domingo, 20 de março de 2011

Ainda o tema manifestações...

Eu bem queria evitar este tema. A minha querida Maria diz-me sempre que eu sou para lá de dramático e que abordo sempre temas que me obrigam a ser sério. Ela tem razão. Isto já teve leitores...
Mas o post não é sobre as manifestações. É sobre o que li sobre elas. Os ferrenhos defensores de coisa nenhuma. A liberdade de expressão tem o seu lado bom, sem dúvida, mas é aqui que se nota o negativo da coisa.
O Governo atropelou-nos a todos. Estamos no fundo de um buraco negro. Qualquer que seja a nossa profissão, a nossa idade, a nossa cor política (ou falta dela), todos estamos no mesmo sítio. Se a manifestação da Geração à Rasca tinha sentido? Tinha. Por um motivo. Não havia partidos a tirar vantagem do povo.
Muitos criticam esta manifestação como sem sentido, sem propósito. Outros massacram o conceito de Geração à Rasca. Que são todos uns mimados que querem mama do Governo e do país. Eu estive lá e concordo, viu-se muito boa gente a caminhar pela Avenida que provavelmente nunca teve dificuldades na vida. Mas também vi famílias que apresentavam razões válidas de descontentamento. Vi reformados que se queixavam das reformas. Vi profissionais de várias áreas que cada vez mais sentem dificuldades em arranjar emprego condigno. E não me venham com a história dos cursos que não servem para nada. Se esses são burros, o problema é deles. Eu tirei um curso de ensino que só me deu emprego (precário, ainda hoje) cinco anos depois.
O maior protesto tem de ser contra a indiferença de um povo. A Avenida estava cheia. As pessoas gritavam "Basta!". O Governo tapou os ouvidos. Muito do nosso povo também. Infelizmente, não taparam a boca. Continuam a achar que o protesto é inútil.
Já tenho uns quantos anos de manifestações. Estive em várias estudantis, estive em várias de professores, estive em várias nacionais. E em todas há gente burra, que não sabe porque reclama. Que grita palavras de ordem sem sentido. Que faz número para estatísticas. Esta não foi diferente.
Eu estava lá. Não estava no Campo Pequeno. Que se lixe a Fenprof e o Bigodes. Esses não me dizem nada. Apenas quero o futuro pelo qual lutei toda a minha vida. E esse futuro passa por um emprego fixo que me permita concretizar os sonhos que cada vez mais adio.
Por isso, a todos os que reclamam contra uma pseudo Geração à Rasca, lembrem-se disto: esta geração somos todos nós. Novos ou velhos, com curso ou sem curso, empregados ou desempregados, todos estamos no mesmo barco. Aquele que está a ir ao fundo.

1 comentário:

Sandra Cunha disse...

E quem nunca passou dificuldades na vida mas estava lá, não tem menos direito nem menos legitimidade para o fazer do que os outros. Estavam lá a lutar pelo seu futuro e pelos direitos dos seus filhos e dos outros.

Porque razão só se pode manifestar quem esteja em reais dificuldades?

Porque razão não se podem manifestar pelos outros? Que é feito da solidariedade social?!