sexta-feira, 26 de junho de 2009

Wrong turn

Acabaram-se hoje na minha escola as reuniões de avaliação. E desde já digo que cada vez mais me irrita ter escolhido esta carreira. Gosto de ensinar quem quer aprender, mas quem quer aprender é cada vez menos do quem quer passar o tempo na escola a beijar miúdas e a apanhar doenças.
Pois bem, estive num braço de ferro com os meus colegas de uma turma, porque me recusava a passar um aluno que, com 6 negativas, um passado de trampa naquela escola e com um comportamento miserável, tinha de ser passado porque já tinha chumbado o ano anterior. Ora, perguntei eu, qual é a vantagem de passar um miúdo que nada faz e nada sabe para outro ano? Disseram-me eles que tinha de ser. Se votasse contra, haveria outra reunião no dia seguinte, onde o meu voto deixaria de ter peso e assim passavam o puto. Mesmo que houvesse colegas que mudassem de opinião e o chumbassem, o puto passava por decisão do Pedagógico.
Acabei aquela reunião derrotado, mas deixei no ar uma pergunta que me deixou muitos amigos dentro daquela escola: "Vocês lembram-se do dia em que deixaram de ser professores?"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A minha vida por um cesto...

Pois. Como começar isto? Já sei! AUUUUUUUUUUU!
Ontem, depois de um dia de reuniões de avaliação que me deixaram de nervos em franja (ainda haverá um post sobre isto no futuro), resolvi ir com a minha Maria às compras. Como bom português, vou a vários hipers e supers em busca dos preços mais baratos.
Fizemos o grosso das compras no Continente, mas deixámos uma ou duas coisas para comprar no Jumbo. Por exemplo, sabia que o azeite Oliveira da Serra custava 1.60€ e seria uma boa compra.
Quando chegámos ao Jumbo, começámos a agarrar numa coisa, em duas, em três. Quando já parecíamos equilibristas do circo com não sei quantas coisas, lá resolvemos ir apanhar um cesto. Eu, cavalheiro, disse que iria lá. A minha Maria achou que seria ela a melhor apanhadora de cestos. Passou-me todas as compras para as minhas mãos. Desviou uma ou outra para que eu pudesse respirar. Enquanto ela demorou as duas ou três horas para voltar eu fui à charcutaria de senha amarrotada no meio dos sacos de meloa e outras coisas. A senhora da charcutaria diz o número e eu, numa tentativa falhada de ver o número da minha senha, mexi na ordem cósmica das coisas que trazia na mão, nas quais se incluíam duas garrafas de azeite.
De repente, dei por mim rodeado de pessoas de bata branca e de um segurança. Um mar de azeite no chão pintalgado de sangue e um dedo do pé com uns quantos cortes. Claro que a minha Maria ainda andava à procura de um cesto (ou a ver capas de revista, uma delas) e eu em dores e a sangrar.
Considerando o tamanho do Jumbo, acho que partir uma garrafa de azeite em cima de um pé é como um acidente na auto-estrada. Todos os que passavam demoravam mais uns cinco minutos do que era necessário para apanharem a sopa congelada ou as ervilhas.
As senhoras da charcutaria a olharem para mim com aquele ar de que eu ia morrer a qualquer momento, o segurança a passar-se porque não tinha luvas para me fazer o curativo e as pessoas opinavam sobre a gravidade das minhas feridas. E a Maria? Ainda em lado nenhum que eu pudesse ver.
E eu estava preocupado com o quê?. Não com o sangue que saía do meu corpo, não com as dores que sentia, mas sim com a garrafa de azeite que havia partido, com o incómodo que estava a dar áquelas pessoas, com o azeite que saltara para a minha roupa e com o sermão que iria ouvir da Maria porque nunca tenho cuidado com as nódoas.
Eis que então chega El-Rei D.Sebastião com o cesto. A olhar para todo aquele cenário com uma cara de pânico a pensar que todo aquele sangue me iria matar ou coisa que lhe valha e a falar rapidamente coisas sem nexo. Estava tão assustada que nem mandou a miúda da charcutaria que a tratou por tu para todo o lado.
Lá tive eu de fazer o curativo porque o segurança continuava de volta das luvas que não existiam, de comprar uns chinelos de praia porque as minhas sandálias estavam tão temperadas como uma salada de verão e de sair dali porque estava farto das entrevistas sobre o que me acontecera.
Tudo isto porquê? Porque não apanhei uma porra de um cesto quando lá entrei. Agora tenho um dedo todo negro cheio de golpes, uma cambada de dores e uma semana cheia de reuniões pela frente. Eu cheira-me que algum puto tirou um workshop de voodoo e que existe para aí um bonequinho de plasticina com a minha cara. Ou isso, ou é o meu azar típico a vir ao de cima.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O fim...

Hoje apeteceu-me fazer como os miúdos e sair da minha última aula a gritar "Férias...Férias". Apesar de ainda me faltar mês e meio para estar efectivamente de férias e apesar de não ter sido um dos meus piores anos em termos de trabalho (e considerando tratar-se do primeiro em que fui efectivamente colocado), descobri que para além das aulas existe um mundo bem maior e mais complexo dentro dos muros de uma escola.
Certo é que me deu um prazer enorme acabar com uma das minhas piores turmas. Putos betos, todos iguais, com a mania que são gente. Se juntássemos todos os neurónios daquela turma equivalia a um décimo do cérebro de um José Castelo Branco.
É triste ver ao que o ensino chegou. Os alunos pensam que têm direito à positiva apenas por estarem dentro da sala. Tenho certos alunos que nem isso conseguem fazer de forma correcta. Mexem-se que nem macacos uma aula toda e, claro, ainda ficam ofendidos quando lhes dizemos para se sentarem como pessoas.
A maioria dos alunos nem sequer sabem ler ou escrever na sua própria língua. Como raio é que eu hei-de conseguir ensinar-lhes uma língua estrangeira?
De quem é a culpa? Não interessa. O que é que se pode fazer? Sinceramente, acho que nada. Portugal caminha para a estupidificação em massa. Seremos um país de chico-espertos analfabetos. Porque a partir do momento em que falha a educação...


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Começo a achar que é pessoal

Hoje estava no meu caminho para casa e passou-me pela cabeça um pensamento: onde raio é que esta gente tira a carta? Eu sei que não é a primeira vez que falo disto aqui. Sei também que é inútil falar disto. Sei até que todas as pragas que roguei não passam de palavrões vociferados ao vento.
Nos dias em que estou atrasado ou em que o trabalho me corre mal, lá estão eles. Todos os condutores com 2 neurónios, sendo que um está ocupado com o que está a ouvir na rádio. É certo que eu não cumpro o código à risca. Mas não ponho ninguém em perigo. Nunca tive um acidente provocado por mim em 7 anos de carta. Claro que se tivesse um tanque isso seria diferente.
O problema são aquelas pessoas que inventam um código só para elas. Que se lembram de andar a 30km hora nas nacionais porque estão a ver os pássaros. Ou os que se lembram de ocupar duas faixas, porque têm um carro que não cabe num. Ou aqueles que acreditam que a faixa da esquerda serve apenas para o seu carro, e que resolvem andar a 40km a ver os monumentos da cidade. Ou ainda aqueles que pensam que todas as estradas de Portugal fazem parte do autódromo do Estoril. São esses (e muitos outros) que me conseguem tirar do sério.
Mas existe uma espécie que me tira mesmo do sério todos os dias. Os senhores que acreditam que uma rotunda se faz toda na mesma faixa em que nela entraram, seja a da direita ou a do meio. Todos os dias passo por não sei quantas rotundas. E lá estão eles. Todos os dias em todas as rotundas.
E é por um desses que hoje escrevo este post. Que o Sr.FDP dum C que me obrigou a parar no meio do C da rotunda, porque vinha a pensar na sua M de vida, tenha uma valente diarreia acompanhada de uma fatiazinha de sífilis, só para aprender a fazer a rotunda na faixa certa.
E pronto, era isto.

domingo, 14 de junho de 2009

E mais uma vez...

Uma nova imagem para o blog. Porque sim...
Espero que os dois leitores que ainda duram gostem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

The devil within

Se há coisa que adoro nas escolas é a sala de professores. Parece uma pequena experiência científica de um qualquer doutor louco ou de uma ministra absurda.
Quando lá entrei pela primeira vez senti-me como aquele tipo feio e de óculos que fica num canto do baile à espera que alguma senhora tenha piedade dele e o convide para dançar. Não conhecia ninguém, o que acabava por ser uma vantagem. Quando os comecei a conhecer foi mesmo a parte pior. Muitos até são boas pessoas mas ficam possuídos pelo demónio ao mínimo incidente.
Ontem assisti a uma das piores possessões da história. O padre do Exorcista teria muita dificuldade para conseguir a limpeza desta alma.
Hoje, sinto-me como o rapaz feio e de óculos que não quer dançar. Fico ao canto por opção. No meio de uma profissão em que o nosso maior inimigo é o Ministério, faz-me uma certa confusão que se discuta o sexo dos anjos, e que isso crie inimizades entre soldados de um mesmo exército.
Quero apenas sair daqui com vida. E aprender com estas pequenas lições...

domingo, 7 de junho de 2009

Europeias

Tenho um aluno que costuma dizer que os meus discursos para motivar os alunos a serem mais e melhor parecem discursos políticos. Apesar de parecer um elogio, nos dias de hoje é quase um dos maiores insultos que posso imaginar.
Hoje é dia de eleições. Vota-se em nomes que irão representar Portugal na União Europeia. Para quê? Não se sabe.
Portugal há muito que deixou de ter peso em qualquer decisão política. Até mesmo no seu próprio governo. Uma maioria absoluta que se tornou numa ditadura disfarçada de democracia. Um povo que não se vê reflectido naqueles que elegeu para decidirem a sua sorte.
Então, afinal, para que vamos votar hoje? Para decidir quem são os portugueses que vão ganhar um balúrdio de dinheiro para concordar com o que os países grandes decidem para nós. Sim, gritem e barafustem mas é isso que acontece. Novamente, basta olhar para nós. Por muito que o povo saía à rua e proteste contra tudo o que este governo faz, o povo não deixa de ser Portugal mas o Governo representa os grandes que mandam nisto tudo.
Hoje vota-se na Europa? Nada de mais errado. Hoje vota-se em Portugal. Porque os resultados de hoje começam a decidir as nossas próprias eleições, E neste país ao abandono demora-se a entender os erros do passado. Em nada me admira que Portugal volte a confiar no partido que mais tem contribuído para esta miséria humana e financeira a que estamos hoje expostos.
Quais são as alternativas também? Partidos de sempre, que não mudam em nada o que se passa no país? Partidos novos que têm excesso de sangue novo mas falta de experiência?
Hoje vota-se na Europa? Eu digo que se vota no fim do nosso país.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

E o que se segue?

Depois de um auspicioso começo com uma ex-Delirium onde pautava o bom gosto e a nudez de um corpo bem feito e com formas que, apesar de adaptadas, se mostravam perfeitas, depois de se ter feito a homenagem à terceira idade com aquela gaja do norte que só serve mesmo para se despir, porque quando abre a boca só sai moscas. chegámos hoje ao fim da Playboy. Durou três edições, ou seja, mais uma que o Orpheu. Porquê, pergunta aquele leitor que teve a sorte de não passar perto de um quiosque ou de uma papelaria. Porque quem se despe (o que não apresenta nenhuma novidade de qualquer maneira) é nem mais nem menos que a Ana Malhoa. Sim, leu bem, a Ana Malhoa. Sim, aquela do Buéréré e de cançonetas para crianças. Sim, aquela que tem uma capa de álbum com mais erros que uma composição de uma criança de 6 anos.
Pergunto eu, de forma quase retórica, quem é que não sendo um trolha, não sabendo o que é uma mulher há mais de 20 anos, não sendo um velhinho rebarbado que nem com Viagra lá vai, entre outros (não sei se já mencionei o camionista, daqueles com os posters atrás do seu assento), quer ver a Ana Malhoa nua? Porque é algo claramente mau. Mesmo.
Tenho dois cenários possíveis para isto. Num primeiro, a Playboy deixa de ser editada com esse nome e passa a chamar-se Gina, numa clara homenagem à mítica revista que fazia o mesmo aos adolescentes cheios de borbulhas que faz agora a Playboy. Ou, numa reviravolta de casting, vamos despir a Maya, a Serenella Andrade e a Lady Grafstein (não sei, nem quero saber se é assim que se escreve) na próxima edição. Porque duvido que alguém com cérebro ou corpo de jeito queira ser a capa a seguir à Malhoa. Digo eu...