo a sair da letargia do acordar. No meu primeiro dia de folga em quase duas semanas. Estou tramado.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sobre as colocações...

"O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, desdramatizou os números. "Muitos dos candidatos são professores do ensino privado que tentam colocação no público ou professores que estão nas Actividades de Enriquecimento Curricular", disse, alegando que não ficarão no desemprego."


Meu caro Valter, se fosses ter um acidente mortal contra uma manada de sífilis e outras DST's? Com que então, o pessoal que anda nas AEC não está no desemprego? Hás-de me explicar como é que uma pessoa que não tem regalias sociais, que chega a receber 200 euros por mês de trabalho a recibos verdes pode ser considerado como colocado.

A sério, se fosses morrer longe e com muita dor, não fazias mesmo falta nenhuma.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Bom samaritano

Sempre me irritaram as pessoas que reclamam por tudo. Todo o mundo está contra eles, tudo lhes corre mal, todas as pessoas representam o demónio. Pois bem, e admitindo que por vezes sou assim, resolvi enfrentar uma dessas pessoas. O resultado, como é óbvio, foi desastroso.
Ninguém gosta que nos digam quais os nossos erros. Quais as nossas imperfeições. Que, por vezes, o problema somos mesmo nós.
Neste caso, estamos a falar de uma pessoa de quem ainda nunca ouvi ninguém dizer bem. Ninguém. Aliás, acho que sempre que ouvi falar mal dele. Hoje, como bom samaritano, resolvi interferir em mais uma das situações causadas pelo próprio, de forma a acalmar os ânimos já animados que se viviam na sala de professores. Erro!
Comecei por usar o humor, coisa que já percebi que falha sempre nestas mentes mais singelas. Meti uma laracha ou outra, mas a situação já tinha passado essa abordagem. Passei ao Plano B. Fazer com que as pessoas se acalmassem e discutissem como adultos. Claro que quando temos duas peixeiras a discutir a qualidade e o preço dos seus produtos, é preciso ser um pouco suicida para nos metermos no meio delas. Aqui passou-se o mesmo. Em vez de discutirem um com o outro, viraram-se para mim. Coisa que me fez perder a pouca paciência que me restava.
Moral da história, apontei os defeitos e as virtudes de cada um, virei costas e mandei-os para a mãe deles. Quem me manda a mim ser bom samaritano?
Agora já sou olhado de lado por mais duas pessoas dentro da escola. E cada vez mais feliz por isso. Por isso, até acabei por ganhar alguma coisa com isso.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Wrong turn

Acabaram-se hoje na minha escola as reuniões de avaliação. E desde já digo que cada vez mais me irrita ter escolhido esta carreira. Gosto de ensinar quem quer aprender, mas quem quer aprender é cada vez menos do quem quer passar o tempo na escola a beijar miúdas e a apanhar doenças.
Pois bem, estive num braço de ferro com os meus colegas de uma turma, porque me recusava a passar um aluno que, com 6 negativas, um passado de trampa naquela escola e com um comportamento miserável, tinha de ser passado porque já tinha chumbado o ano anterior. Ora, perguntei eu, qual é a vantagem de passar um miúdo que nada faz e nada sabe para outro ano? Disseram-me eles que tinha de ser. Se votasse contra, haveria outra reunião no dia seguinte, onde o meu voto deixaria de ter peso e assim passavam o puto. Mesmo que houvesse colegas que mudassem de opinião e o chumbassem, o puto passava por decisão do Pedagógico.
Acabei aquela reunião derrotado, mas deixei no ar uma pergunta que me deixou muitos amigos dentro daquela escola: "Vocês lembram-se do dia em que deixaram de ser professores?"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A minha vida por um cesto...

Pois. Como começar isto? Já sei! AUUUUUUUUUUU!
Ontem, depois de um dia de reuniões de avaliação que me deixaram de nervos em franja (ainda haverá um post sobre isto no futuro), resolvi ir com a minha Maria às compras. Como bom português, vou a vários hipers e supers em busca dos preços mais baratos.
Fizemos o grosso das compras no Continente, mas deixámos uma ou duas coisas para comprar no Jumbo. Por exemplo, sabia que o azeite Oliveira da Serra custava 1.60€ e seria uma boa compra.
Quando chegámos ao Jumbo, começámos a agarrar numa coisa, em duas, em três. Quando já parecíamos equilibristas do circo com não sei quantas coisas, lá resolvemos ir apanhar um cesto. Eu, cavalheiro, disse que iria lá. A minha Maria achou que seria ela a melhor apanhadora de cestos. Passou-me todas as compras para as minhas mãos. Desviou uma ou outra para que eu pudesse respirar. Enquanto ela demorou as duas ou três horas para voltar eu fui à charcutaria de senha amarrotada no meio dos sacos de meloa e outras coisas. A senhora da charcutaria diz o número e eu, numa tentativa falhada de ver o número da minha senha, mexi na ordem cósmica das coisas que trazia na mão, nas quais se incluíam duas garrafas de azeite.
De repente, dei por mim rodeado de pessoas de bata branca e de um segurança. Um mar de azeite no chão pintalgado de sangue e um dedo do pé com uns quantos cortes. Claro que a minha Maria ainda andava à procura de um cesto (ou a ver capas de revista, uma delas) e eu em dores e a sangrar.
Considerando o tamanho do Jumbo, acho que partir uma garrafa de azeite em cima de um pé é como um acidente na auto-estrada. Todos os que passavam demoravam mais uns cinco minutos do que era necessário para apanharem a sopa congelada ou as ervilhas.
As senhoras da charcutaria a olharem para mim com aquele ar de que eu ia morrer a qualquer momento, o segurança a passar-se porque não tinha luvas para me fazer o curativo e as pessoas opinavam sobre a gravidade das minhas feridas. E a Maria? Ainda em lado nenhum que eu pudesse ver.
E eu estava preocupado com o quê?. Não com o sangue que saía do meu corpo, não com as dores que sentia, mas sim com a garrafa de azeite que havia partido, com o incómodo que estava a dar áquelas pessoas, com o azeite que saltara para a minha roupa e com o sermão que iria ouvir da Maria porque nunca tenho cuidado com as nódoas.
Eis que então chega El-Rei D.Sebastião com o cesto. A olhar para todo aquele cenário com uma cara de pânico a pensar que todo aquele sangue me iria matar ou coisa que lhe valha e a falar rapidamente coisas sem nexo. Estava tão assustada que nem mandou a miúda da charcutaria que a tratou por tu para todo o lado.
Lá tive eu de fazer o curativo porque o segurança continuava de volta das luvas que não existiam, de comprar uns chinelos de praia porque as minhas sandálias estavam tão temperadas como uma salada de verão e de sair dali porque estava farto das entrevistas sobre o que me acontecera.
Tudo isto porquê? Porque não apanhei uma porra de um cesto quando lá entrei. Agora tenho um dedo todo negro cheio de golpes, uma cambada de dores e uma semana cheia de reuniões pela frente. Eu cheira-me que algum puto tirou um workshop de voodoo e que existe para aí um bonequinho de plasticina com a minha cara. Ou isso, ou é o meu azar típico a vir ao de cima.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O fim...

Hoje apeteceu-me fazer como os miúdos e sair da minha última aula a gritar "Férias...Férias". Apesar de ainda me faltar mês e meio para estar efectivamente de férias e apesar de não ter sido um dos meus piores anos em termos de trabalho (e considerando tratar-se do primeiro em que fui efectivamente colocado), descobri que para além das aulas existe um mundo bem maior e mais complexo dentro dos muros de uma escola.
Certo é que me deu um prazer enorme acabar com uma das minhas piores turmas. Putos betos, todos iguais, com a mania que são gente. Se juntássemos todos os neurónios daquela turma equivalia a um décimo do cérebro de um José Castelo Branco.
É triste ver ao que o ensino chegou. Os alunos pensam que têm direito à positiva apenas por estarem dentro da sala. Tenho certos alunos que nem isso conseguem fazer de forma correcta. Mexem-se que nem macacos uma aula toda e, claro, ainda ficam ofendidos quando lhes dizemos para se sentarem como pessoas.
A maioria dos alunos nem sequer sabem ler ou escrever na sua própria língua. Como raio é que eu hei-de conseguir ensinar-lhes uma língua estrangeira?
De quem é a culpa? Não interessa. O que é que se pode fazer? Sinceramente, acho que nada. Portugal caminha para a estupidificação em massa. Seremos um país de chico-espertos analfabetos. Porque a partir do momento em que falha a educação...