quarta-feira, 23 de março de 2011

Sócrates...E depois do adeus

São 18h33.
Às 20h00, Sócrates irá anunciar o Game Over do Governo.
Agora todas as apostas são aceites.
Ficaremos ou não piores com os senhores que se seguem?
O FMI vai ou não rebentar o país de vez?
Será que se vê uma luz ao fundo do túnel, ou é mesmo o comboio que vem na nossa direcção?
Mas, mais importante ainda, onde é a festa?

domingo, 20 de março de 2011

Ainda o tema manifestações...

Eu bem queria evitar este tema. A minha querida Maria diz-me sempre que eu sou para lá de dramático e que abordo sempre temas que me obrigam a ser sério. Ela tem razão. Isto já teve leitores...
Mas o post não é sobre as manifestações. É sobre o que li sobre elas. Os ferrenhos defensores de coisa nenhuma. A liberdade de expressão tem o seu lado bom, sem dúvida, mas é aqui que se nota o negativo da coisa.
O Governo atropelou-nos a todos. Estamos no fundo de um buraco negro. Qualquer que seja a nossa profissão, a nossa idade, a nossa cor política (ou falta dela), todos estamos no mesmo sítio. Se a manifestação da Geração à Rasca tinha sentido? Tinha. Por um motivo. Não havia partidos a tirar vantagem do povo.
Muitos criticam esta manifestação como sem sentido, sem propósito. Outros massacram o conceito de Geração à Rasca. Que são todos uns mimados que querem mama do Governo e do país. Eu estive lá e concordo, viu-se muito boa gente a caminhar pela Avenida que provavelmente nunca teve dificuldades na vida. Mas também vi famílias que apresentavam razões válidas de descontentamento. Vi reformados que se queixavam das reformas. Vi profissionais de várias áreas que cada vez mais sentem dificuldades em arranjar emprego condigno. E não me venham com a história dos cursos que não servem para nada. Se esses são burros, o problema é deles. Eu tirei um curso de ensino que só me deu emprego (precário, ainda hoje) cinco anos depois.
O maior protesto tem de ser contra a indiferença de um povo. A Avenida estava cheia. As pessoas gritavam "Basta!". O Governo tapou os ouvidos. Muito do nosso povo também. Infelizmente, não taparam a boca. Continuam a achar que o protesto é inútil.
Já tenho uns quantos anos de manifestações. Estive em várias estudantis, estive em várias de professores, estive em várias nacionais. E em todas há gente burra, que não sabe porque reclama. Que grita palavras de ordem sem sentido. Que faz número para estatísticas. Esta não foi diferente.
Eu estava lá. Não estava no Campo Pequeno. Que se lixe a Fenprof e o Bigodes. Esses não me dizem nada. Apenas quero o futuro pelo qual lutei toda a minha vida. E esse futuro passa por um emprego fixo que me permita concretizar os sonhos que cada vez mais adio.
Por isso, a todos os que reclamam contra uma pseudo Geração à Rasca, lembrem-se disto: esta geração somos todos nós. Novos ou velhos, com curso ou sem curso, empregados ou desempregados, todos estamos no mesmo barco. Aquele que está a ir ao fundo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Flying circus...

Eia,  as teias de aranha que andam por aqui...tenho de demitir a Consuela.
Pois, Portugal continua sempre no seu melhor. Isto é controvérsias de treta sobre a Eurovisão, um dejá-vu constante de notícias sobre o aumento dos preços, decretos que são revogados, moções de censura ao governo...podia continuar, mas seria inútil.
Todos nós conhecemos o estado do país. Todos nós sabemos quais as frases certas para dizer acerca disto. Eu já escrevi sobre isto há uns tempos. Os que falam demais e não agem, esta gloriosa carreira desportiva em Portugal, continuam a fazer o que sabem fazer melhor: dizer mal de tudo.
Eu sou professor. Eu sou português. Sinceramente, não me orgulho de nenhum. A nacionalidade é uma consequência do nascimento, a profissão de estupidez pessoal. Como é que me posso orgulhar de uma profissão que é constantemente rebaixada pela opinião pública, pelo governo, pelo país? E como é que me posso orgulhar de ser português, quando vejo pessoas mais preocupadas com a Eurovisão do que a visão do estado do país?
Minutos depois de ter sido revogado um decreto-lei que me iria deixar no desemprego e a muitos colegas, a ministra fantoche veio dizer que ainda vai fazer o que quer de qualquer maneira. E os comentários nos sites de notícias davam razão à senhora, que os chupistas dos professores têm de aprender a trabalhar.
Sim, temos de aprender a trabalhar. Concordo. Trabalhar apenas as horas que temos atribuídas no horário em vez de trazer trabalho para casa. Fazer apenas aquilo que está atribuído no horário, em vez de passar noites sem dormir a inventar maneiras de ensinar coisas simples a uma turma de miúdos que não quer saber de nada. Não gastar dinheiro em materiais que acabam por não servir de nada, porque os meninos querem é jogos de Playstation e Morangos com Açúcar.
E se me perguntarem o que é que eu faço todos os dias para mudar o estado do país? Já que gosto tanto de resmungar que o povo não faz nada, o que é que eu faço? Meus amigos, eu ensino. Ensino um geração que se está borrifando para tudo, mas que é o futuro deste país. E pode ser que algum deles me ouça. E pode ser que seja esse que faça a diferença.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quem vê TV sofre mais que no WC *


Long live the king! - Grande Jeremy.

A única forma que tenho de me esquecer da estupidez que aturo na escola é ligar a TV e assitir a qualquer coisa que se aproveite. O que acaba por ser um desafio quase tão impossível como achar que a Cláudia Vieira é uma apresentadora.
Com mais de 40 canais, faço um primeiro zapping e, numa primeira selecção, fico-me por três canais no máximo. O que me leva a pensar que pago demasiado pelo cabo.
Desses três, dois são de certeza documentários. E eu sei que não os vou ver. Porquê? Porque estão dobrados. Mas isto é o quê, Espanha?!
Eu odeio dobragens. Embirro mesmo com o conceito. Nem em filmes de animação. Mas nesses até compreendo. Crianças e tal... Agora, nos documentários?
Eu não quero ouvir a voz de uma pessoa qualquer a falar por cima do Jeremy Irons. Eu quero ouvir mesmo o Jeremy Irons. Não é pedir muito.
E a qualidade da coisa? Se ainda se esforçassem por fazer um bom trabalho...mas nem isso. Consultem o blog da Teresa que ela já abordou este tema umas quantas vezes.
Então, o que é que acabo por ver? Como já se percebeu, nada, porque acabo por ficar em frente ao computador.

* Para os mais antigos...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O poder de um blogue (parte 212)

Ontem recebi um telefonema de uma velha amiga destas andanças e trocámos alguns cromos sobre pessoas que passaram pelas nossas vidas e pelos nossos blogues. Os demasiado entusiastas que surgiram do nada, comentaram em demasia e desapareceram tão depressa como apareceram. Os que viviam de conflitos e que criavam inimizades por todo o lado onde passavam.
Falámos ainda daquele grupo especial de bloguers que ganhou um lugar na nossa vida real e nos nossos corações.
Um desses bloguers, que ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas que vem com as melhores referências, já provou por variadas vezes a sua integridade enquanto pessoa nos poucos contactos que tive com o mesmo. Ajudei-o numa pequena situação há uns tempos e por aí ficou a história. Pensei eu. Até ter sido informado ontem que ele me incluiu nos agradecimentos do livro que editou há pouco tempo e que promete ser um dos melhores livros algum dia editados em Portugal.
Fico ainda espantado com as pessoas e com a sua personalidade. E sempre que perco esperança no ser humano, há sempre uma situação que me faz pensar tudo de novo.
Por isso, fica aqui o meu muito obrigado ao Abel. Por tudo.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano novo, vida nova

Hoje tive o que se pode chamar uma experiência de quase morte. Uma situação que pode acontecer a qualquer um e em qualquer altura. Não é a primeira que tenho. Não tive uma epifania. Mas algo muda sempre a seguir a uma situação destas.
Quando analisamos a nossa vida colocamos sempre os nossos sonhos por concretizar à frente e achamos que ainda não estamos nem perto daquilo que queremos. Eu faço ao contrário. Penso naquilo que já consegui. E tenho muito por agradecer.
2010 não foi um ano bom por muitos aspectos. Alguns muito negativos. Os positivos estão cá e têm o seu peso. Numa análise final acho que é mais um ano para esquecer.
2011 será mais uma oportunidade. De me tornar uma melhor pessoa, de ter mais sonhos concretizados. E é isso o que desejo a todos aqueles que ainda passam por cá e se dão ao trabalho de ler isto.
Até para o ano.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O meu Natal

Piada pessoal que só alguns entenderão.
O meu Natal. Sinceramente, nunca gostei muito do Natal. Talvez por ter de gramar com o meu avô em casa quando era novo. Avò esse que, como já deu para perceber, nunca foi das minhas pessoas favoritas. Aliás, muito pelo contrário. Como já morreu, agora é uma das melhores pessoas do mundo.
Depois, o que um puto quer do Natal? Prendas! E o que é que um puto cujo família está em falência não tem? Pois é, adivinharam...
Quando cresci, o Natal começou a mudar um pouco. A família juntava-se, comida com fartura, mas algo continuava a faltar. O facto de todos já terem uma família e eu ser o único que continuava sem ninguém. Não que fosse um coitadinho deixado a um canto, mas continuava a sentir que algo não estava certo.
Conheci a minha Maria. Comecei a ter dois Natais. Um com uma família e outro com outra. E as coisas finalmente começaram a fazer algum sentido. Apesar do cansaço, apesar dos kms. O Natal começava a ser mais Natal.
Este ano não parece Natal. Nem de um lado, nem do outro. Por todos os motivos e mais algum. E eu acabo por não sentir falta nenhuma dele. É triste, mas é o que sinto.
Não falei na minha outra família, aquela que se reunia no final do dia 25. A esses, que me animaram nos piores Natais da minha vida, devo muito. E, sinceramente, era com eles que desejava passar todos os meus Natais. Mesmo sem laços de sangue, somos muito mais família que muitas que por aí andam.
O meu Natal? É mais um dia, como outro qualquer. Com mais comida.
Beijos e abraços a todos os que ainda partilham comigo este espaço e um muito Feliz Natal!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma carreira de futuro

Um dos muitos blogs que versam a temática educação dizia o seguinte num destes dias:

"Em reunião do Ministério com Directores de Agrupamentos daqui do centro, o Ministério anunciou que está a preparar as seguintes medidas:
- Todos os cargos passam para a componente não-lectiva, incluindo cargo de Director de Turma. Ou seja, 22 horas efectivas para todos os professores.
- Acabam as reduções de horário por antiguidade, mesmo para os professores que já as têm. Não sei se será legal, a ver vamos.
- Fim de Area de Projecto e de Estudo Acompanhado (isto já se sabia).
- Todos os professores que a partir de Setembro mudavam de escalão ficam congelados de imediato.
O fim das AEC’s vem já a seguir, até porque, com os cortes orçamentais, há vários municípios que estão a devolver as responsabilidades ao Ministério. Aqui na zona, parece que Cantanhede está na calha e a Anadia também.
É fácil de imaginar as consequências que isto terá a nível de horários.
Alarmismo? Nada disso. São informações de fonte sindical segura."

É a última frase que me faz duvidar de tudo isto. Fonte sindical segura? Quando é que aconteceu esse milagre?
A sério, isto já é complicado. Ser contratado é quase como ser o D.Quixote contra os moinhos de vento que são estes sucessivos ministérios da educação. Não há vagas, já há vagas, vão deixar de haver vagas outra vez, agora há quadros, depois não há quadros, agora não há vagas, agora há vagas...
A fonte sindical segura quer números nas greves. E, depois de ter sido acordado que os senhores e senhoras de idade da educação não iriam sofrer as represálias dos horários, aparece agora a contra-informação a uma semana da greve geral de todas as greves gerais.
Ouvi hoje uma das anciãs da escola a dizer o seguinte: "Eu não faço greves porque os mais novos, para os quais as greves são criadas, nunca as fazem". Facto. Eu nunca fiz greve. Os € que me saem do bolso doem no fim do mês. Estive muito tempo à espera para trabalhar. E agora quero aproveitar o ano em que há vagas. O que não é verdade é que as greves são criadas para nós. São criadas para todos os professores.
Os sindicatos esqueceram-se durante muito tempo dos contratados até terem percebido a força dos números. E agora contam connosco para ser o escudo humano numa guerra há muito perdida.
A culpa disto tudo não é nossa que temos uns anos disto. É de todos aqueles que têm quarenta anos disto e só agora se aperceberam que lhes tiraram o tapete debaixo dos pés. Porque foram eles que abriram as portas a estes governos e a estas medidas.
Mas isto sou eu a divagar. Uma última mensagem para o Governo: querem acabar de vez com a qualidade de ensino neste país? Querem tornar o português no povo mais burro de toda a Europa? Digo-vos eu, meus amigos, que falta muito pouco.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

AVISO: Post cheio de linguagem menos própria para menores e pessoas sensíveis.

Começa então. Os pais a dizerem que os meninos são os maiores, que não merecem apanhar um professor tão exigente, que eles na realidade são anjinhos e que o professor é que é um mauzão. Epá, eu acabei de recuperar de uma amigdalite, descobri que a Segurança Social não me vai pagar os dias que faltei, estou enterrado em trabalho e reuniões e descobri vai para cinco minutos que o café acabou cá em casa. Por isso, estou extremamente irritado, aborrecido, furioso e perturbado. Cansado, massacrado e abusado.
Quando estes putos chegam ao 5.º ano, estão tão habituados a serem tratados como os maiores pelas suas professorinhas primárias que pensam que vão ter o mesmo tratamento. Infelizmente, para eles, apanham de frente um professor com 1m87 e pouca paciência para mariquices e mimos. E são tratados tal como devem ser. Como pessoas que estão ali para aprender. Não são meus filhos. Eu não quero saber das suas vidas. Eu quero que eles aprendam o que ensino. E desde já digo que a lição mais valiosa que ensino é a educação em si. Respeitarem os adultos, cumprirem regras e saberem estar em público.
Eu não tenho filhos. Quero ter filhos, mas ainda não tenho. Por muitas e variadas razões. Mas uma das principais é a seguinte: eu tenho uma objectivo em relação ao que quero de um filho: quero o melhor para ele. Nem que esse melhor seja levar nas orelhas para aprender a estar calado numa sala de aula. E não quero cá as balelas do que é justo ou não é justo. Eu levei chapadas por não saber responder a perguntas. Estes putos de hoje levam Playstations quando chumbam de ano, porque os paizinhos acham que os seus meninos são os maiores e os professores é que são uma cambada de preguiçosos que não compreendem isso. A ignorância é uma arma muito poderosa.
Por isso, a todos esses pais eu tenho uma mensagem simples. Parem de me f*"#$ a cabeça. E parem de f*"#$ de todo. Porque este país e este mundo já têm a sua dose de idiotas. E nós não queremos mais.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Paciência de santo

Imaginem o que é a vida de um professor. Todos sabemos que é má (ou boa, consoante a pessoa que esteja metida nesta conversa) e que falta um pouco de tudo para que isto seja a vida que muitos (os da conversa anterior) imaginam.
Pois bem, hoje aconteceu-me uma que foi totalmente inédita em todos os anos em que dou aulas. Depois de ter explicado a uma das minhas turmas o Reino Unido e os países e as capitais e tudo e tudo e tudo...ouço da boca de um aluno a seguinte frase:
- Ó professor...lá no UNITED PINGPONG eles falam Inglês, não é?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Podia, pois podia...

Estou farto de fazer promessas interiores. Sou um espécie de político de mim mesmo. Prometo que vou começar a fazer assim ou deixar de fazer assado para depois nunca o fazer.
Decidi ser mais calmo este ano lectivo, deixar de ser picuinhas, calar-me e abanar a cabeça em concordância...enfim, resolvi tornar-me português.
Lá fui conseguindo durante o mês de Setembro. Ficava no meu canto, ajudava quem precisava de ajuda, fazia o que tinha a fazer e mais outras quinhentas coisas, e sempre com um sorriso e uma palavra amiga.
Raios parta a condição humana que me obriga a tomar uma atitude. Estava tão bem a ser pisado por todos. A sério que estava. Estava no auge do meu masoquismo. A um passo do nirvana orgásmico.
O que é que me fez voltar? Qual foi o episódio que despoletou todo o meu mau feitio? Quem terá cometido um acto de tal vilania? Pois, meus amigos, eu partilho. Sabem que eu sou pior que certas vizinhas. Não guardo nada para mim.
Imaginem que os astros estão alinhados a vosso favor. Tudo corre de feição. Até ao momento em que sou elogiado pela minha maior arqui-inimiga. E aí chega! Um homem tem de estabelecer limites. E eu também. Por isso, em resposta ao seu elogio, agarrei-lhe nos cabelos e inseri-lhe o crânio num monitor de computador para que aquilo acabasse logo por ali. Depois meteram-me numa camisa branca muito bonita, cheia de fivelas.
Começo a assustar-me com os meus momentos J.D.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Por quem os sinos dobram...

Tenho doze anos disto. Uma relação de 24 horas por dia, 7 dias por semana. Há poucas coisas que me arrependo. E quase todas têm apenas a importância que eu lhes dou.
Irrita-me solenemente vê-la chorar. Custa-me não poder fazer nada para parar a torrente de lágrimas que saem dos seus olhos, da sua alma. E, sinceramente, gostava de ser sempre eu a provocar essas lágrimas. Porque assim, poderia pedir desculpa por ser um idiota. O problema é quando são outros a provocarem essas lágrimas.
A maldade nas pessoas nunca pára de me surpreender. Aflige-me a crueldade com que se pode tratar um ser humano. Aflige-me a facilidade com que um conjunto de palavras têm mais efeito que uma ferida mortal. A morte atinge-nos uma vez. A crueldade insiste em abrir a ferida de novo.
Nada neste post faz sentido. Nem tem de fazer.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O meu blog não dava um programa de rádio

Agora que acabei de matar o meu antigo blog, sinto que a minha maior frustração em relação ao mesmo foi a de nunca ter sido lido no programa da Radio Comercial, "O meu blog dava um programa de rádio". Os que passam por aqui (no outro, mas acaba por ser a mesma coisa), sabem que a minha Maria foi escolhida logo nos primeiros tempos daquilo, numa altura em que ainda escolhiam bons blogs. Depois começaram a escolher blogs com mini posts e temas...vá, mauzinhos.
Mas nunca escolheram o meu. O que torna qualquer um desses blogs melhor que o meu. Até aquele blog de receitas que eles leram para o fim do programa. E digo desde já ao autor desse blog que os pastéis de bacalhau eram fabulosos.
Por isso, fica aqui a sugestão: agora que tenho um blog novo (?) já posso ser lido. O problema é que o programa já não existe. Por isso vou criar um grupo no Facebook, uma petição online e uma manifestação via Twitter para que a Comercial volte a abrir o programa para mais uma emissão do mesmo onde leiam o melhor blog de todos os tempos (desde há um mês para cá): Pausa para anúncios. Um nome em que podem confiar.


domingo, 19 de setembro de 2010

Afecta-me...


Não sei se serei só eu, mas isto acontece-me várias vezes. A minha Maria, sempre que me vê a sair de uma casa de banho pública com cara de caso, já sabe que fui urinolestado. Não percebo. Diz a regra de etiqueta que nunca se deve escolher o urinol ao lado de um homem, a não ser que não haja hipótese. E mesmo assim, é preferível esperar que fique qualquer outro vago.
Mas, se já acho perturbante o pessoal que escolhe o urinol ao nosso lado com duzentos vagos de cada lado, aconteceu-me uma que nunca me tinha acontecido este mês. Estava eu no meu momento Zen, aliviando os efeitos de alguma cerveja, quando entra um senhor na casa de banho onde me encontrava. Eu, até ali, estava sozinho e com, pelo menos, três urinóis vagos de cada lado. Pois bem, o senhor aproxima-se do urinol mais distante de mim e aproxima-se passando por cada um dos urinóis. Ao parar ao meu lado, inclina a cabeça na direcção do meu urinol, contempla o que tem a contemplar e sai da casa de banho, sem nunca ter sequer usado a mesma. WTF?!!!!
Moral da história, não sei o que chateou mais, se a situação em si, se a cara de decepção que ele fez quando viu o meu dito cujo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

In Portugal by Anthony Bourdain

From the very moment I informed my boss of my plans to eat my way around the world, another living creature’s fate was sealed on the other side of the Atlantic. José had called his mother in Portugal and told her to start fattening a pig.
I’d heard about this pig business before. “First, we fatten the pig ... for maybe six months. Until he is ready. Then in the winter — it must be the winter, so it is cold enough — we kill the pig. Then we eat. We eat everything. We make hams and sausage, stews, casseroles, soup. We use” — José stressed this — “every part.”
“It’s kind of a big party,” interjected Armando, the pre-eminent ball-busting waiter and senior member of our Portuguese contingent at Les Halles [the New York restaurant where Bourdain is executive chef].
For my entire professional career, I’ve been like Michael Corleone in The Godfather Part II, ordering up death over the phone. When I want meat, I make a call, or I give my sous-chef, my butcher or my charcutier a look, and they make the call. Every time I have picked up the phone or ticked off an item on my order sheet, I have basically caused a living thing to die.
What arrives in my kitchen, however, is not the bleeding, still-warm body of my victim, eyes open, giving me an accusatory look that says, “Why me, Tony? Why me?” It was only fair, I figured, that I should have to watch as the blade went in. I’d been vocal, to say the least, in my advocacy of meat, animal fat and offal. I’d said some very unkind things about vegetarians. Let me find out what we’re all talking about, I thought.
José Meirelles comes from a large family that, like its prodigal son, loves food. He went to New York, became a cook, and chef, and then made a rather spectacular success in the restaurant business. But you’ve got to see him at his family’s dinner table, eating bucho recheado (stuffed pig’s stomach), to see him at his happiest and most engaged.
He talked continually about the pig slaughter — as if it were the Super Bowl, the World Cup and a Beatles reunion all rolled into one. I had to take his enthusiasm seriously. Not just because he’s the boss, but also because along with all that Portuguese stuff that would mysteriously arrive at the restaurant came food that even I knew to be good: fresh white asparagus, truffles in season, Cavaillon melons, fresh morels, translucent baby eels, Scottish wild hare, gooey, smelly, runny French cheeses, screamingly fresh turbot and Dover sole, yanked out of the Channel yesterday and flown (business class, I think, judging from the price) to my kitchen doors. José knew how to eat. If he told me that killing and eating a whole pig was something I absolutely shouldn’t miss, I believed him.
So it was with a mixture of excitement, curiosity and dread that I woke up on a cold, misty morning in Portugal and looked out of the window of my room at orderly rows of leafless grapevines. On the day of the slaughter, we drove to the Meirelles farm, a stone and mortar farmhouse with upstairs living quarters, downstairs kitchen and dining area, and adjacent larder. Across a dirt drive were animal pens, smokehouse and a sizable barn. José’s father and cousin grow grapes, from which they make wine, and raise a few chickens, turkeys, geese and pigs.
It was still early morning when I arrived, but there was already a large group assembled: José’s brother Francisco, his other brother, also Francisco (remember the wedding scene in Goodfellas, where everybody’s named Petey or Paul or Marie?), his mother, father, assorted other relatives, farmhands, women and children — most of whom were already occupied with preparations for two solid days of cooking and eating. Standing by the barn were three hired assassins, itinerant slaughterers/butchers, who apparently knock off from their day jobs from time to time to practise their much called upon skills with pig killing and pork butchering.
Cousin Francisco positioned a sequence of bottle rockets and aerial bombs in the dirt outside the farmhouse and, one after the other, let them fly. The explosions rocked through the valley, announcing news of the imminent slaughter — and the meal to follow.
“Is that a warning to vegetarians?” I asked José.
“There are no vegetarians in Portugal,” he said.
At the far end of the barn, a low door was opened into a small straw-filled pen. A monstrously large, aggressive-looking pig waggled and snorted as the crowd peered in. When he was joined in the confined space by the three hired hands, none of them bearing food, he seemed to get the idea that nothing good was going to be happening, and he began scrambling and squealing.
I was already unhappy with what I was seeing. I’m causing this to happen, I kept thinking. This pig has been hand-fed for six months, fattened up, these murderous goons hired for me. Had I said, when José first suggested this blood feast, “Uh no ... I don’t think so. I don’t think I’ll be able to make it this time around,” maybe the outcome for Porky here would have been different. Or would it have been? Why was I being so squeamish? This is Portugal, for Chrissakes! This porker was boots and bacon from the second he was born.
Still, he was my pig. I was responsible. For a guy who’d spent 28 years serving dead animals and sneering at vegetarians, I was having an unseemly amount of trouble getting with the programme. I had to suck it up. I could do this. There was already plenty in my life to feel guilty about. This would be just one more thing.
It took four strong men to restrain the pig, wrestle him up on to his side and then on to a heavy wooden horse cart. It was not easy. With the weight of two men pinning him down and another holding his hind legs, the main man with the knife, gripping him by the head, leaned over and plunged the knife all the way into the beast’s thorax, just above the heart. The pig went wild. The screaming penetrated the fillings in my teeth, echoed through the valley.
I’ll always remember, as one does in moments of extremis, the tiny, innocuous details — the blank expressions on the children’s faces, the total lack of affect. They were farm kids, used to the ebb and flow of life, its at times bloody passing. A passing bus or an ice-cream truck would probably have evoked more reaction. I’ll always remember the single dot of blood on the chief assassin’s forehead. It remained there for the rest of the day, above a kindly, rosy-cheeked face. I’ll remember the atmosphere of business as usual that hung over the whole process as the pig’s chest rose and fell, his blood draining noisily into a metal pail. And I’ll never forget the look of pride on José’s face, as if he were saying, “This, this is where it all starts. Now you know. This is where food comes from.”
The horse cart, with the now dead pig aboard, was wheeled to a more open area, where his every surface was singed with long bundles of burning straw. Suddenly, and without warning, one of the men stepped around and, with the beast’s nether regions regrettably all too apparent, plunged his bare hand up to the elbow in the pig’s rectum, then removed it, holding a fistful of steaming pig shit — which he flung, unceremoniously, to the ground with a loud splat before repeating the process.
The animal’s belly was now split open from crotch to throat. Have you ever seen Night of the Living Dead, the black-and-white original version? Remember the ghouls playing with freshly removed organs, dragging them eagerly into their mouths in a hideous orgy of slurping and moaning? That scene came very much to mind as we all sifted quickly through the animal’s guts, putting heart, liver and the tenderloin aside for immediate use.
It was time to eat.
There must have been 30 assorted family members, friends, farmhands and neighbours crowded into the stone-walled room. Every few minutes, as if summoned by some telepathic signal, others arrived: the family priest, the mayor of the town, children, many bearing more food — pastries, aguardiente (brandy), loaves of mealy, heavy, brown, delicious Portuguese bread. We ate slices of grilled heart and liver and tenderloin, a gratin of potato and bacalao (salt cod), and sautéed grelos (a broccoli rabe-like green vegetable), all accompanied by wine, wine and more wine, José’s father’s red joining the weaker vino verde and a local aguardiente so powerful it was like drinking rocket fuel. This was followed by an incredibly tasty flan made with sugar, egg yolks and rendered pork fat, and a spongy orange cake. I lurched away from the table after a few hours feeling like Elvis in Vegas — fat, drugged, and completely out of it.
Lunch the next day was cozido, a sort of Portuguese version of pot-au-feu: boiled cabbage, carrots, turnips, and confited pig’s head, snout and feet. Dinner was a casserole of tripe and beans. Ordinarily, I don’t like tripe much. I think it smells like wet sheepdog. But José’s mother’s version, spicy, heavily jacked with fresh cumin, was delicious. I mopped up every bite.
Portugal was the beginning, where I began to notice the things that were missing from the average American dining experience. The large groups of people who ate together. The family element. The seemingly casual cruelty that comes with living close to your food. The fierce resistance to change — if change comes at the expense of traditionally valued dishes.
I learned a lot about my boss in Portugal, too, and I had some really good meals. I learned, for the first time, that I could indeed look my food in the eyes before eating it — and I came away, I hope, with considerably more respect for what we call “the ingredient.” I am more confirmed than ever in my love for pork, pork fat and cured pork. And I am less likely to waste it. That’s something I owe the pig.

domingo, 12 de setembro de 2010

Projecto Moda, Ídolos e afins...

Eu sempre que assisto (sou obrigado a assistir, mas isso é outra história) a programas em que um júri afirma coisas absolutamente idiotas, penso na minha reacção se fosse eu a ouvir as pseudo-críticas.
Sempre me irritaram os iluminados que sabem tudo sobre os temas. Irritam-me sobretudo os que têm a mania de criticar sistematicamente porque sim.
Quando tirei o curso apanhei uns quantos professores que serviriam que nem uma luva num qualquer concurso em que se avaliasse o professor que desse a melhor aula. Lembro-me que tive bastantes dissabores devido ao facto de não me calar perante críticas. Apesar de saber que acabei de dar armas para ser achincalhado nos comentários, recuso-me a receber como críticas idiotices de pessoas que têm de mostrar que são mais do que...
Desses professores não tenho nenhuma memória positiva. Pior, nehnum ensinamento que me acompanhe no meu dia-a-dia enquanto professor. Minto. Ficou um ensinamento.
Aprender com os erros é um dom. Aprender com os erros dos outros é simples. Por isso, procuro sempre ensinar através do reforço positivo. Procuro evitar a crítica. E quando critico, faço-o de forma calma e justificando essa mesma crítica de forma clara. Consegue-se mais com mel do que com fel.
Isto tudo porquê? Por que acabei de ouvir uma besta na televisão a dizer: Você acha que a Madonna ia vestir isso? Mas quê, o senhor costuma vestir a Madonna? O senhor conhece sequer a Madonna?
Não? Então, cale-se!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um novo começo

Apetecia-me há já muito tempo mudar o nome ao blog. Porque Eskisito já não tinha muito que ver comigo, porque sim.
Por isso, aqui está o final desse capítulo. No entanto, todo o meu grosso de trabalho enquanto Eskisito está neste blog. Para aqueles que me acompanharam desde o início tudo ficará guardado: os posts e os vossos comentários.
A partir de agora temos PAUSA PARA ANÚNCIOS. Um blog exactamente igual ao outro, mas com um nome mais simpático de ser dito. E o Eskisito passará a ser o Vitor.
Se gostaram da ideia, acompanhem. Se não, mudem de canal.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Justiça em Portugal

Claro que vou falar na Casa Pia e no Carlos Cruz e nessa tropa fandanga toda. Mas vou falar sobretudo de justiça e injustiça e de um povo cheio de raiva e estupidez.
Quando se ouviu falar pela primeira vez neste monstro que se tornou a Casa Pia, ninguém ouviu e ninguém prestou atenção. A cobertura dos media foi pequena e a coisa esqueceu-se. E não, não perdi o juízo de vez. A primeira vez que se ouviu falar em abusos na Casa Pia? 1984. Pois é. Na altura, não existiam Carlos Cruzes nem Manuelas Moura Guedes para tornar isto no circo que se tornou.
Casa Pia. Jovens abusados. O povo grita por justiça. O mesmo povo que levou Zé Maria em ombros depois deste ter ganho o Big Brother. O mesmo povo que coloca bandeiras de Portugal a apodrecer nas janelas. O mesmo povo que elegeu o José Sócrates para um segundo mandato. O mesmo povo que usa e abusa dos comentários para dizer que atirava incendiários para os fogos e capava pedófilos e matava assassinos. Felizmente, para os restantes, existem leis. Infelizmente, para todos, as leis são aplicadas por homens.
Ignorei o caso Casa Pia. Não me interessou. Passou-me ao lado. Não me interessava um bando de putos que se prostituiam e que vendiam drogas a dizer que tinham sido "abusados". Continua a não me interessar. Nem quando começaram a surgir nomes sonantes. Era-me indiferente o nome que era acusado.
Anos mais tarde comprei o livro "Preso 374" de Carlos Cruz, onde este este afirma a sua inocência e apresenta provas sobre a manipulação de provas e testemunhos. Mostra o quão podre está o nosso sistema. Não só o judicial, mas o político e o popular. É-me indiferente o quão verdadeiro seja todo este processo, mas o circo que se gerou à volta dele tirou-lhe toda a credibilidade.
Ao povo só interessa o sangue na arena. Sejam sacrificados inocentes ou culpados, o que interessa é que haja espectáculo.
Em casos semelhantes noutros países aconteceram coisas engraçadas. Os processos foram muito mais rápidos e, em vários, foi descoberto que tudo não passava de uma tentativa de extorsão por parte dos acusadores.
Não acredito em inocentes nem em culpados. Novamente, é-me indiferente. O que não me é indiferente é o facto de ainda não ter uma colocação, o que não me é indiferente são os impostos e taxas que pago todos os dias, o que não me é indiferente é o facto deste país estar cada vez mais enterrado numa letargia de estupidez e idiotice.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A inveja é uma coisa tramada...

E dou comigo naquela altura de concursos em que amaldiçoo a profissão que escolhi. Ah e tal, não sei se vou ter trabalho. Ah e tal, que isto é uma cambada de ladrões! Se fosse eu mandavazlios todos lá para dentro que é o que eles merecem. Hã??? Estava a falar do quê?
Pois, escolha de carreiras. Está mais que visto neste blog que ser professor é giro mas até um contabilista tem uma vida mais emocionante e cheia de histórias do que a minha.
Dei hoje comigo a pensar em profissões que devia ter escolhido. E decidi-me por uma, que considero ser de longe a melhor: apresentador de televisão. Sim, eu sei, é uma mudança de carreira bastante estranha e relativamente idiota. Claro que eu queria escolher qual o programa que queria apresentar.
Foi aqui que surgiu a minha indecisão. Existem dois senhores que invejo de igual forma e por motivos absolutamente diferente. Jeremy Clarkson e Anthony Bourdain. Para quem não sabe quem são estes senhores...debaixo de que calhau é que vocês vivem?
Jeremy Clarkson é jornalista. Escreve crónicas, livros e apresenta programas de televisão. O mais conhecido desses é um programa simples onde ele testa todos os carros que eu gostaria de ter mas que nunca vou ter dinheiro para comprar. Para além das viagens e dos desafios idiotas, TOP GEAR é o orgasmo de qualquer homem que goste de velocidade, fumo e comentários patetas.
Anthony Bourdain é Chef. Escreve crónicas, livros e apresenta um programa de televisão simples onde viaja pelo mundo a provar a gastronomia regional. Para além das viagens e da quantidade de comida impressionante que se come, NO RESERVATIONS é o orgasmo de qualquer pessoa que goste de comer, experimentar e de comentários imbecis.
E o que junta ambos os senhores. Têm um mau feitio do catano e dizem mal de quase tudo. Ah, e são pagos para isso.
Portanto, se não fosse professor seria apresentador. Seria, mas não era claramente a mesma merda.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma questão de educação...

Desde já, um grande olá às duas pessoas que ainda passam por este blog diariamente: o meu leitor favorito (que és tu, como é óbvio) e o senhor que está fechado num cubículo numa qualquer cave escura debaixo do Ministério da Justiça a ler todos os blogs a ver se dizem mal do Primeiro (atenção que eu não estou a dizer mal dele, estou apenas a falar de uma decisão de monitorizar tudo e todos como se de uma ditadura se tratasse...isso, que eu saiba, ainda não dá direito a processos).
Ora, o tema do post de hoje versa sobre o facto de um curso ser essencial, ou não, na educação de uma pessoa. O Sr. Eskisito acha que não. Aliás, o próprio é o primeiro a dizer que o curso que tirou pouco contribuiu para a pessoa que ele hoje é.
Então, onde está o problema? Nas escolas que não sabem formar, nos alunos que não querem aprender, ou nos pais que não querem saber? Eu culpo as duas. Foi uma espécie de efeito borboleta. As escolas exigiam, os alunos aprendiam, os pais exigiam resultados aos alunos. Hoje, as escolas exigem menos, os alunos não aprendem tanto e os pais exigem resultados às escolas. Confuso? Não, realista.
Quem lê o meu blog há já uns tempinhos sabe que eu já passei por trabalhos fabris. E uma das coisas que mais me irritava nesses locais era o facto de ser tratado nas palminhas pela maioria dos trabalhadores devido ao facto de ser professor quando, na sua maioria, eles eram melhores profissionais naquela área que eu. E desde já digo que essa humildade perante o curso não se justificava, porque conheci pessoas bem mais inteligentes do que muitas com as quais trabalho hoje.
A vida é a melhor das escolas. E a educação que se traz de casa. Prefiro mil vezes alguém educado a alguém licenciado. Prefiro milhares de vezes alguém que saiba o seu lugar a alguém que se arma aos cucos porque tem um canudo. Prefiro milhões de vezes aqueles que afirmam que não sabem a alguém que afirma que sabe tudo.
Ter um curso é importante? Há 8 anos acabei o meu e ainda estou à espera da vida melhor que o curso me ia trazer. Conheço pessoas com a escolaridade mínima com vidas bem mais estáveis que a minha.
Ter um curso torna-nos mais inteligentes? Sim, naquela área específica. Se eu tirei um curso de educação não me vou pôr a falar de anzóis.
Ter um curso torna-nos mais educados? Não. Essa educação ou já existe, ou não se aprende nem ensina.
Por isso, meus caros leitores, acabo isto com o exemplo do Primeiro-Ministro. Ele "tirou" um curso. E isso, claramente, não o torna educado, ou culto, ou sequer melhor pessoa. Apenas nos obrigou a tratá-lo por Engenheiro (estou a rezar para que já tenha entediado de morte o senhor da cave escura).