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domingo, 14 de setembro de 2014

O estado das coisas

Na vida passada deste blogue, o seu autor passava metade da vida a dizer mal do país em que vivia, das suas gentes e do planeta Terra em geral.
Agora, na nova encarnação, o autor, extasiado com as excelentes melhorias na vida do país, as suas gentes e do mundo em geral, deixou simplesmente de escrever.
Muita coisa aconteceu nos últimos tempos na minha vida. E foi esse o motivo que me trouxe de volta à blogaldeia que me viu crescer. Ou isso, ou fico-me por este post. Uma delas...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Restos de sabonete

Por muito que uma pessoa queira ser optimista, este país é a maior depressão da história. Não basta já estar desempregado, com cada vez menos cabelo e mais barriga, ainda tenho que gramar com todos os arautos da desgraça que pululam pelas notícias.
Eu sei, tal como o blog diz, se não gosto é mudar de canal. Mas isso é complicado quando estou em casa dos meus sogros, onde ver o noticiário ainda é uma tradição antiga. Infelizmente, como todos sabemos, é também a forma mais rápida de nos levar ao suicídio.
Os analistas políticos são um aborrecimento. Tudo está mal e irá ficar pior. Sem dúvida que iremos todos morrer antes da próxima previsão do fim do mundo se continuarmos assim. Já a oposição acha que devemos mudar de rumo (qual, pergunto eu) para que isto vá ao sítio. A mesma oposiçao que nem entre si se entende quer levar isto a um novo rumo? Certo.
O governo, como é claro, acha que isto se resolve já para o ano com uma sandes de courato e uma mini. Ou coisa que o valha. Claro que no meio disto tudo, os seus membros vão aproveitando para perceber o real trambolho que o país mandou e a preparar a sua inscrição para um curso em Paris.
Mas é o povo, meu Deus, é o povo que me irrita solenemente. Porque eu posso desligar as notícias, mas não posso desligar o tipo que está atrás de mim nas filas do IEFP ou até das compras que estou a fazer. Resmungam, criticam e dizem que fazem e acontecem. Que se isto não muda, vão para aqui e para ali, ou, a minha favorita, "Se encontrasse esse cabrão, dava-lhe um tiro nos cornos". Pois bem, meus senhores irados, o parlamento é já ali. Façam favor.
Ah, e já agora, comprem-me gel de banho no caminho, que já estou a usar restos de sabonete para lavar as partes baixas. Desempregado, mas limpinho.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O desemprego

Ora, estar desempregado é algo que é chato. Pelo menos para mim, que não fui educado para ser um parasita da sociedade, tipo político. Mais chato ainda é a forma com que este país lida com os desempregados.
As situações pelas quais passei desde que assumi esta faceta da minha vida davam para escrever um livro. Do tamanho da Bíblia. Em vários volumes.
As filas, meu Deus, as filas. É desumano a quantidade de filas pelas quais passei (e ainda passo) sempre que preciso de resolver alguma coisa no IEFP ou na Seg. Social. Como mudei de residência, já passei por dois centros do dito órgão e as filas estão sempre lá. Sempre. Ao ponto de já ter adoptado o sistema do velhinho no centro de saúde e ir para lá uma hora ou mais antes daquilo abrir. Assim, em vez de ter 200 pessoas à minha frente, tenho só 100.
E as brilhantes conversas que se ouvem enquanto se perdem horas para ser atendido? Um clássico. Desde o velhinho "...no estrangeiro não é nada assim, porque tenho um primo ná França..." ao típico "´...isto é tudo uma cambada de gatunos, chupistas,...", tudo se ouve durante esta tortura.
Mas nem é este o meu aspecto favorito da coisa. O melhor são as apresentações quinzenais. Os desempregados têm de passar por um processo que nem os prisioneiros em condicional passam em Portugal. Apresentarem-se a cada quinze dias numa junta de freguesia ou coisa que o valha. Para quê? Ninguém sabe ao certo. Claro que estamos a falar de mais filas para nos entretermos com as conversas alheias.
Também já passei pelas sessões de esclarecimento. Várias. Que me esclareceram de uma coisa óbvia. O IEFP não está preparado para licenciados desempregados. Pior, não está preparado para professores desempregados. À pergunta "Essa medida aplica-se a licenciados?", invariavelmente ouvi a resposta "Não.". Mais tempo perdido, mais umas conversas da treta acumuladas.
No meio disto tudo, pergunto-me: "Mas o IEFP não serve para arranjar emprego aos desempregados?". Não. Perdi horas em filas para tratar de papéis, perdi horas em sessões de esclarecimento, apresento-me a cada quinze dias para justificar um subsídio que demorou três meses a ser aprovado, mas ainda não recebi uma única proposta de emprego desde que me inscrevi. Nada.
O que torna tudo isto simples de perceber. Se eu não mexer o meu bonito rabo para me safar, não serão estes senhores a fazê-lo por mim. A não ser que envolva filas...