segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ando com necessidades...

De tempos a tempos, apetece-me fazer uma espécie de avaliação da minha pessoa. Não da minha vida, mas de mim. Eu enquanto ser humano.
Sempre me identifiquei com os vilões das histórias. Não tenho paciência para pessoas boazinhas e essas coisas. Não simpatizo com causas e acabo sempre por achar algum defeito nas mesmas. Para causa humanitárias chego eu. Não tenho paciência para crises emocionais, depressões, manias e possessões. Para pessoa necessitada de psiquiatria chego eu. Não tenho paciência...pura e simplesmente.
E será que isso me torna má pessoa? Será que não tenho sentimentos? Errado. Segundo as pessoas que me conhecem, até tenho sentimentos a mais. A vida já me deu pancadas fortes na cabeças mas eu, teimoso como sou, continuo a acreditar no ser humano e nas suas coisas.
Irrita-me esta falha na definição do meu ser. Queria poder dizer simplesmente: sou uma má pessoa. Uma espécie de House nas suas deambulações médicas e humanas. Mas não o sou.
Também não sou boa pessoa. Não consigo deixar de pensar nisso.
Afinal? Instável sou de certeza. Todos somos. Humano? Não me chega como argumento para me caracterizar. Chato? De certeza...
Pode ser que daqui a uns anos tenha uma resposta. Pode até mesmo ser que isto não interesse para nada. Provavelmente...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Resumo da obra feita

Em 1997 inscrevi-me num curso. Em 2002 acabei-o. Tornei-me professor. Com um P minúsculo. Esperava arranjar colocação e começar a utilizar o que aprendera. 3 anos depois iniciei a minha actividade lectiva. a ensinar Inglês no 1.º ciclo, uma experiência do Ministério para calar algumas bocas e abrir muitas mais.
3 anos depois continua tudo na mesma. Continuo a ser um professor com P minúsculo, continuo nas AEC, continuo a perder tempo da minha vida com isto. Mal pago, sem planos para o futuro, com um sistema de educação cada vez pior. Irrita-me. Chateia-me. Perturba-me.
Mas nem tudo são espinhos neste mar de...espinhos. Tinha 3 escolas este ano. 7 turmas. 140 alunos. Um pesadelo logísitico de burocracia e pessoas pequenas irritantes. Apenas uma turma numa das escolas. Curiosamente, a escola onde me relacionei melhor com as professoras que a gerem. Desde uma coordenadora com uma tendência permanente para ter um AVC, a uma directora que é o que sempre se espera de uma directora. Calma, simpática, mas uma directora de palavras e acções. Se tudo correr bem, este ano foi o seu último. Um ano em que me conheceu, o que só por si, faz com que qualquer pessoa precise de reforma.
Esta escola e estas pessoas fazem-me pensar que afinal existe mesmo uma luz ao fundo do coiso. Que existe uma esperança para este sistema de ensino que nos atira aos lobos e se esquece de nos dar armas.
Para o ano, espera-me mais do mesmo. Mas este ano acreditei, por momentos, ser um professor com P maiúsculo.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Na mouche

Reportagens na televisão e vários artigos nas revistas – vêm aí os exames do Básico e Secundário e os vários ‘psis’ (pedopsiquiatras, psicólogos, psicopedagogos, etc.) alertam as famílias para situações de stress e traumatismos vários. Por mim, fico sempre traumatizado com esta pobre gente, os profissionais da vitimização.
É o seu negócio, bem vistas as coisas. Agora são os exames; em Setembro, o regresso às aulas; em Dezembro, os presentes de Natal e as notas do primeiro período – em tudo haverá motivo para julgar que, à nossa volta, nascem e crescem crianças traumatizadas. Ora, a verdade é que tudo exige esforço, trabalho e sacrifício, mas os "pedagogos" preferem criar culpados e vítimas. Às vezes apetece chamá-los à razão. Mas não à estalada, que ficam traumatizados.
Francisco José Viegas

in: Correio da Manhã de 17/06/2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Para fechar com chave de ouro

Numa altura em que Portugal passa pelos seus piores momentos, num momento em que este blog destilou ódio e desgosto pelo país e pelas suas gentes, chega a altura de escrever sobre algo que sempre me agradou neste país: as suas terras.
Se o país se encontra como está é devido às suas gentes. Mas as terras que os nossos antepassados construiram são uma verdadeira homenagem à beleza e ao trabalho.

Já percorri este país de ponta a ponta e ainda não conheço metade dele. Já vi sítios com tal beleza que nenhumas palavras conseguiriam descrever a sua beleza e a forma como me senti ao observá-los. Desde o mosteiro da Batalha aqui tão perto, até Santa Luzia em Viana no meio do seu monte. Da Igreja da Penha em Portalegre e os seus nasceres do sol que tantas vezes me aqueceram o coração, ao maravilhoso Mosteiro dos Jerónimos, sinal de outros tempos de glória. De La Sallete em Oliveira até ao Aqueduto da Amoreira em Elvas, de Barcelos a Évora, de ponta a ponta, de lés a lés. Todo este país está cheio de beleza e de maravilhas. Todo este país está pleno de locais que me fazem pensar na sorte de viver num lugar tão belo.

O problema é que tenho de falar com os nativos, o que estraga um bocadinho o efeito.

Fica aqui a homenagem a todos os que resmungaram comigo por ser um traídor à Pátria, mas especialmente à Elvira que me conseguiu lembrar da única coisa que ainda gosto no meu país.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Teresa, a culpa disto tudo é tua...

Um pequeno vídeo...

...que mostra a nossa pequenina que faz hoje um aninho.

Obrigado Teresa, por me teres convencido!


segunda-feira, 9 de junho de 2008

O típico português

E como conclusão da minha trilogia de posts a dizerem mal de portugueses e de hábitos e manias parvas, coloco apenas duas fotos (deviam ser três, mas na terceira ou tirava a foto, ou sobrevivia, portanto até se percebe). Fotos de um senhor que tem uns hábitos particulares de estacionamento. Senhor que é familiar de um presidente. Senhor que é intocável na terra, indiferentemente daquilo que faz. Senhor que me asseguram ser uma daquelas reais bestas (reparem que não sou eu que afirmo isto, portanto, não me podem processar por difamação, eu sou apenas o mensageiro). E senhores como este não faltam em Portugal. Fazem o que querem, apenas porque são filhos ou pais de...
























Mas, a Elvira convenceu-me a escrever algo diferente...fica para o próximo.

sábado, 7 de junho de 2008

Regionalismo

E se a discussão sobre Portugal me irrita, o que dizer das discussões sobre as nossas terras natais? (obrigado Teresa...nunca me falhas)
Ora, um gajo passou a adolescência toda a dizer mal da terrinha, porque não tinha isto ou aquilo, porque as gentes eram assim ou assado, a desejar fugir dali com todas as forças do corpo e mais algumas. Conseguimos o nosso intuito, a terra onde estamos é mais isto e aquilo e as pessoas são assim e assado. Comentamos que somos de sítio tal.

Eu - Epá, dessa terra só vêm é coisas más (ou um desses provérbios que existem sobre todas as terras para se dizer mal dos seus habitantes, o que acaba por revelar bastante sobre a união dos portugueses...alusão clara ao post anterior)!

O outro, a outra, o grupo: O QUÊ!! Tu não digas mal da minha terra. Aquilo é do melhor e tal, come-se bem e as prostitutas são excelentes profissionais.

Eu - Mas, falta isto e aquilo.

O outro, a outra, o grupo: Mas temos o clube desportivo: O Minuim de Alcagoitas. E as associações culturais que organizam desfiles de moda com os senhores da terceira idade.

Eu - Não eras tu que no outro dia estavas a dizer mal desses desfiles?

O outro, a outra, o grupo: Mas...a minha é melhor que a tua.

Aqui concedo que estou a ficar assim. O povo diz mal da minha terra e eu até sou capaz de tentar argumentar que aquilo até está a ficar melhor e tal. Mas acabo por não me esforçar muito. A sério...para quê? Os portugueses têm sempre razão. O problema é que são muitos...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Patriotismo

Dentro das coisas que mais me irritam em Portugal, uma delas são os portugueses. Estou farto de passar pela mesma situação:

Eu - Que cara é essa?

O outro, a outra, o grupo - É a porra da vida. A gasolina está cara, mal tenho dinheiro para comer, tenho de andar a comprar roupa em segunda mão, o meu patrão anda a sodomizar-me...

Eu - Pois é, isto anda complicado...

O outro, a outra, o grupo - A culpa é desta política do deixa andar. Elegem políticos de treta, distraem-nos com o raio do Europeu...

Eu - Portugal é mesmo um país de cócó.

O outro, a outra, o grupo - O QUÊ??? Portugal é um grande país...(blá, blá, blá)...Camões...(blá, blá, blá)...os descobrimentos...(blá, blá, blá)...a prostituição...(blá, blá, blá)...(blá, blá, blá)...(blá, blá, blá)...(blá, blá, blá)

Lá está. Serei só eu o único não patriota neste país? Não tenho razões para ser patriota. Este país decepcionou-me desde que nasci. Logo, foi mesmo só o sítio onde nasci. Se tivesse nascido na Gronelândia era a mesma coisa. Portanto, que fique assente, deixem de ser parvos. Este país é mesmo um país de cocós.

domingo, 1 de junho de 2008

É mais ou menos como aquela comichãozinha nos coisos...


Vamos lá a ver uma coisa. Eu sou português. Porquê? Porque nasci em Portugal. É como aquela coisa de um gajo dizer que gostava de ter nascido numa família rica. Porquê? Porque nasceu numa que não o é. Confusos?
Ora bem. Eu quero descansar no fim-de-semana de uma semana a aturar putos. Sentar o meu real traseiro no sofá e ligar a televisão. Ver um daqueles filmes de pessegada ou de acção de treta, mas que me mantêm ocupadamente desocupado. Excepto se for este fim-de-semana.
Sei então que a selecção tem montes de fãs. Sei então o que comeram ao almoço, que beberam "refrescos" e pastéis de Belém (original) no Palácio de Belém. Sei que o Ronaldo tem mais uma namorada nova. Sei que ela dá-se a grandes ramboiadas. E que tem seios fartos.
Sei também que não tenho a menor pachorra para ver autocarros a andar, aviões a descolar ou a aterrar. Não tenho paciência para frases como: "Aqui na Suiça há muitas regras, mas os portugueses vieram cá para as quebrar.". Não estúpido. Aqui em Portugal é que não há regras. Cada qual faz o que quer. Aí vive-se a sério. E existe uma coisa chamada vida. Não há corrupção, políticos farjutos e tugas parvos. Pelo menos não havia.
3 televisões a passarem em simultâneo a aterragem de um avião da TAP. Se algum cair, será que acontece o mesmo?