terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O desemprego

Ora, estar desempregado é algo que é chato. Pelo menos para mim, que não fui educado para ser um parasita da sociedade, tipo político. Mais chato ainda é a forma com que este país lida com os desempregados.
As situações pelas quais passei desde que assumi esta faceta da minha vida davam para escrever um livro. Do tamanho da Bíblia. Em vários volumes.
As filas, meu Deus, as filas. É desumano a quantidade de filas pelas quais passei (e ainda passo) sempre que preciso de resolver alguma coisa no IEFP ou na Seg. Social. Como mudei de residência, já passei por dois centros do dito órgão e as filas estão sempre lá. Sempre. Ao ponto de já ter adoptado o sistema do velhinho no centro de saúde e ir para lá uma hora ou mais antes daquilo abrir. Assim, em vez de ter 200 pessoas à minha frente, tenho só 100.
E as brilhantes conversas que se ouvem enquanto se perdem horas para ser atendido? Um clássico. Desde o velhinho "...no estrangeiro não é nada assim, porque tenho um primo ná França..." ao típico "´...isto é tudo uma cambada de gatunos, chupistas,...", tudo se ouve durante esta tortura.
Mas nem é este o meu aspecto favorito da coisa. O melhor são as apresentações quinzenais. Os desempregados têm de passar por um processo que nem os prisioneiros em condicional passam em Portugal. Apresentarem-se a cada quinze dias numa junta de freguesia ou coisa que o valha. Para quê? Ninguém sabe ao certo. Claro que estamos a falar de mais filas para nos entretermos com as conversas alheias.
Também já passei pelas sessões de esclarecimento. Várias. Que me esclareceram de uma coisa óbvia. O IEFP não está preparado para licenciados desempregados. Pior, não está preparado para professores desempregados. À pergunta "Essa medida aplica-se a licenciados?", invariavelmente ouvi a resposta "Não.". Mais tempo perdido, mais umas conversas da treta acumuladas.
No meio disto tudo, pergunto-me: "Mas o IEFP não serve para arranjar emprego aos desempregados?". Não. Perdi horas em filas para tratar de papéis, perdi horas em sessões de esclarecimento, apresento-me a cada quinze dias para justificar um subsídio que demorou três meses a ser aprovado, mas ainda não recebi uma única proposta de emprego desde que me inscrevi. Nada.
O que torna tudo isto simples de perceber. Se eu não mexer o meu bonito rabo para me safar, não serão estes senhores a fazê-lo por mim. A não ser que envolva filas...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

2012-2013

Mais uma vez, este amigo ficou ao abandono. A vida pregou-me umas rasteiras valentes no final de 2012, o que fez com que não tivesse paciência para escrever fosse o que fosse aqui.
Hoje, ao ler um post absolutamente extraordinário da Quadripolaridades, apercebi-me que o Blogger, o meu psicólogo gratuito, está ainda aqui para me permitir desabafar com o mundo.
O ponto mais baixo de 2012 foi o desemprego (que ainda se mantém). Não contava ser posto de parte da maneira que fui. Não esperava um ano sem dar aulas, uma vida sem ter nada que fazer. Pela primeira vez em 35 anos, estou parado em casa.
No início, passei pela questão da "depressão" e da melancolia. Coitado do Vitinho, que é tão bom e bonitinho. Depois espetei um estalo a mim próprio e reagi. Não é o fim do mundo. Por enquanto...
Tive muitas coisas boas. Mudei de casa. Deixei o meu apartamento citadino, rodeado de cimento, betão e assaltos, para um apartamento campestre, rodeado de sol, verde e silêncio (tirando o raio dos cães da vizinhança que não se calam). Descobri novos interesses (nada sexual) com os quais ocupo os meus dias de desempregado. Também descobri um sistema absolutamente absurdo com que o IEFP gere os desempregados, mas isso ficará para outros posts. Mais importante, continuo casado com a mulher mais linda, compreensiva, apoiante (?), inteligente e talentosa que o mundo já conheceu. Tem sido nela que me apoio todos os dias para não deixar que a loucura do excesso de tempo livre me afecte.
Hoje, 4 de Janeiro, faço anos. Sinto-me como seria de esperar que uma pessoa com 35 anos desempregada se sente neste momento: um futuro incerto pela frente. No entanto, sinto-me confiante. Não sei porquê. Honestamente, não tenho razões nenhumas para tal. Acredito que o futuro seja melhor, que finalmente se abra a porta que mude de vez a minha vida. Não sei. Mas acredito.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Portugal, um país de machos

Sempre tive um grave problema em me afirmar como macho. Apesar de ter um metro e quase noventa, barba rija, pouco cabelo e uma barriga de fazer inveja a muito GNR, nunca consegui passar a imagem de macho.
"E o que interessa isso?" - perguntam os jovens leitores que ainda não tiveram um contacto com o país que nos rodeia. Tudo, quando vamos a uma oficina.
Sempre me stressou ir a uma oficina. Eu posso dizer que prefiro ir arrancar dentes, enquanto me queimam os testículos com ferros em brasa e me cortam as unhas com um aparador de relva, do que ir a uma oficina. Aquilo é sítio para tresandar a testosterona e outros fluídos emanados pelo corpo humano. E eu sou um bocado avesso a esses espaços.
Depois, vem toda uma questão de conversas. Enquanto esperamos pelo atendimento, fala-se de coisas machas: touradas, futebol, gajas e diz-se mal dos políticos. Ora, não gosto de touradas e acho aquilo um espectáculo bárbaro e medieval. Não gosto de futebol, porque acho que pagar balúrdios a 11 manos que sabem correr atrás de uma bola é um bocado vá...estúpido. Gajas até gosto, mas sou casado e acho que falar de outras mulheres é uma certa forma de traição. Dizer mal dos políticos...nessa sou um perito, mas não consigo abordar a questão, porque há sempre uma conversa de bola, tourada ou gajas.
Quando finalmente sou atendido, começa a humilhação:
- Então, o que tem o carro?
- É aquela peça ali, que está a fazer um barulhinho e que não me permite fazer coisas que o carro faz.
- Portanto, o motor...
E nesse momento, junta-se à minha volta um monte de mecânicos que se riem apontando para mim, o parolo que não sabe o nome das peças do carro. (pelo menos, isso acontece no meu cérebro, já de si poluído pelos fumos e pela testosterona)
Hoje perdi 90 minutos da minha vida a identificar a peça do carro que não funcionava antes de ir à oficina. E descobri que o meu "amortecedor de tampa" (aquela coisa que faz com que a porta traseira abra e fique aberta sem nos bater na cabeça) estava avariado. Chego de peito firme à oficina, sobrevivo à conversa da bola (por sorte ouvi na rádio que Portugal ganhou e deu para meter o comentário: "Então, e Portugal, hã?"), dirijo-me estoicamente ao mecânico e digo, que nem o macho que sou:
- Preciso que me troque os amortecedores de tampa! - enquanto bato com a mão de forma macha no balcão e espero a ovação de pé dos mecânicos.
- E qual é o carro? - diz o mecânico, indiferente ao meu odor de macho.
- Um Corsa. - MACHO!
- De que tipo?
- FDX...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cenas dos capítulos anteriores...

Bom, considerando que deixei esta coisa ao abandono, as duas pessoas que ainda perdiam a sua juventude a ler este blog ficaram sem novidades da minha pessoa. Por isso cá vai, em jeito de recap das séries amaricanas:
1 - O meu cabelo continua teimosamente a cair. É um facto. Não sei porquê, eu não lhe fiz mal nenhum, no entanto...
2 - Descobri que a pele humana é verdadeiramente fascinante. Que é como quem diz, tenho uma nova micose, ou alergia, ou eczema, ou lá o raio. E para todos aqueles que ficaram com a imagem do meu escroto na cabeça, não é aí. E o meu escroto é muito mais bonito do que isso que vocês imaginaram.
3 - Ainda não desmembrei nem assassinei nenhum aluno. Por muita vontade que tenha, lembro-me das famosas palavras do Confúcio: "A prisão alarga o ânus."
4 - A minha mulher continua a  merecer um Nobel da paciência, pois ainda me dá amor todos os dias. Claro que eu reclamo que eu queria mesmo era "o amor" todos os dias, mas ela chama-me nomes e vira-me costas. Tudo uma questão de Zen.
5 - Estou cada vez mais um velho rabugento, daqueles que gostam da mantinha pelas pernas num Sábado à noite e que reclama porque não dá nada de jeito no televisor. E irritam-me as pessoas que têm uma vida social, porque "nos meus tempos não havia esta pouca vergonha".
6 - Como já deu para perceber, ignoro um bocadinho o Acordo Ortográfico. A minha mãe sempre me disse que eu tinha a mania de contrariar.
7 - Ganhei o hábito de fazer listas com números a ilustrar aspectos da minha vida.
8 - A minha gata está com o cio há uns bons três meses. É provavelmente a badalhoca mais oferecida que eu já conheci...tirando algumas colegas de trabalho.

Podia continuar eternamente, mas preciso de guardar temas, porque isto de fechar blogs duas vezes no mesmo ano é capaz de criar brotoeja e já me basta a micose que tenho no...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Pior que o Dino Meira...

Olá, o meu nome é Vitor. Sou um blogólico anónimo.
Sinto saudades deste espaço. Sinto vontade de o reabrir, de partilhar com o mundo as experiências e as idiotices que sucedem na minha vida. Sinto saudades de comentários e de me sentir lido.
Por muito que me tenha separado deste cantinho, existe sempre uma força invisível a arrastar-me para aqui, a esbofetear-me e a dizer: "Deixa de ser larilas e escreve alguma coisa!". Ora, eu não gosto de ser tratado pelo meu nome do meio, por isso resolvi voltar, limpar o pó à casa e aspirar os pêlos dos gatos (raio de mania de se deitarem em cima do blog).
Preparem-se para mais relatos cheios de emoç...interes...coisas!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

De maneiras que...

Ora, de maneiras que a vida adulta, a falta de tempo, o Facebook e tudo, e tudo, acabaram com o que foi um bom projecto. Este blog encontra-se defunto, moribundo nas suas palavras passadas, à espera do coro invisível que o leve para outro mundo.
Por isso, aqui fica o fim de um sonho, de um conto, de uma parte da minha vida. A todos os que acompanahram isto desde o início, o meu obrigado. Aos restantes, que vierem parar aqui por pesquisas de pornografia, ide masturbar-se para outro espaço.

Beijos e abraços

P.S. - Eu sei que vou voltar, mas pronto...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Como eu gosto de instituições bancárias...

Vou iniciar hoje uma série de relatos de certos e determinados eventos que me foram acontecendo ao longo deste ano. Algumas já datam de há largos meses, outras são mais recentes e eu gostava que nenhuma me tivesse acontecido.
A primeira aconteceu há cerca de três meses, e só teve conclusão há alguns dias. Tudo começa num belo dia em que me dirijo ao multibanco e descubro que o meu cartão não funciona. Segundo a informação na máquina, não podia "efectuar operações". Telefonei para o banco e informaram-me que suspeitavam de fraude com os dados de cartão e que o mesmo estava na LISTA NEGRA. Ora, eu que até sou uma pessoa compreensiva, aceitei a justificação de que eu estava na lista negra de alguém e segui o meu caminho. Isso e o facto de ter um segundo cartão no nome da esposa que nunca utilizamos. Pego no cartão, todo feliz e contente, e dirijo-me ao multibanco mais próximo. Mas, qual não é a minha surpresa quando vejo a mesma informação no écran da coisa. Volto a ligar para o banco e, desta vez, não sou assim tão compreensivo como da primeira vez. Voltam-me com a conversa da LISTA NEGRA e coiso e tal. Peço soluções e eles dizem-me que vá a um banco e peça uns cartões novos, que isto até é rápido e tal e o banco até suporta os custos.
Assim foi, fui a um banco e pedi um cartãozinho novo. E disse que até tinha uma certa urgência. E eles disseram-me que a urgência se pagava. E eu deixei de ter urgência. Eles disseram-me que, no máximo, sete dias e já tinha o cartão na mão. E agora, faço o quê? perguntei eu. Agora, peça uma caderneta. Uma caderneta? Mas isso não é aquela cena em papel que os velhinhos usam? Sim, mas é a única forma que tem para levantar dinheiro. Então está bem, que remédio. Mas o único sítio onde isto funciona é a 12km da sua casa. Portanto, sempre que quiser ir levantar dinheiro...(isto foi o meu momento Saramago).
Como eram só sete dias NO MÁXIMO, eu fui na conversa. Um mês e meio depois, telefonei com ainda menos paciência para o banco a passar-me totalmente da cabeça com a situação. E fui informado que isto era uma situação anormal (com o qual eu concordei) e que tinham sido MILHARES de cartões cancelados, por isso isto estava a demorar um pouco mais que o normal. UM POUCO MAIS!
Os cartões lá chegaram e eu mandei emoldurar a caderneta numa daquelas molduras que diz "Quebrar em caso de emergência". Nunca se sabe...

domingo, 3 de julho de 2011

Orgulho

"Ser professor é mais do que ensinar. É ser-se uma influência positiva nas vidas de todos os que nos passam pelas mãos." Ouvi esta frase ao longo do curso várias vezes. E sempre pensei que seria algo fácil, considerando quem pensava que era.
Com os anos descobri que não é assim tão fácil. Fazer com que eles percebam que tudo o que fazemos é para que eles se tornem pessoas melhores. Que se tornem seres pensantes e responsáveis. Acabo sempre por ser encarado como o professor chato e exigente, que pede demais deles.
Hoje ganhei novamente a fé de que isso é possível. Tudo devido à minha Maria. A MELHOR PROFESSORA DE SEMPRE! Digam-me o que disserem. O que vi hoje, duas semanas depois do fim das aulas, foi algo que julguei perdido para sempre na educação. Ela conseguiu reunir pais, professores e alunos num encontro informal, em que todos manifestaram a falta que ela lhes vai fazer. Não pelo politicamente correcto. Não pelo ficar bem. Porque o sentiam mesmo. Lágrimas e tudo lá pelo meio. Pais que ainda são pais a sério a agradecerem o trabalho que ela teve um ano inteiro. Alunos que olham para ela com um orgulho, como que a dizer: "Esta foi a minha DT!".
E eu, um simples professor, que olhava com uma inveja tremenda para ela. E eu, um simples marido, que se orgulha cada vez mais de a ter como mulher.

domingo, 15 de maio de 2011

Violação

Ora, todo o país sabe que está em crise. Apesar de ainda não ter percebido qual foi o motivo da mesma, considerando que o PS já está à frente nas sondagens. O problema é que, após uma análise profunda por parte dos investigadores deste blog, cheguei à conclusão que existe mais do que uma crise em Portugal.
Profundamente afectado desde o 25 de Abril, Portugal mergulha de crise em crise. Se não é uma crise financeira é a constante crise de valores que nos afecta. O problema é que quando maior for a crise financeira pior é a falta de valores. A criminalidade aumenta, o sentimento de impunidade parece maior, o respeito pelo outro é apenas um chavão que fica bem. Portugal, país do deixa andar, do está tudo bem, do logo se vê, continua a permitir que o seu povo fique estúpido, mal educado e, pior que tudo isto, inocente de qualquer acto que vá contra o que deveriam ser leis instituídas.
E quando esse acto vai efectivamente contra as leis instituídas? Temos a justiça do nosso lado? Temos um colectivo de pessoas que estudou para defender a nossa integridade, a trabalhar para que o culpado seja tratado de forma conveniente? Ou a crise de valores já afectou até este grupo?
O caso da mulher grávida que foi violada pelo seu psiquiatra,  João Vasconcelos Vilas Boas, é o verdadeiro indício que nem na justiça já podemos confiar. Como é que alguém viola uma mulher e sai impune? Eu ficava-me por aqui. Mas este caso é retorcido em pormenores. A mulher estava grávida de oito meses, a mulher consultava-o porque estava perturbada, a mulher recusou o sexo, a mulher disse NÃO, a mulher foi violada. Pior, ele admitiu que o tinha feito e confirmou a versão da mulher. E mesmo assim, mesmo depois de tudo isto, ele sai em liberdade. ELE SAI EM LIBERDADE! Isto é uma prova de incompetência total da justiça. De falência de valores e costumes e de tudo o que consideramos como justo.
"Para o colectivo de juízes, o arguido não cometeu o crime de violação, porque este implica colocar «a vítima na impossibilidade de resistir para a constranger à prática da cópula». Diz o acórdão que para que tal acontecesse era preciso que «a situação de impossibilidade de resistência tivesse sido criada pelo arguido, não relevando, para a verificação deste requisito, o facto de a ofendida apresentar uma personalidade fragilizada»." pode ler-se no jornal SOL.
Fica um pensamento: Se algum dia isto acontecer a alguém que amo, eu mato o arguido. E depois justifico o crime com o facto de não ter colocado "a vítima na impossibilidade de resistir ".

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Teorias de conspiração

Cada vez mais acontecem coisas neste país que ninguém consegue explicar. Desde tolerâncias de ponto em situação de crise, a patrões chantagearem funcionários para trabalhar no Dia do Trabalhador, apelos ao voto em branco, demissões de responsabilidades por partidos políticos, manifestações, greves e tudo e tudo.
Ora, com os senhores da Troika em Portugal, tudo parece ser válido. Até o facto da TVI, esses grandes fazedores de saber cultural, usarem a palavra Troika para descrever a combinação de "granizo, chuva e frio". Uns cómicos, sem dúvida.
O que me preocupa não é o amanhã, quando os senhores do FMI e companhia lançaram a sua rede sobre o país. O que me preocupa, perturba e enfurece é a esta fase, sem dúvida a favorita dos portugueses: o diz que disse. Diz que o FMI vai pagar os subsídios em certificados de aforro. Diz que o FMI vai demitir 20% da Função Pública. Diz que o FMI vai converter a água da chuva em combustível. Diz que o FMI vai sacrificar dez virgens para apaziguar os deuses da Europa. A sério, já se calavam.
Se eu e qualquer português que ainda utilize o cérebro pensarem um pouco, chegam a uma conclusão: a única coisa que o FMI já disse mesmo foi que este país foi governado sucessivamente por um bando de idiotas, mimados, egoístas e irresponsáveis. (Não foram bem estas palavras, mas eu tenho problemas de memória. ) Então, serão assim os portugueses tão burros que vão votar no mesmo político (chamar-lhe isto é um insulto a tantas pessoas) que afundou de vez o país com obras titânicas e birras descomunais? Segundo consta, segundo as últimas sondagens, parece que sim. Que os portugueses não aprendem mesmo nada com a experiência. E, de fonte segura, sei que é verdade, porque diz que o FMI fez uma sondagem...

sábado, 16 de abril de 2011

Deixei de acreditar em fadas.

Hoje foi inaugurado o trajecto que faltava à CRIL. Um projecto com 33 anos concluído numa altura em que o FMI diz que o país se fartou de gastar dinheiro em obras desnecessárias. Não que isso seja o tema deste post.
Ao ler notícias sobre esta inauguração nos jornais online, dei-me ao trabalho de ler os comentários. E, em vez de criticarem os sucessivos governos que adiaram a obra, o dinheiro mal gasto, o trajecto com defeitos e falhas óbvias para os moradores...nada disso! Uma autêntica guerra entre Norte e Sul devido ao pagamento de portagens. Do Norte queixam-se que pagam SCUT's e portagens, no Sul queixam-se das pontes e dos acessos a Lisboa. E assim começa uma troca de acusações de parte a parte, algumas com sentido, outras nem por isso.
Como esperam que este país chegue a algum lado? Somos um país pequeno em dimensão que continua cheio de mini-fronteiras dentro de si. Onde as pessoas só querem viver rodeados dos seus. Onde o clubismo e o bairrismo são mais fortes que o orgulho nacional.
Já afirmei isto tantas vezes: os grandes culpados do estado deste país não são os seus governantes, mas sim o povo. Um povo que acumula defeitos e ignora qualidades. Um povo que luta por um campeonato de futebol como se não houvesse amanhã, mas não sabe lutar pelos seus direitos. Um povo que grita pelas ruas apenas quando as injustiças lhes tocam directamente. Um povo que sabe criticar, mas não sabe solucionar.
Enfim, um povo que merece o que lhe está a acontecer.

domingo, 10 de abril de 2011

No fim de contas...o fim das contas.

Ora, não querendo ser eu o Velho do Restelo desta blogosfera, eu avisei, não avisei. A luz ao fundo do túnel era mesmo um comboio. Daqueles antigos, que eu não gosto de modernices, tipo TGV.
As eleições vão ser uma palhaçada. Das grandes. Sócrates (de papo cheio depois do FMI lhe ter dado razão) contra Passos Coelho (aquele que passou de grande libertador para o bode expiatório de toda esta trama). Os outros fazem peso. Ou possíveis coligações.
E o povo, pá? (sim, plágio em grande estilo) Será que vai cair no conto do vigário e reelege o José? Será que vai dar maioria absoluta a quem foi acusado de ser o pior ditador de Portugal desde Salazar?
Que alternativas existem? O que pode um partido ou um homem oferecer a Portugal? De que forma poderá isto ir ao sítio?
Portugal é um país de gente de brandos costumes. Fizemos revoluções com flores e depois deixámo-las a apodrecer. Em 77, apenas 3 anos depois do 25 de Abril, já cá estava o FMI. Esta é a sua terceira visita. O que me leva a pensar que eles não sabem bem o que fazem. Se fossem competentes, bastava uma vez. Ou então, continuam à espera de uma gorjeta.
E a Islândia? País nórdico, educado e de brandos costumes. Recusam-se a fazer o que o Governo quer. Recusam-se a pagar uma dívida que não é deles. Querem condições para viver. Fazem-se ouvir.
Por isso, o meu candidato para primeiro-ministro? A Bjork. Ao menos, se o país se afundasse de vez, tínhamos uma belíssima banda sonora.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sócrates...E depois do adeus

São 18h33.
Às 20h00, Sócrates irá anunciar o Game Over do Governo.
Agora todas as apostas são aceites.
Ficaremos ou não piores com os senhores que se seguem?
O FMI vai ou não rebentar o país de vez?
Será que se vê uma luz ao fundo do túnel, ou é mesmo o comboio que vem na nossa direcção?
Mas, mais importante ainda, onde é a festa?

domingo, 20 de março de 2011

Ainda o tema manifestações...

Eu bem queria evitar este tema. A minha querida Maria diz-me sempre que eu sou para lá de dramático e que abordo sempre temas que me obrigam a ser sério. Ela tem razão. Isto já teve leitores...
Mas o post não é sobre as manifestações. É sobre o que li sobre elas. Os ferrenhos defensores de coisa nenhuma. A liberdade de expressão tem o seu lado bom, sem dúvida, mas é aqui que se nota o negativo da coisa.
O Governo atropelou-nos a todos. Estamos no fundo de um buraco negro. Qualquer que seja a nossa profissão, a nossa idade, a nossa cor política (ou falta dela), todos estamos no mesmo sítio. Se a manifestação da Geração à Rasca tinha sentido? Tinha. Por um motivo. Não havia partidos a tirar vantagem do povo.
Muitos criticam esta manifestação como sem sentido, sem propósito. Outros massacram o conceito de Geração à Rasca. Que são todos uns mimados que querem mama do Governo e do país. Eu estive lá e concordo, viu-se muito boa gente a caminhar pela Avenida que provavelmente nunca teve dificuldades na vida. Mas também vi famílias que apresentavam razões válidas de descontentamento. Vi reformados que se queixavam das reformas. Vi profissionais de várias áreas que cada vez mais sentem dificuldades em arranjar emprego condigno. E não me venham com a história dos cursos que não servem para nada. Se esses são burros, o problema é deles. Eu tirei um curso de ensino que só me deu emprego (precário, ainda hoje) cinco anos depois.
O maior protesto tem de ser contra a indiferença de um povo. A Avenida estava cheia. As pessoas gritavam "Basta!". O Governo tapou os ouvidos. Muito do nosso povo também. Infelizmente, não taparam a boca. Continuam a achar que o protesto é inútil.
Já tenho uns quantos anos de manifestações. Estive em várias estudantis, estive em várias de professores, estive em várias nacionais. E em todas há gente burra, que não sabe porque reclama. Que grita palavras de ordem sem sentido. Que faz número para estatísticas. Esta não foi diferente.
Eu estava lá. Não estava no Campo Pequeno. Que se lixe a Fenprof e o Bigodes. Esses não me dizem nada. Apenas quero o futuro pelo qual lutei toda a minha vida. E esse futuro passa por um emprego fixo que me permita concretizar os sonhos que cada vez mais adio.
Por isso, a todos os que reclamam contra uma pseudo Geração à Rasca, lembrem-se disto: esta geração somos todos nós. Novos ou velhos, com curso ou sem curso, empregados ou desempregados, todos estamos no mesmo barco. Aquele que está a ir ao fundo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Flying circus...

Eia,  as teias de aranha que andam por aqui...tenho de demitir a Consuela.
Pois, Portugal continua sempre no seu melhor. Isto é controvérsias de treta sobre a Eurovisão, um dejá-vu constante de notícias sobre o aumento dos preços, decretos que são revogados, moções de censura ao governo...podia continuar, mas seria inútil.
Todos nós conhecemos o estado do país. Todos nós sabemos quais as frases certas para dizer acerca disto. Eu já escrevi sobre isto há uns tempos. Os que falam demais e não agem, esta gloriosa carreira desportiva em Portugal, continuam a fazer o que sabem fazer melhor: dizer mal de tudo.
Eu sou professor. Eu sou português. Sinceramente, não me orgulho de nenhum. A nacionalidade é uma consequência do nascimento, a profissão de estupidez pessoal. Como é que me posso orgulhar de uma profissão que é constantemente rebaixada pela opinião pública, pelo governo, pelo país? E como é que me posso orgulhar de ser português, quando vejo pessoas mais preocupadas com a Eurovisão do que a visão do estado do país?
Minutos depois de ter sido revogado um decreto-lei que me iria deixar no desemprego e a muitos colegas, a ministra fantoche veio dizer que ainda vai fazer o que quer de qualquer maneira. E os comentários nos sites de notícias davam razão à senhora, que os chupistas dos professores têm de aprender a trabalhar.
Sim, temos de aprender a trabalhar. Concordo. Trabalhar apenas as horas que temos atribuídas no horário em vez de trazer trabalho para casa. Fazer apenas aquilo que está atribuído no horário, em vez de passar noites sem dormir a inventar maneiras de ensinar coisas simples a uma turma de miúdos que não quer saber de nada. Não gastar dinheiro em materiais que acabam por não servir de nada, porque os meninos querem é jogos de Playstation e Morangos com Açúcar.
E se me perguntarem o que é que eu faço todos os dias para mudar o estado do país? Já que gosto tanto de resmungar que o povo não faz nada, o que é que eu faço? Meus amigos, eu ensino. Ensino um geração que se está borrifando para tudo, mas que é o futuro deste país. E pode ser que algum deles me ouça. E pode ser que seja esse que faça a diferença.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quem vê TV sofre mais que no WC *


Long live the king! - Grande Jeremy.

A única forma que tenho de me esquecer da estupidez que aturo na escola é ligar a TV e assitir a qualquer coisa que se aproveite. O que acaba por ser um desafio quase tão impossível como achar que a Cláudia Vieira é uma apresentadora.
Com mais de 40 canais, faço um primeiro zapping e, numa primeira selecção, fico-me por três canais no máximo. O que me leva a pensar que pago demasiado pelo cabo.
Desses três, dois são de certeza documentários. E eu sei que não os vou ver. Porquê? Porque estão dobrados. Mas isto é o quê, Espanha?!
Eu odeio dobragens. Embirro mesmo com o conceito. Nem em filmes de animação. Mas nesses até compreendo. Crianças e tal... Agora, nos documentários?
Eu não quero ouvir a voz de uma pessoa qualquer a falar por cima do Jeremy Irons. Eu quero ouvir mesmo o Jeremy Irons. Não é pedir muito.
E a qualidade da coisa? Se ainda se esforçassem por fazer um bom trabalho...mas nem isso. Consultem o blog da Teresa que ela já abordou este tema umas quantas vezes.
Então, o que é que acabo por ver? Como já se percebeu, nada, porque acabo por ficar em frente ao computador.

* Para os mais antigos...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O poder de um blogue (parte 212)

Ontem recebi um telefonema de uma velha amiga destas andanças e trocámos alguns cromos sobre pessoas que passaram pelas nossas vidas e pelos nossos blogues. Os demasiado entusiastas que surgiram do nada, comentaram em demasia e desapareceram tão depressa como apareceram. Os que viviam de conflitos e que criavam inimizades por todo o lado onde passavam.
Falámos ainda daquele grupo especial de bloguers que ganhou um lugar na nossa vida real e nos nossos corações.
Um desses bloguers, que ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas que vem com as melhores referências, já provou por variadas vezes a sua integridade enquanto pessoa nos poucos contactos que tive com o mesmo. Ajudei-o numa pequena situação há uns tempos e por aí ficou a história. Pensei eu. Até ter sido informado ontem que ele me incluiu nos agradecimentos do livro que editou há pouco tempo e que promete ser um dos melhores livros algum dia editados em Portugal.
Fico ainda espantado com as pessoas e com a sua personalidade. E sempre que perco esperança no ser humano, há sempre uma situação que me faz pensar tudo de novo.
Por isso, fica aqui o meu muito obrigado ao Abel. Por tudo.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano novo, vida nova

Hoje tive o que se pode chamar uma experiência de quase morte. Uma situação que pode acontecer a qualquer um e em qualquer altura. Não é a primeira que tenho. Não tive uma epifania. Mas algo muda sempre a seguir a uma situação destas.
Quando analisamos a nossa vida colocamos sempre os nossos sonhos por concretizar à frente e achamos que ainda não estamos nem perto daquilo que queremos. Eu faço ao contrário. Penso naquilo que já consegui. E tenho muito por agradecer.
2010 não foi um ano bom por muitos aspectos. Alguns muito negativos. Os positivos estão cá e têm o seu peso. Numa análise final acho que é mais um ano para esquecer.
2011 será mais uma oportunidade. De me tornar uma melhor pessoa, de ter mais sonhos concretizados. E é isso o que desejo a todos aqueles que ainda passam por cá e se dão ao trabalho de ler isto.
Até para o ano.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O meu Natal

Piada pessoal que só alguns entenderão.
O meu Natal. Sinceramente, nunca gostei muito do Natal. Talvez por ter de gramar com o meu avô em casa quando era novo. Avò esse que, como já deu para perceber, nunca foi das minhas pessoas favoritas. Aliás, muito pelo contrário. Como já morreu, agora é uma das melhores pessoas do mundo.
Depois, o que um puto quer do Natal? Prendas! E o que é que um puto cujo família está em falência não tem? Pois é, adivinharam...
Quando cresci, o Natal começou a mudar um pouco. A família juntava-se, comida com fartura, mas algo continuava a faltar. O facto de todos já terem uma família e eu ser o único que continuava sem ninguém. Não que fosse um coitadinho deixado a um canto, mas continuava a sentir que algo não estava certo.
Conheci a minha Maria. Comecei a ter dois Natais. Um com uma família e outro com outra. E as coisas finalmente começaram a fazer algum sentido. Apesar do cansaço, apesar dos kms. O Natal começava a ser mais Natal.
Este ano não parece Natal. Nem de um lado, nem do outro. Por todos os motivos e mais algum. E eu acabo por não sentir falta nenhuma dele. É triste, mas é o que sinto.
Não falei na minha outra família, aquela que se reunia no final do dia 25. A esses, que me animaram nos piores Natais da minha vida, devo muito. E, sinceramente, era com eles que desejava passar todos os meus Natais. Mesmo sem laços de sangue, somos muito mais família que muitas que por aí andam.
O meu Natal? É mais um dia, como outro qualquer. Com mais comida.
Beijos e abraços a todos os que ainda partilham comigo este espaço e um muito Feliz Natal!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma carreira de futuro

Um dos muitos blogs que versam a temática educação dizia o seguinte num destes dias:

"Em reunião do Ministério com Directores de Agrupamentos daqui do centro, o Ministério anunciou que está a preparar as seguintes medidas:
- Todos os cargos passam para a componente não-lectiva, incluindo cargo de Director de Turma. Ou seja, 22 horas efectivas para todos os professores.
- Acabam as reduções de horário por antiguidade, mesmo para os professores que já as têm. Não sei se será legal, a ver vamos.
- Fim de Area de Projecto e de Estudo Acompanhado (isto já se sabia).
- Todos os professores que a partir de Setembro mudavam de escalão ficam congelados de imediato.
O fim das AEC’s vem já a seguir, até porque, com os cortes orçamentais, há vários municípios que estão a devolver as responsabilidades ao Ministério. Aqui na zona, parece que Cantanhede está na calha e a Anadia também.
É fácil de imaginar as consequências que isto terá a nível de horários.
Alarmismo? Nada disso. São informações de fonte sindical segura."

É a última frase que me faz duvidar de tudo isto. Fonte sindical segura? Quando é que aconteceu esse milagre?
A sério, isto já é complicado. Ser contratado é quase como ser o D.Quixote contra os moinhos de vento que são estes sucessivos ministérios da educação. Não há vagas, já há vagas, vão deixar de haver vagas outra vez, agora há quadros, depois não há quadros, agora não há vagas, agora há vagas...
A fonte sindical segura quer números nas greves. E, depois de ter sido acordado que os senhores e senhoras de idade da educação não iriam sofrer as represálias dos horários, aparece agora a contra-informação a uma semana da greve geral de todas as greves gerais.
Ouvi hoje uma das anciãs da escola a dizer o seguinte: "Eu não faço greves porque os mais novos, para os quais as greves são criadas, nunca as fazem". Facto. Eu nunca fiz greve. Os € que me saem do bolso doem no fim do mês. Estive muito tempo à espera para trabalhar. E agora quero aproveitar o ano em que há vagas. O que não é verdade é que as greves são criadas para nós. São criadas para todos os professores.
Os sindicatos esqueceram-se durante muito tempo dos contratados até terem percebido a força dos números. E agora contam connosco para ser o escudo humano numa guerra há muito perdida.
A culpa disto tudo não é nossa que temos uns anos disto. É de todos aqueles que têm quarenta anos disto e só agora se aperceberam que lhes tiraram o tapete debaixo dos pés. Porque foram eles que abriram as portas a estes governos e a estas medidas.
Mas isto sou eu a divagar. Uma última mensagem para o Governo: querem acabar de vez com a qualidade de ensino neste país? Querem tornar o português no povo mais burro de toda a Europa? Digo-vos eu, meus amigos, que falta muito pouco.