segunda-feira, 13 de abril de 2015

Desafios da paternidade - Parte 1

A partir do momento em que nos informam que vamos ser pais, a nossa vida muda. Pelo menos, na teoria. Durante a gravidez, para além de ter perdido o escritório e ver coisas de bebé como o total interesse das nossas aquisições, não vi grande mudança.
Os puristas (ou agoirentos, consoante o ponto de vista) já me informaram de todas as mudanças no futuro. O dormir, o bolsar, as constantes conversas sobre cócos...
O meu top 5 de frases que ouvi mais vezes desde que soube a boa nova encontra-se então assim:
5 - Aproveita agora, porque depois...
Ora, aproveito o quê? E depois, o quê? Vou ter um alien em casa a comer pessoas? Vou enfrentar um desafio nunca antes enfrentado por nenhum ser humano?
4 - Somos pró-amamentação...
A escolha da esposa é a de não amamentar (mais posts sobre isto no futuro). No entanto, deparámos com um lobby pró-amamentação. Eu lembro-me dos tempos em que ser pró-aborto era uma coisa feia. Mas, ao que parece, não ser pró-amamentação ainda é pior.
3 - Já está quase.
Sim, já está quase, há quase três meses. Não é preciso continuarem a lembrar-me disso.
2 - Dorme tudo o que tens a dormir agora.
Porque vou deixar de ter uma noite descansada o resto da minha vida, segundo consta. A minha filha irá ficar para sempre com meses, sem nunca envelhecer e sendo um fenómeno da natureza a ser estudado.
1 -  Vais deixar de ter uma vida.
Esta é a que mais me irrita. Ora, se eu estou a criar uma vida (por interposta pessoa), porque raio é que eu vou deixar de ter uma vida. Já pensaram que eu quero mesmo que a minha vida seja sobre esta nova pessoa que aí vem? Que quero ter uma família composta por três pessoas que se amam e se dedicam uns aos outros? Que isto não foi um UPS... que me vem tramar os meus planos de conquista mundial?

Parece-me que preciso é de mudar as pessoas à minha volta...



terça-feira, 30 de setembro de 2014

O sentido da vida ou um prato cheio de tremoços

E o que é que consegui com isto tudo?
Pois, acho que nem eu sei a verdadeira resposta a esta questão. Desde que escrevi aqui pela última vez já passei de ex-fumador a fumador social, usando isto como desculpa para fumar um cigarro por dia. O que significa que as rachas começam a aparecer no meu plano de conquista mundial.
Porquê, pergunta o leitor que vem tirar as teias de aranha deste blog? Porque atingir o zen em Portugal é uma tarefa impossível. Entre os stresses do trabalho e da vida real, os últimos acontecimentos e desgraças que nos atingem diariamente, a sensação que a invasão de zombies nunca mais chega...escolham uma e decidam.
O certo é que esta minha cobardia contribui para o dito zen. A nicotina ingerida naquele momento não serve nem para me encher um álveolo de um pulmão, mas a sensação que obtenho naquele momento equivale a anos de terapia. Por isso é que é tão difícil deixar de fumar. Todos sabemos que aquilo mata. Todos sabemos que é mau. O que toda a gente se esquece é que, depois de 20 anos de hábito de uma coisa, é virtualmente impossível deixarmos de gostar dela assim de repente. Senão, todos os amantes de animais deixavam de consumir carne.
Por isso, insultem-me, chamem-me cobarde, chutem-me nos tintins...eu vou só ali acender um cigarro enquanto o fazem.


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Coisas que mudam uma vida - 3

Claro que deixar de fumar após 22 anos e deixar de comer o que quero depois de 36 anos de hábito tem o seu efeito no cérebro. E não é um efeito bonito de se ver.
Comecei a meditar. A sério, a meditar. Fechar os olhos, ouvir o mar, pensar na vida e essas tretas todas. A calma começou a tomar conta de mim. Pelo menos nos 10 minutos que se seguiam à meditação.
Foi então que fui convencido a ir a uma partilha de Reiki. Sem nada a perder, cedi à tentação que antes me forçava a rir sempre que alguém me falava nessas "terapias".
Não senti nada, não vi a luz, mas acalmei. Mais do que era normal na meditação. Algo ali deveria resultar.
Para quem desconhece o conceito do Reiki, o nosso corpo é um enorme condutor de energia que desalinha se não tiver manutenção. De forma a alinhar essa energia, devemos fazer um tratamento diário. Que, desde já o digo, é uma seca descomunal.
No final do 21.º dia de tratamento, somos iniciados na arte da energia. Ou nunca mais queremos ouvir falar de Reiki. Eu escolha a segunda.
Não digo que foi inútil. Pelo contrário, serviu para me distrair da constante vontade de fumar ou comer. No entanto, voltei à meditação. A calma? Aos pouco vai ficando. Se deixei de fumar, não é este país que me vai tirar do sério.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Coisas que mudam uma vida - 2

Tinha 14 anos quando fumei o meu primeiro cigarro, na típica cena de impressionar os mais velhos. Já nessa altura era um grandioso idiota que julgava que agradar aos outros era a forma de conseguir alguma coisa. E com esse pequeno gesto criei um dos hábitos mais nocivos da minha vida.
Hoje, 22 anos depois, posso dizer que deixei de fumar. 22 anos de consumo derrotados por uma força de vontade que desconhecia ter e pelo cigarro eletrónico. Sim, o cigarro eletrónico foi o segredo por detrás desta vitória. Aquilo resulta mesmo. Nem que seja para mentalizar alguém que nunca quis deixar de fumar.
Novamente, foi a esposa que me meteu nesta aventura. E eu próprio nunca acreditei muito no conceito da coisa. O certo é que funcionou.
Agora, duas semanas depois do meu último cigarro, sinto que a pior parte passou. E nem me apetece matar ninguém. Pelo menos, não devido ao tabaco...

Coisas que mudam uma vida - 1

Uma das grandes alterações na minha vida foi, sem dúvida nenhuma, descobrir a pessoa que estava debaixo do peso que tinha a mais.
Tudo começou como sempre: uma aposta de teimosia entre a minha esposa e eu. Quem é que aguentava mais tempo na dieta dos 31 dias da senhora dos anúncios dos queijos, sem perder a sanidade mental?
Ao fim de uma semana estava 5 quilos menos inchado e com um aspeto mais novo. Pior do que isso, parecia um tipo da IURD a tentar converter todas as pessoas a fazerem o mesmo.
No fim de um mês de tortura, sem comer pão, massas (e se eu gosto de massas), arroz, qualquer coisa com açúcar...enfim, tudo o que nós estamos habituados a comer, dei comigo a fazer o quinto furo no cinto para apertar umas calças que pareciam saídas dos anúncios do antes e depois. E com 17 quilos a menos.
Custou? Nos primeiros dias, um horror. Para o fim, estava mals que habituado a ter como melhor amigo as cenouras em palitos.
Quase três meses e umas férias a comer que nem um alarve, continuo abaixo dos 90. E sinto-me bem, como já não me sentia há muito. Obrigado, senhora dos queijos. Muito obrigado.

domingo, 14 de setembro de 2014

O estado das coisas

Na vida passada deste blogue, o seu autor passava metade da vida a dizer mal do país em que vivia, das suas gentes e do planeta Terra em geral.
Agora, na nova encarnação, o autor, extasiado com as excelentes melhorias na vida do país, as suas gentes e do mundo em geral, deixou simplesmente de escrever.
Muita coisa aconteceu nos últimos tempos na minha vida. E foi esse o motivo que me trouxe de volta à blogaldeia que me viu crescer. Ou isso, ou fico-me por este post. Uma delas...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Eles não sabem que o sonho...

Escrevo isto numa altura da minha vida que poderá ser descrita na minha futura biografia como confusamente idiota.
O caro leitor poderá pensar que eu estou a ser exagerado como é meu costume. Desta vez, porém, estará enganado.
Podia começar aqui a contar todas as minhas agruras e desaventuras pelo mundo do (des)emprego, podia fazer as minhas queixas do estado do (des)governo e do (des)país. Podia relatar o quanto me sinto irado por cada vez menos ter esperança no futuro que se avizinha.
Posso, no entanto, contar uma simples história. Daquelas do "Era uma vez" que terminam sempre com um final feliz, que nos faz olhar para o mundo com outros olhos.
Portanto, era uma vez um homem de 35 anos que estava sentado em frente ao computador a escrever uma história que começava com "era uma vez".
De repente, a sala onde ele está é invadia por zombies. Ele, homem macho e desenrascado, pega em tudo o que lhe vem à mão e consegue matar todos os mortos-vivos que lhe apareceram à frente.
Coberto de sangue e respirando pesadamente, o homem olha para a janela e vê que as ruas estão cheias de zombies. Da sua boca sai apenas uma frase:
- Estava a ver que nunca mais...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Restos de sabonete

Por muito que uma pessoa queira ser optimista, este país é a maior depressão da história. Não basta já estar desempregado, com cada vez menos cabelo e mais barriga, ainda tenho que gramar com todos os arautos da desgraça que pululam pelas notícias.
Eu sei, tal como o blog diz, se não gosto é mudar de canal. Mas isso é complicado quando estou em casa dos meus sogros, onde ver o noticiário ainda é uma tradição antiga. Infelizmente, como todos sabemos, é também a forma mais rápida de nos levar ao suicídio.
Os analistas políticos são um aborrecimento. Tudo está mal e irá ficar pior. Sem dúvida que iremos todos morrer antes da próxima previsão do fim do mundo se continuarmos assim. Já a oposição acha que devemos mudar de rumo (qual, pergunto eu) para que isto vá ao sítio. A mesma oposiçao que nem entre si se entende quer levar isto a um novo rumo? Certo.
O governo, como é claro, acha que isto se resolve já para o ano com uma sandes de courato e uma mini. Ou coisa que o valha. Claro que no meio disto tudo, os seus membros vão aproveitando para perceber o real trambolho que o país mandou e a preparar a sua inscrição para um curso em Paris.
Mas é o povo, meu Deus, é o povo que me irrita solenemente. Porque eu posso desligar as notícias, mas não posso desligar o tipo que está atrás de mim nas filas do IEFP ou até das compras que estou a fazer. Resmungam, criticam e dizem que fazem e acontecem. Que se isto não muda, vão para aqui e para ali, ou, a minha favorita, "Se encontrasse esse cabrão, dava-lhe um tiro nos cornos". Pois bem, meus senhores irados, o parlamento é já ali. Façam favor.
Ah, e já agora, comprem-me gel de banho no caminho, que já estou a usar restos de sabonete para lavar as partes baixas. Desempregado, mas limpinho.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O povo é quem mais ordena?

O povo é quem mais ordena. Sempre que ouvia esta frase pensava em grandes feitos, no 25 de Abril e em todos aqueles que se manifestavam e perderam a vida para que tudo neste país fosse feito de liberdade. O grande problema é que, como todos já percebemos, isto foi a maior mentira que algum dia nos contaram. O povo não manda em coisa nenhuma. É apenas a força laboral e monetária que mantém o país enquanto país...mandar é coisa que não faz.
Quando o PS esteve à frente disto, todos nos martirizámos porque eles fizeram merda. Agora, com o PSD, continuamos na mesma ou pior. Qual foi o "mandamento" do povo? "Mudar de partido a ver se isto melhora". Claramente, foi um mandamento errado. "Não voltarás a cometer os mesmos erros do passado." parecia-me uma melhor escolha. PS->PSD->PS->PSD e assim sucessivamente. Uns pós de CDS lá pelo meio para parecer que existe alguma mudança. Que não existe. Também não será um PCP ou um BE que nos irão salvar. O povo, esse que mais ordena sem nada mandar, terá de se convencer que assim não vamos lá.
Uma coisa é certa. Estas políticas de cortes, austeridades e outras servem apenas para agradar a FMI's e gordas alemãs. O povo nada pode fazer e nada ganha com isso. Aliás, só perde. Perde dignidade, perde justiça, perde emprego, perde dinheiro, perde o direito que foi lutado e adquirido por uma geração que só queria liberdade.
O meu medo é que o povo de Portugal volte em magotes para a rua. Não para pedir liberdade, mas para pedir esmola.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O desemprego

Ora, estar desempregado é algo que é chato. Pelo menos para mim, que não fui educado para ser um parasita da sociedade, tipo político. Mais chato ainda é a forma com que este país lida com os desempregados.
As situações pelas quais passei desde que assumi esta faceta da minha vida davam para escrever um livro. Do tamanho da Bíblia. Em vários volumes.
As filas, meu Deus, as filas. É desumano a quantidade de filas pelas quais passei (e ainda passo) sempre que preciso de resolver alguma coisa no IEFP ou na Seg. Social. Como mudei de residência, já passei por dois centros do dito órgão e as filas estão sempre lá. Sempre. Ao ponto de já ter adoptado o sistema do velhinho no centro de saúde e ir para lá uma hora ou mais antes daquilo abrir. Assim, em vez de ter 200 pessoas à minha frente, tenho só 100.
E as brilhantes conversas que se ouvem enquanto se perdem horas para ser atendido? Um clássico. Desde o velhinho "...no estrangeiro não é nada assim, porque tenho um primo ná França..." ao típico "´...isto é tudo uma cambada de gatunos, chupistas,...", tudo se ouve durante esta tortura.
Mas nem é este o meu aspecto favorito da coisa. O melhor são as apresentações quinzenais. Os desempregados têm de passar por um processo que nem os prisioneiros em condicional passam em Portugal. Apresentarem-se a cada quinze dias numa junta de freguesia ou coisa que o valha. Para quê? Ninguém sabe ao certo. Claro que estamos a falar de mais filas para nos entretermos com as conversas alheias.
Também já passei pelas sessões de esclarecimento. Várias. Que me esclareceram de uma coisa óbvia. O IEFP não está preparado para licenciados desempregados. Pior, não está preparado para professores desempregados. À pergunta "Essa medida aplica-se a licenciados?", invariavelmente ouvi a resposta "Não.". Mais tempo perdido, mais umas conversas da treta acumuladas.
No meio disto tudo, pergunto-me: "Mas o IEFP não serve para arranjar emprego aos desempregados?". Não. Perdi horas em filas para tratar de papéis, perdi horas em sessões de esclarecimento, apresento-me a cada quinze dias para justificar um subsídio que demorou três meses a ser aprovado, mas ainda não recebi uma única proposta de emprego desde que me inscrevi. Nada.
O que torna tudo isto simples de perceber. Se eu não mexer o meu bonito rabo para me safar, não serão estes senhores a fazê-lo por mim. A não ser que envolva filas...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

2012-2013

Mais uma vez, este amigo ficou ao abandono. A vida pregou-me umas rasteiras valentes no final de 2012, o que fez com que não tivesse paciência para escrever fosse o que fosse aqui.
Hoje, ao ler um post absolutamente extraordinário da Quadripolaridades, apercebi-me que o Blogger, o meu psicólogo gratuito, está ainda aqui para me permitir desabafar com o mundo.
O ponto mais baixo de 2012 foi o desemprego (que ainda se mantém). Não contava ser posto de parte da maneira que fui. Não esperava um ano sem dar aulas, uma vida sem ter nada que fazer. Pela primeira vez em 35 anos, estou parado em casa.
No início, passei pela questão da "depressão" e da melancolia. Coitado do Vitinho, que é tão bom e bonitinho. Depois espetei um estalo a mim próprio e reagi. Não é o fim do mundo. Por enquanto...
Tive muitas coisas boas. Mudei de casa. Deixei o meu apartamento citadino, rodeado de cimento, betão e assaltos, para um apartamento campestre, rodeado de sol, verde e silêncio (tirando o raio dos cães da vizinhança que não se calam). Descobri novos interesses (nada sexual) com os quais ocupo os meus dias de desempregado. Também descobri um sistema absolutamente absurdo com que o IEFP gere os desempregados, mas isso ficará para outros posts. Mais importante, continuo casado com a mulher mais linda, compreensiva, apoiante (?), inteligente e talentosa que o mundo já conheceu. Tem sido nela que me apoio todos os dias para não deixar que a loucura do excesso de tempo livre me afecte.
Hoje, 4 de Janeiro, faço anos. Sinto-me como seria de esperar que uma pessoa com 35 anos desempregada se sente neste momento: um futuro incerto pela frente. No entanto, sinto-me confiante. Não sei porquê. Honestamente, não tenho razões nenhumas para tal. Acredito que o futuro seja melhor, que finalmente se abra a porta que mude de vez a minha vida. Não sei. Mas acredito.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Portugal, um país de machos

Sempre tive um grave problema em me afirmar como macho. Apesar de ter um metro e quase noventa, barba rija, pouco cabelo e uma barriga de fazer inveja a muito GNR, nunca consegui passar a imagem de macho.
"E o que interessa isso?" - perguntam os jovens leitores que ainda não tiveram um contacto com o país que nos rodeia. Tudo, quando vamos a uma oficina.
Sempre me stressou ir a uma oficina. Eu posso dizer que prefiro ir arrancar dentes, enquanto me queimam os testículos com ferros em brasa e me cortam as unhas com um aparador de relva, do que ir a uma oficina. Aquilo é sítio para tresandar a testosterona e outros fluídos emanados pelo corpo humano. E eu sou um bocado avesso a esses espaços.
Depois, vem toda uma questão de conversas. Enquanto esperamos pelo atendimento, fala-se de coisas machas: touradas, futebol, gajas e diz-se mal dos políticos. Ora, não gosto de touradas e acho aquilo um espectáculo bárbaro e medieval. Não gosto de futebol, porque acho que pagar balúrdios a 11 manos que sabem correr atrás de uma bola é um bocado vá...estúpido. Gajas até gosto, mas sou casado e acho que falar de outras mulheres é uma certa forma de traição. Dizer mal dos políticos...nessa sou um perito, mas não consigo abordar a questão, porque há sempre uma conversa de bola, tourada ou gajas.
Quando finalmente sou atendido, começa a humilhação:
- Então, o que tem o carro?
- É aquela peça ali, que está a fazer um barulhinho e que não me permite fazer coisas que o carro faz.
- Portanto, o motor...
E nesse momento, junta-se à minha volta um monte de mecânicos que se riem apontando para mim, o parolo que não sabe o nome das peças do carro. (pelo menos, isso acontece no meu cérebro, já de si poluído pelos fumos e pela testosterona)
Hoje perdi 90 minutos da minha vida a identificar a peça do carro que não funcionava antes de ir à oficina. E descobri que o meu "amortecedor de tampa" (aquela coisa que faz com que a porta traseira abra e fique aberta sem nos bater na cabeça) estava avariado. Chego de peito firme à oficina, sobrevivo à conversa da bola (por sorte ouvi na rádio que Portugal ganhou e deu para meter o comentário: "Então, e Portugal, hã?"), dirijo-me estoicamente ao mecânico e digo, que nem o macho que sou:
- Preciso que me troque os amortecedores de tampa! - enquanto bato com a mão de forma macha no balcão e espero a ovação de pé dos mecânicos.
- E qual é o carro? - diz o mecânico, indiferente ao meu odor de macho.
- Um Corsa. - MACHO!
- De que tipo?
- FDX...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cenas dos capítulos anteriores...

Bom, considerando que deixei esta coisa ao abandono, as duas pessoas que ainda perdiam a sua juventude a ler este blog ficaram sem novidades da minha pessoa. Por isso cá vai, em jeito de recap das séries amaricanas:
1 - O meu cabelo continua teimosamente a cair. É um facto. Não sei porquê, eu não lhe fiz mal nenhum, no entanto...
2 - Descobri que a pele humana é verdadeiramente fascinante. Que é como quem diz, tenho uma nova micose, ou alergia, ou eczema, ou lá o raio. E para todos aqueles que ficaram com a imagem do meu escroto na cabeça, não é aí. E o meu escroto é muito mais bonito do que isso que vocês imaginaram.
3 - Ainda não desmembrei nem assassinei nenhum aluno. Por muita vontade que tenha, lembro-me das famosas palavras do Confúcio: "A prisão alarga o ânus."
4 - A minha mulher continua a  merecer um Nobel da paciência, pois ainda me dá amor todos os dias. Claro que eu reclamo que eu queria mesmo era "o amor" todos os dias, mas ela chama-me nomes e vira-me costas. Tudo uma questão de Zen.
5 - Estou cada vez mais um velho rabugento, daqueles que gostam da mantinha pelas pernas num Sábado à noite e que reclama porque não dá nada de jeito no televisor. E irritam-me as pessoas que têm uma vida social, porque "nos meus tempos não havia esta pouca vergonha".
6 - Como já deu para perceber, ignoro um bocadinho o Acordo Ortográfico. A minha mãe sempre me disse que eu tinha a mania de contrariar.
7 - Ganhei o hábito de fazer listas com números a ilustrar aspectos da minha vida.
8 - A minha gata está com o cio há uns bons três meses. É provavelmente a badalhoca mais oferecida que eu já conheci...tirando algumas colegas de trabalho.

Podia continuar eternamente, mas preciso de guardar temas, porque isto de fechar blogs duas vezes no mesmo ano é capaz de criar brotoeja e já me basta a micose que tenho no...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Pior que o Dino Meira...

Olá, o meu nome é Vitor. Sou um blogólico anónimo.
Sinto saudades deste espaço. Sinto vontade de o reabrir, de partilhar com o mundo as experiências e as idiotices que sucedem na minha vida. Sinto saudades de comentários e de me sentir lido.
Por muito que me tenha separado deste cantinho, existe sempre uma força invisível a arrastar-me para aqui, a esbofetear-me e a dizer: "Deixa de ser larilas e escreve alguma coisa!". Ora, eu não gosto de ser tratado pelo meu nome do meio, por isso resolvi voltar, limpar o pó à casa e aspirar os pêlos dos gatos (raio de mania de se deitarem em cima do blog).
Preparem-se para mais relatos cheios de emoç...interes...coisas!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

De maneiras que...

Ora, de maneiras que a vida adulta, a falta de tempo, o Facebook e tudo, e tudo, acabaram com o que foi um bom projecto. Este blog encontra-se defunto, moribundo nas suas palavras passadas, à espera do coro invisível que o leve para outro mundo.
Por isso, aqui fica o fim de um sonho, de um conto, de uma parte da minha vida. A todos os que acompanahram isto desde o início, o meu obrigado. Aos restantes, que vierem parar aqui por pesquisas de pornografia, ide masturbar-se para outro espaço.

Beijos e abraços

P.S. - Eu sei que vou voltar, mas pronto...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Como eu gosto de instituições bancárias...

Vou iniciar hoje uma série de relatos de certos e determinados eventos que me foram acontecendo ao longo deste ano. Algumas já datam de há largos meses, outras são mais recentes e eu gostava que nenhuma me tivesse acontecido.
A primeira aconteceu há cerca de três meses, e só teve conclusão há alguns dias. Tudo começa num belo dia em que me dirijo ao multibanco e descubro que o meu cartão não funciona. Segundo a informação na máquina, não podia "efectuar operações". Telefonei para o banco e informaram-me que suspeitavam de fraude com os dados de cartão e que o mesmo estava na LISTA NEGRA. Ora, eu que até sou uma pessoa compreensiva, aceitei a justificação de que eu estava na lista negra de alguém e segui o meu caminho. Isso e o facto de ter um segundo cartão no nome da esposa que nunca utilizamos. Pego no cartão, todo feliz e contente, e dirijo-me ao multibanco mais próximo. Mas, qual não é a minha surpresa quando vejo a mesma informação no écran da coisa. Volto a ligar para o banco e, desta vez, não sou assim tão compreensivo como da primeira vez. Voltam-me com a conversa da LISTA NEGRA e coiso e tal. Peço soluções e eles dizem-me que vá a um banco e peça uns cartões novos, que isto até é rápido e tal e o banco até suporta os custos.
Assim foi, fui a um banco e pedi um cartãozinho novo. E disse que até tinha uma certa urgência. E eles disseram-me que a urgência se pagava. E eu deixei de ter urgência. Eles disseram-me que, no máximo, sete dias e já tinha o cartão na mão. E agora, faço o quê? perguntei eu. Agora, peça uma caderneta. Uma caderneta? Mas isso não é aquela cena em papel que os velhinhos usam? Sim, mas é a única forma que tem para levantar dinheiro. Então está bem, que remédio. Mas o único sítio onde isto funciona é a 12km da sua casa. Portanto, sempre que quiser ir levantar dinheiro...(isto foi o meu momento Saramago).
Como eram só sete dias NO MÁXIMO, eu fui na conversa. Um mês e meio depois, telefonei com ainda menos paciência para o banco a passar-me totalmente da cabeça com a situação. E fui informado que isto era uma situação anormal (com o qual eu concordei) e que tinham sido MILHARES de cartões cancelados, por isso isto estava a demorar um pouco mais que o normal. UM POUCO MAIS!
Os cartões lá chegaram e eu mandei emoldurar a caderneta numa daquelas molduras que diz "Quebrar em caso de emergência". Nunca se sabe...

domingo, 3 de julho de 2011

Orgulho

"Ser professor é mais do que ensinar. É ser-se uma influência positiva nas vidas de todos os que nos passam pelas mãos." Ouvi esta frase ao longo do curso várias vezes. E sempre pensei que seria algo fácil, considerando quem pensava que era.
Com os anos descobri que não é assim tão fácil. Fazer com que eles percebam que tudo o que fazemos é para que eles se tornem pessoas melhores. Que se tornem seres pensantes e responsáveis. Acabo sempre por ser encarado como o professor chato e exigente, que pede demais deles.
Hoje ganhei novamente a fé de que isso é possível. Tudo devido à minha Maria. A MELHOR PROFESSORA DE SEMPRE! Digam-me o que disserem. O que vi hoje, duas semanas depois do fim das aulas, foi algo que julguei perdido para sempre na educação. Ela conseguiu reunir pais, professores e alunos num encontro informal, em que todos manifestaram a falta que ela lhes vai fazer. Não pelo politicamente correcto. Não pelo ficar bem. Porque o sentiam mesmo. Lágrimas e tudo lá pelo meio. Pais que ainda são pais a sério a agradecerem o trabalho que ela teve um ano inteiro. Alunos que olham para ela com um orgulho, como que a dizer: "Esta foi a minha DT!".
E eu, um simples professor, que olhava com uma inveja tremenda para ela. E eu, um simples marido, que se orgulha cada vez mais de a ter como mulher.

domingo, 15 de maio de 2011

Violação

Ora, todo o país sabe que está em crise. Apesar de ainda não ter percebido qual foi o motivo da mesma, considerando que o PS já está à frente nas sondagens. O problema é que, após uma análise profunda por parte dos investigadores deste blog, cheguei à conclusão que existe mais do que uma crise em Portugal.
Profundamente afectado desde o 25 de Abril, Portugal mergulha de crise em crise. Se não é uma crise financeira é a constante crise de valores que nos afecta. O problema é que quando maior for a crise financeira pior é a falta de valores. A criminalidade aumenta, o sentimento de impunidade parece maior, o respeito pelo outro é apenas um chavão que fica bem. Portugal, país do deixa andar, do está tudo bem, do logo se vê, continua a permitir que o seu povo fique estúpido, mal educado e, pior que tudo isto, inocente de qualquer acto que vá contra o que deveriam ser leis instituídas.
E quando esse acto vai efectivamente contra as leis instituídas? Temos a justiça do nosso lado? Temos um colectivo de pessoas que estudou para defender a nossa integridade, a trabalhar para que o culpado seja tratado de forma conveniente? Ou a crise de valores já afectou até este grupo?
O caso da mulher grávida que foi violada pelo seu psiquiatra,  João Vasconcelos Vilas Boas, é o verdadeiro indício que nem na justiça já podemos confiar. Como é que alguém viola uma mulher e sai impune? Eu ficava-me por aqui. Mas este caso é retorcido em pormenores. A mulher estava grávida de oito meses, a mulher consultava-o porque estava perturbada, a mulher recusou o sexo, a mulher disse NÃO, a mulher foi violada. Pior, ele admitiu que o tinha feito e confirmou a versão da mulher. E mesmo assim, mesmo depois de tudo isto, ele sai em liberdade. ELE SAI EM LIBERDADE! Isto é uma prova de incompetência total da justiça. De falência de valores e costumes e de tudo o que consideramos como justo.
"Para o colectivo de juízes, o arguido não cometeu o crime de violação, porque este implica colocar «a vítima na impossibilidade de resistir para a constranger à prática da cópula». Diz o acórdão que para que tal acontecesse era preciso que «a situação de impossibilidade de resistência tivesse sido criada pelo arguido, não relevando, para a verificação deste requisito, o facto de a ofendida apresentar uma personalidade fragilizada»." pode ler-se no jornal SOL.
Fica um pensamento: Se algum dia isto acontecer a alguém que amo, eu mato o arguido. E depois justifico o crime com o facto de não ter colocado "a vítima na impossibilidade de resistir ".

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Teorias de conspiração

Cada vez mais acontecem coisas neste país que ninguém consegue explicar. Desde tolerâncias de ponto em situação de crise, a patrões chantagearem funcionários para trabalhar no Dia do Trabalhador, apelos ao voto em branco, demissões de responsabilidades por partidos políticos, manifestações, greves e tudo e tudo.
Ora, com os senhores da Troika em Portugal, tudo parece ser válido. Até o facto da TVI, esses grandes fazedores de saber cultural, usarem a palavra Troika para descrever a combinação de "granizo, chuva e frio". Uns cómicos, sem dúvida.
O que me preocupa não é o amanhã, quando os senhores do FMI e companhia lançaram a sua rede sobre o país. O que me preocupa, perturba e enfurece é a esta fase, sem dúvida a favorita dos portugueses: o diz que disse. Diz que o FMI vai pagar os subsídios em certificados de aforro. Diz que o FMI vai demitir 20% da Função Pública. Diz que o FMI vai converter a água da chuva em combustível. Diz que o FMI vai sacrificar dez virgens para apaziguar os deuses da Europa. A sério, já se calavam.
Se eu e qualquer português que ainda utilize o cérebro pensarem um pouco, chegam a uma conclusão: a única coisa que o FMI já disse mesmo foi que este país foi governado sucessivamente por um bando de idiotas, mimados, egoístas e irresponsáveis. (Não foram bem estas palavras, mas eu tenho problemas de memória. ) Então, serão assim os portugueses tão burros que vão votar no mesmo político (chamar-lhe isto é um insulto a tantas pessoas) que afundou de vez o país com obras titânicas e birras descomunais? Segundo consta, segundo as últimas sondagens, parece que sim. Que os portugueses não aprendem mesmo nada com a experiência. E, de fonte segura, sei que é verdade, porque diz que o FMI fez uma sondagem...

sábado, 16 de abril de 2011

Deixei de acreditar em fadas.

Hoje foi inaugurado o trajecto que faltava à CRIL. Um projecto com 33 anos concluído numa altura em que o FMI diz que o país se fartou de gastar dinheiro em obras desnecessárias. Não que isso seja o tema deste post.
Ao ler notícias sobre esta inauguração nos jornais online, dei-me ao trabalho de ler os comentários. E, em vez de criticarem os sucessivos governos que adiaram a obra, o dinheiro mal gasto, o trajecto com defeitos e falhas óbvias para os moradores...nada disso! Uma autêntica guerra entre Norte e Sul devido ao pagamento de portagens. Do Norte queixam-se que pagam SCUT's e portagens, no Sul queixam-se das pontes e dos acessos a Lisboa. E assim começa uma troca de acusações de parte a parte, algumas com sentido, outras nem por isso.
Como esperam que este país chegue a algum lado? Somos um país pequeno em dimensão que continua cheio de mini-fronteiras dentro de si. Onde as pessoas só querem viver rodeados dos seus. Onde o clubismo e o bairrismo são mais fortes que o orgulho nacional.
Já afirmei isto tantas vezes: os grandes culpados do estado deste país não são os seus governantes, mas sim o povo. Um povo que acumula defeitos e ignora qualidades. Um povo que luta por um campeonato de futebol como se não houvesse amanhã, mas não sabe lutar pelos seus direitos. Um povo que grita pelas ruas apenas quando as injustiças lhes tocam directamente. Um povo que sabe criticar, mas não sabe solucionar.
Enfim, um povo que merece o que lhe está a acontecer.