quarta-feira, 16 de junho de 2010

Depois da tempestade...

O último post deixou a fasquia de interesse bastante alta, por isso resolvi que este post irá ser perfeitamente desnecessário e desinteressante. Só porque sim.
No dia em que decidi tornar-me professor não sabia ainda bem todas as decisões adicionais que essa ideia inicial me iria obrigar a tomar. Decidi ser justo, atribuir notas por desempenho e não por conveniência ou gosto pessoal. Decidi ensinar da melhor forma possível todos os alunos, indiferentemente de raça, cor, credo, sexo e condição financeira. Decidi tratar os alunos com o nível de responsabilidade que eles merecem e nunca tratar um aluno de forma paternalista. Decidi...
No entanto, nem todos pensamos o mesmo. Outros invertem esta linha de pensamento. Outros pensam que todos são uns coitadinhos porque vêm de situações complicadas. Outros recusam-se a ensinar de forma exigente, porque acreditam que os alunos não vão conseguir.
Cada um na sua, mas custa-me pensar assim. Segundo os meus alunos sou exigente, chato, metódico e neurótico. Mas, também segundo os meus alunos, eu preocupo-me, explico a mesma matéria vinte vezes se necessário, dedico-me a todos da mesma maneira e quero que todos eles tenham um futuro melhor.
Falta um dia para acabarem as aulas numa escola de bairro social em pleno subúrbio de Lisboa. Falta um dia para deixar de entrar em salas de aula com turmas cheias de miúdos complicados de gerir e de ensinar. Falta-me um dia para deixar de andar carregado de testes cheios de respostas incorrectas e de trabalhos meio acabados com a pressa de os entregar. E, pela primeira vez na vida vou sentir saudades disto.
Sempre pendi a favor dos underdogs, dos desprivilegiados, daqueles que nunca terão as mesmas oportunidades que outros. Talvez por isso sinta uma tão grande proximidade com estes alunos. Talvez seja da mudança que se operou na minha vida este ano. Talvez esteja a ficar velho e maricas com estas coisas. De qualquer maneira, é verdade. Vou sentir saudades deles.
Falta um dia...

sábado, 12 de junho de 2010

Eu disse que não ia responder a comentários...

Em relação ao post anterior um "Anónimo" disse...

é melhor porque o trabalho de professor também né mau...mesmo nada..e os 2 meses de férias...brutal...

Pois, eu não sei se o anónimo alguma vez foi a uma escola durante os dois meses de férias que diz que temos. Porque se for, vai descobrir uma coisa fantástica em relação ao seu comentário: a escola tem lá dentro professores. Eu sei que é inesperado e compreendo o porquê dessa sua opinião. Umas quantas gerações de professores e umas quantas ministras fizeram com que o público em geral tenha essa opinião em relação às nossas férias. Infelizmente para si (e para mim também), nós temos tantas férias como qualquer português. Após o tempo lectivo, continuamos na escola a desempenhar tarefas, que vão de coisas tão simples como inventariar material até a trabalhos tão complexos como criar horários e turmas para o ano que segue.
Agora se se estiver a referir a férias mentais, em que não temos mentecaptos a destruir a nossa sanidade mental, aí tudo bem. Concordo consigo. Porque o simples facto de não ver miúdos a destruir o trabalho que fazemos diariamente com a sua estupidez (muitas vezes acompanhada da estupidez caseira) é de facto uma factor de alívio. Podemos encarar então isso como férias.
O que me leva à primeira parte do comentário: o trabalho de professor né mau...pois. Resisitindo à tentação de começar esta análise com o salientar de que em português não se escreve "" mas sim "não é", deixe que lhe diga que, novamente, está errado. Não há pior profissão que esta. Tentar ensinar a quem não quer ser ensinado, ser ameaçado por pais e outros que tais, ser agredido por tentar civilizar aqueles que, na grande maioria das vezes, são autênticos animais sem regras sociais, perder horas e horas em casa a planificar, a corrigir, a pensar em novas maneiras de motivar, de incentivar, de avaliar. Sem contar com o facto de que temos um ministério que nos obriga, através do seu método de contratação, a mudar de escola todos os anos. Isto se tivermos a sorte de sermos colocados, porque podemos acabar sempre na caixa do Modelo se isso não acontecer.
Portanto, em conclusão, não, o trabalho de professor não é mau. É pésssimo. Mas foi a profissão que escolhi e aquela que tento desempenhar o melhor que posso. Mesmo sendo professor 24 horas por dia, mesmo tendo um volume de trabalho impressionante, mesmo correndo o risco de ser agredido a qualquer momento. É o meu trabalho e a minha vida.
Por isso, meu caro anónimo, um conselho: antes de comentar informe-se. Pode ser que, da próxima, não passe tanto por ignorante.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sabiam que desde que escrevi gajas nuas tenho muitos mais visitantes?

É estranho (nem por isso), mas é verdade. A expressão gajas nuas tem obrigado o pessoal que pesquisa tal coisa no Google a passar por aqui. Infelizmente para eles, não temos nudez.
Visto que isto agora tem andado na fase de destilar ódio, vou perder o meu tempo para insultar os portugueses em geral. É algo que me dá um extremo prazer, não nego.
Começou o Mundial. Aquela coisa onde se gasta um porradão de dinheiro a construir estádios e hotéis para turistas, enquanto o povo continua a sofrer nas ruas de miséria e de falta de condições. Vejam o exemplo do Euro 2004 e tirem as vossas próprias ilações.
Portugal é um dos países envolvidos nesta grande iniciativa. Uma iniciativa que pára o mundo. Eu, que sou aquele gajo que acha que o futebol não passa de 22 palhaços a correr atrás de uma bola e de outros quantos a ver a bola a andar de um lado para o outro, penso que isto serve apenas de manobra de diversão para que todos os países do mundo se esqueçam das condições em que vivem. Este país não é excepção.
Andámos em manifestações, reclamámos o que é nosso, um país inteiro nas ruas a reclamar...e agora, sempre que começa um noticiário, o que vemos? Mundial, mundial, mundial...
Tudo o que nos afecta parece deixar de ter importância a partir do momento em que uma bola começa a rolar na relva. Por isso, e desculpem lá qualquer coisinha, eu quero que Portugal perca. E que perca bem. Porque assim pode ser que este país se lembre do que está a passar em vez de estar preocupado com o Ronaldo e outros que tais.
Posto isto, vou trabalhar porque, infelizmente, eu nunca soube dar toques numa bola.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Escolas encerradas, desertificação e eu o facto de eu ter sempre razão...

A nova ministra veio comprovar que bebeu da mesma poção mágica que a anterior. Só que esta ri um pouco mais. E fala com calma. O que acabou por iludir todos no início. Infelizmente, acabou por demonstrar que é o € a força maior que move a educação em Portugal.
Desde fechar escolas, votar aldeias ao esquecimento total, passar alunos de forma fácil para levantar as estatísticas nacionais de educação, acabar com os concursos dos professores, acabar com os quadros de escola, sei lá...isto tem sido um sem número de facadas no que deveria ser a prioridade de um país.
Eu sempre defendi que o estado de uma nação é o reflexo do estado da educação e das escolas dessa nação. Se as pessoas têm gosto em ensinar e em aprender, uma cultura forte surge de entre o povo. Se o interesse é estupificar o povo, o nosso ministério está lá.
Mudando de assunto, fui acusado de várias coisas ao longo da minha vida. Mas quando me acusaram de ser antiquado na análise à "professora" que posou para a Playboy, eu sabia que o tempo me iria dar razão. Ao que parece, a amiga nunca quis ser professora. Parece-me que se percebe bem o que ela quis ser. Mais uma javardona que vem povoar as revistas deste país com fotografias dignas de uma qualquer cabine de camião TIR. Mas isto sou só eu e o meu mau feitio.

Escolhi esta imagem por um motivo. Há outras com nudez e coisas que tais, mas foi esta que me ofendeu e que me deu a razão suprema. Ela está a espremer o facto de ser professora para parecer ainda mais javardola. Ou seja, o respeito por toda uma geração que grita nas ruas por melhores condições, por escolas com condições, que pede respeito nas salas de aula e nos contactos com os pais, por tudo o que foi feito nos últimos tempos por uma classe constantemente pisada por um país de mentecaptos, acaba por ser destruído por uma "professora" que acha que a mostrar o corpo é que isto lá vai. E pior ainda, ouvir uma horda de pseudo-liberalistas a defender que cada um faz o que quer. Isto é claramente demais.

Perguntem a todos os professores que foram agredidos por alunos ou encarregados de educação o que pensam disto. Perguntem ao professor de Fitares que se suicidou o que acha disto. E depois de perceberem que isto vai lesar ainda mais a imagem de tantos e tantos professores que diariamente tentam fazer o seu trabalho sem enlouquecer, calem a boca e deixem de dizer barbaridades.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dores

Não há nada mais parvo do que ter um torcicolo. Coisinha mais parva de maleita. Epá, anda uma pessoa a fugir às grandes epidemias das aves que para aí andam e acordo com o pescoço de lado tipo galinha? Isto não se faz.
A minha esposa (que cada vez mais se convence que está casada com um velho de 80 anos) bem me esfregou as costas (e não num bom sentido) e me drogou todo com comprimidos cheios de compostos com nomes indizíveis...nada!
Ou seja, o belo do feriado para descansar foi passado em dores. Hoje, devido às dores, tenho de estar na escola às 08h00 para sofrer ainda um bocadinho mais. Considerando que vou sair daqui às 18h30, vai ser um dia muuuuuito longo.
Para acabar, uma pequena piadola fácil e prevísivel: Deram feriado ao Corpo de Deus, mas ao corpo do Eskisito não...
Talvez não tenha tanta piada assim como isso...